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Jovem com deficiência sai de hospital para desfilar no Chama o Síndico

Amanda Sucupira (esq), jovem com a rara síndrome de Goldenhar, desfila no bloco Chama o Síndico, em BH, apoiada pela mãe - Miguel Arcanjo Prado/UOL
Amanda Sucupira (esq), jovem com a rara síndrome de Goldenhar, desfila no bloco Chama o Síndico, em BH, apoiada pela mãe Imagem: Miguel Arcanjo Prado/UOL

Miguel Arcanjo Prado

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

03/03/2019 10h53

"Você vai me ver desfilar?", pergunta Amanda Sucupira, de 20 anos, ao repórter do UOL neste domingo ensolarado, na concentração do bloco Chama o Síndico, em Belo Horizonte.  Amanda tem a Síndrome de Goldenhar, rara doença genética que afeta o crânio, os olhos e as vértebras.

"Ela foi a primeira a ser diagnosticada com Goldenhar em Belo Horizonte", conta a mãe, a dona de casa Berlice Sucupira, de 58 anos, moradora do bairro Aparecida. 

Do hospital para o bloco

Ela revela que quem vê o ânimo de Amanda nem imagina que horas antes a jovem estava internada. "Ela estava muito nervosa e precisei internar, mas pedi o médico para liberá-la para o desfile. Ele deu o aval e estamos aqui", fala.

Esta é a segunda vez que Amanda sai no bloco Chama o Síndico. "Amei trazê-la no ano passado e enquanto puder vou vir com ela. Eu nasci no Carnaval, e ela, no Ano-Novo. Então, a gente gosta de festa", explica. "Este ano ela vai dançar", comemora Berlice.

Carnaval é um lugar para quebrar preconceitos. É lugar de encontro, de reunião, de força. As pessoas excluem quem tem algum tipo de deficiência. Sofro isso na minha própria família. Isso não pode. Precisamos dar amor a todas as pessoas, sobretudo às que são diferentes da gente. Berlice Sucupira

Carnaval inclusivo

Pela primeira vez o bloco fundado pelos músicos Matheus Rocha e Nara Torres sai em frente ao estádio do Mineirão, na região da lagoa da Pampulha, em seu oitavo Carnaval ao som de Tim Maia e Jorge Ben Jor.

Amanda é uma entre os mais de cem pessoas com com algum tipo de deficiência que foram inseridas no bloco Chama o Síndico por meio do projeto Sindicato Inclusivo, coordenado pelo músico Bruno Cunha Titi.  Este ano participam do desfile instituições como a Apae Neves, Essencial, Despertar, Dia a Dia e Superar, nas alas de dança e percussão.

Patricia Rocha, uma das instrutoras do projeto, conta ao UOL que o objetivo é "proporcionar a inserção social dentro da perspectiva da inclusão". E complementa: "Nosso lema é realizar de fato a inclusão das pessoas com deficiência no Carnaval".

Pelo jeito, o destaque na folia traz alegria e levanta a autoestima. "Quando eu desfilo parece que eu vou explodir de tanta alegria", define Amanda, antes de garantir a presença do repórter na plateia: "Você vai me ver desfilar?".

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