"Mar vermelho" por Maduro paralisa centro de Caracas no último dia de campanha
Nesta quinta-feira (11), último dia da campanha presidencial na Venezuela, o candidato governista Nicolás Maduro convocou seus eleitores, ou seja, todos os chavistas, a lotarem as ruas do centro de Caracas, em uma grande marcha que culminaria em um discurso em um palanque montado no fim da avenida Bolívar.
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A data escolhida também é bastante emblemática para os chavistas, já que foi em um 11 de abril, em 2002, que Hugo Chávez sofreu um golpe de Estado.
Desde o começo da manhã, os chavistas fizeram exatamente aquilo que o “filho de Chávez”, como Maduro é chamado na Venezuela, mandou. Às 7h, já era possível ver vários grupos vestidos de vermelho, caminhando pela cidade rumo ao centro.
O trânsito da cidade, sempre carregado, foi caótico durante todo o dia, com a interdição de várias ruas no centro.
Por volta das 12h, boa parte do centro estava tomado pelo “mar vermelho” que dançava, gritava palavras de ordem e, principalmente, cantava jingles de campanha. Quem não vestia vermelho, trazia as cores da bandeira venezuelana em chapéus, bonés ou em um bracelete, como aqueles usados por capitães de times de futebol.
O candidato da aliança governista nesta eleição é Maduro, mas o ex-presidente Hugo Chávez, que morreu há pouco mais de um mês, é onipresente no evento. Existem muito mais camisetas com o rosto de Chávez do que com o do atual candidato.
Os jingles antigos de campanhas de Chávez, como o do ano passado que dizia “Chávez coração do povo”, são os mais cantados pelos chavistas.
É possível perceber a presença de Chávez na campanha de Maduro quando se ouve o jingle mais popular de Maduro nesta campanha, que nada mais é do que uma música de campanha de Chávez adaptada: “Chávez para sempre, Maduro presidente; Chávez eu te juro, meu voto é pro Maduro”.
Dentro das estações de metrô, os chavistas já faziam festa. A impressão era a que estava se chegando em um estádio de futebol, tamanho o número de buzinas e vuvuzelas. O luto por Chávez, aparentemente, já acabou. Um cartaz no meio do povo já dizia: “Chávez não morreu, se multiplicou”.
Além da letra dos jingles na ponta da língua, o discurso dos chavistas era também muito bem ensaiado. Quando são perguntados sobre o motivo pelo qual vão votar em Maduro, a resposta mais ouvida é “pela continuação do legado de Chávez”.
Foi isso que disse o engenheiro mecânico Gustavo Suarez, 42. Ele preparou um bem-humorado cartaz com o rosto do candidato oposicionista Henrique Capriles, em que o anti-chavista dizia que também votaria em Maduro.
Suarez saiu cedo de Los Teques, cidade próxima a Caracas, e, curiosamente, capital do Estado de Miranda, onde Capriles governa.
Para o engenheiro, Chávez tinha um plano para o país. “Com Maduro, temos a certeza de que este plano para a pátria vai continuar. Garanto que ele fará um governo muito bom, senão melhor ainda que o de Chávez”, disse.
Martha Barrientos, 39, trouxe seus dois filhos, ambos com os rostos pintados com um coração e com as cores da bandeira da Venezuela. Para a caraquenha, é importante que as crianças aprendam a dar valor à política.
“Elas precisam saber que, se um dia forem à universidade, foi por causa do Chávez. E Maduro vai continuar este legado”, afirmou, repetindo o discurso ouvido por diversas vezes nesta quinta.
Capriles também lotou Caracas, mas no domingo
No último domingo (7), o oposicionista Nicolás Maduro também reuniu dezenas de milhares de pessoas pelas ruas de Caracas. Na ocasião, foram para o evento pessoas que estão insatisfeitas com o chavismo.
"Nicolás não é Chávez. Capriles é a solução para os problemas deste país. As lideranças não se herdam, se constroem. E eu construí isso", disse Capriles durante a marcha.
"Hoje as ruas de Caracas se encheram de alegria, de esperança. Hoje as ruas de Caracas confirmaram o que acontecerá no próximo domingo", disse o candidato de oposição ao chavismo na ocasião.
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