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Homem morre baleado durante operação do Bope na Rocinha

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

26/03/2018 08h48Atualizada em 26/03/2018 16h26

Um homem morreu após ser baleado na manhã desta segunda-feira (26) na favela da Rocinha, zona sul do Rio, durante uma operação de policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais). Segundo a polícia, o suspeito morto estava com um fuzil calibre 5,56, que foi apreendido.

O confronto entre policiais e bandidos começou na localidade conhecida como 199.

A operação acontece dois dias depois de oito pessoas morrerem na favela durante uma ação do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Durante o confronto desta segunda, uma professora de um Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) na Rocinha gravou um vídeo dos alunos se abrigando dos tiros no corredor da escola. As imagens mostram crianças do Ciep Bento Rubião assustados e encostados nas paredes.

No vídeo, a professora comenta a situação de violência na comunidade. "Mais uma vez a gente aqui, na Rocinha, com as crianças no corredor, sem aula. A gente tentando sobreviver a essa guerra, refletindo sobre a eficácia do discurso sobre a intervenção federal, refletindo sobre a violência na comunidade. Uma pena, um absurdo", disse a professora.

Na gravação, é possível ouvir sons de tiros. "Estamos numa escola", enfatizou ela.

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Na página Rocinha em Foco, que divulga informações na comunidade, um post mencionava como amanheceu a favela nesta manhã. "Mais uma semana se inicia e com ela mais um dia agitado por aqui. Moradores acordaram sob barulhos de fogos e tiros."

Na publicação, uma moradora lamentou a violência frequente na comunidade: " Assim não dá, a gente sai e não sabe se pode voltar, as crianças têm risco até de ir ao colégio. Não dá mais. Quando vão ver que aqui não tem só bandidos, tem famílias, idosos, crianças deficientes, não podemos pagar por isso", comentou uma das moradoras.

7 dos 8 mortos do sábado já foram identificados

No sábado (24), segundo a versão da PM, seis pessoas foram encontradas baleadas e encaminhadas ao Hospital Miguel Couto, na zona sul, onde morreram. Posteriormente, outros dois corpos foram encontrados em uma passarela na favela. Nenhum policial militar ficou ferido na operação. Sete mortos foram identificados.

As mortes estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios do Rio (DH). Dez policiais militares foram ouvidos. As armas dos PMs envolvidos no tiroteio foram apreendidas e passarão por exames de balística.

Duas mortes em tiroteio há três dias

Na noite da última quarta-feira (21), um policial militar e um morador da Rocinha morreram após serem baleados em um confronto entre traficantes e policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da região.

O serviço Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 5.000 por informações que levem aos assassinos do PM Felipe de Mesquita. O telefone é (21) 2253-1177.

Rocinha tem 52 mortos desde setembro, diz PM

Desde o reforço policial na comunidade, que começou no dia 18 de setembro do ano passado, após disputa de traficantes de drogas de facções rivais, 52 pessoas morreram na região
Segundo a PM, entre os mortos estão 48 criminosos, dois policiais, um morador e um turista espanhola que visitava a comunidade. Outros dez moradores ficaram feridos.

Ainda de acordo com a PM, 105 pessoas foram presas, 22 menores foram apreendidos.

Também foram apreendidos 39 fuzis, três submetralhadoras, seis espingardas calibre 12, 65 pistolas, cinco simulacros de fuzis, três simulacros de pistola, 71 granadas/artefatos explosivos e mais de duas toneladas de drogas foram recolhidas.