Suspeito de atentado em Boston é acusado formalmente pelo ataque
A Casa Branca afirmou nesta segunda-feira (22) que Dzohkhar Tsarnaev, 19, será indiciado formalmente pela Corte Federal dos Estados Unidos pelo ataque à Maratona de Boston ocorrido há uma semana e responderá por uso de arma de destruição em massa. Dzohkhar será julgado como civil e não por um tribunal militar como combatente inimigo do país, disseram as autoridades.
“Ele não será tratado como combatente inimigo”, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. Isso porque cidadãos norte-americanos (os irmãos eram naturalizados) não podem ser julgados em comissões militares, segundo a Constituição dos Estados Unidos.
Vários senadores republicanos, entre eles John McCain, Lindsey Graham e Kelly Ayotte, pediram que o governo detenha Tsarnaev, que é um cidadão americano naturalizado, como um "combatente inimigo". Isto daria a ele o mesmo status dos presos em Guantánamo. Mas o senador democrata Carl Levin, presidente do Comitê do Senado de Serviços Armados, afirmou que não há "base legal" para isto, pois Tsarnaev não faz parte nenhum grupo organizado.
Saiba mais sobre os russos suspeitos dos ataques em Boston
Os dois suspeitos apontados pelo FBI como responsáveis pelas explosões da Maratona de Boston foram identificados como sendo os irmãos Dzhokhar A. Tsarnaev, 19, e Tamerlan Tsarnaev, 26. Os dois são russos, provenientes de uma região próxima à Tchetchênia, e residentes legais nos Estados Unidos há no mínimo um ano.
Segundo reportagem do BBC, a Suprema Corte dos Estados Uidos nunca definiu se cidadãos americanos ou estrangeiros detidos em solo americano podem ter presos e julgados por autoridades militares.
Sobre as acusações que Dzohkhar pode enfrentar, a maioria dos especialistas acredita que ele será julgado com base em leis federais, pois o governo federal tem mais recursos legais e investigativos. Tsarnaev foi indiciado com base na mais grave acusação criminal possível em nível federal neste caso, que é a de uso de arma de destruição em massa resultando em morte, que poderia levar a uma sentença de morte.
A decisão de pedir a pena capital teria que ser tomada pelo Secretário de Justiça, Eric Holder, apenas depois de o Departamento de Justiça ter analisado todos os aspectos do crime, além de outros fatores como o histórico do réu e ficha criminal. Mas, como a lei do Estado de Massachusetts não prevê a pena de morte, o advogado de Tsarnaev pode tentar o julgamento em uma corte estadual.
Além disso, os promotores do Estado também poderão apresentar acusações contra Tsarnaev, incluindo pela morte de Sean Collier, o segurança da universidade MIT, que foi morto, aparentemente por Tsarnaev e seu irmão, no dia 18 de abril.
Atentado
A explosão de duas bombas caseiras no dia 15 de abril, feitas com panelas de pressão carregadas de explosivos, deixou três mortos e mais de 170 feridos.
O outro suspeito, Tamerlan Tsarnaev, 26, irmão de Dzohkhar, foi morto por policiais durante um tiroteio em Watertown, cidade próxima a Boston, na última sexta-feira (18). Em entrevista por telefone à emissora norte-americana "ABC News" nesta segunda-feira (22), Zubeidat Tsarnaeva, mãe dos suspeitos, disse que o filho ligou para ela antes de morrer. Ele teria dito "Mãe, eu te amo" antes de a ligação ser cortada.
Suspeito é interrogado
A imprensa americana informou nesta segunda que Dzohkhar já responde a perguntas da polícia por escrito.
Tsarnaev, que está internado no hospital Beth Israel Deaconess e recebe tratamento para ferimentos graves sofridos durante a perseguição, é o principal suspeito por trás das duas explosões de segunda-feira passada, (15). Ele foi capturado com ferimentos na garganta. As autoridades esperam sua recuperação para interrogá-lo.
O canal "NBC News", que citou fontes da investigação federal, informou que, apesar de uma lesão na garganta que o impede de falar, o jovem estava começando a responder as perguntas dos investigadores.
A "ABC News" afirmou que Tsarnaev estava respondendo "esporadicamente" por escrito e que os investigadores questionam sobre outros membros potenciais de células terroristas ou outros planos de explosões.
O jornal "USA Today", que também cita autoridades, afirma que Tsarnaev está consciente e responde por escrito. Além disso, destaca que os investigadores consideram a possibilidade do ferimento no pescoço ter sido executado pelo próprio jovem.
Ed Davis, chefe de polícia de Boston, havia afirmado mais cedo que o jovem estava em condição "crítica, mas estável".
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Caçada humana
A captura de Tsarnaev, na noite de sexta-feira (19), encerrou uma caçada humana que praticamente paralisou a região metropolitana de Boston durante cerca de 20 horas.
Os investigadores estão tentando apurar, entre outras coisas, se os dois irmãos agiram sozinhos. O prefeito e o chefe de polícia de Boston dizem acreditar que sim.
Davies disse à "CNN" que os investigadores descobriram pelo menos quatro bombas não detonadas, uma delas semelhante aos dois dispositivos montados em panelas de pressão que explodiram junto à linha de chegada da Maratona de Boston.
Por causa disso, as autoridades suspeitam que os irmãos Tsarnaev ainda planejavam cometer outros ataques.
Também está sendo investigada a viagem que Tamerlan fez à Rússia no ano passado, o que pode esclarecer se ele se envolveu com ou sofreu alguma influência de separatistas chechenos ou extremistas islâmicos.
Os irmãos migraram há uma década do Daguestão (região russa de maioria muçulmana) para os EUA.
Vizinhos da família em Makhachkala, capital do Daguestão, disseram que Tamerlan manteve-se discreto durante os seis meses que passou lá no ano passado, ajudando seu pai a reformar um apartamento.
A Rússia já informou aos EUA que havia observado Tamerlan, e em 2011 o FBI o interrogou. Esses fatores, junto com a viagem, motivam especulações de que algum sinal de alerta teria passado despercebido.
Um grupo que promove uma insurgência islâmica contra a Rússia disse no domingo que não está em guerra contra os EUA, e que nada teve a ver com os atentados em Boston. A insurgência no Cáucaso está relacionada a dois conflitos separatistas da Chechênia que foram esmagados por Moscou nas últimas duas décadas. (Com agências internacionais)
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