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ONU se diz preocupada com uso de forças armadas para combate ao crime no RJ

Operação do Exército na Vila Kennedy, zona oeste do Rio - Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Operação do Exército na Vila Kennedy, zona oeste do Rio Imagem: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil

07/03/2018 16h06

O alto comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, demonstrou nesta quarta-feira (7) preocupação com o uso de forças armadas para o combate ao crime em geral e citou especificamente a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro.

"No Brasil, eu estou preocupado com a recente adoção de um decreto que dá a forças armadas autoridade para combater o crime no estado do Rio de Janeiro e colocam a polícia sob o comando do Exército", disse Hussein ao discursar na 37ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça.

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No dia 16 de fevereiro, o presidente Michel Temer assinou decreto nomeando o general Walter Souza Braga Netto interventor na segurança pública do estado do Rio. O texto concedeu plenos poderes para o general atuar em todo setor de segurança fluminense, ou seja, as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros Militar.

Zeid Al Hussein disse que Forças Armadas não são especializadas em segurança pública e investigação e pediu que o governo garanta o respeito aos direitos humanos.

"Peço ao governo para garantir que as medidas de segurança adotadas respeitem os parâmetros de direitos humanos e que medidas efetivas sejam adotadas para evitar filtragem racial [seleção de suspeitos com base na cor de pele] e a criminalização dos pobres".

O alto comissário falou sobre a instalação de observatórios para acompanhar a intervenção e ressaltou a importância da participação da sociedade civil. Em seu discurso, o Hussein falou sobre a situação dos direitos humanos em vários países.