No Twitter, suspeito de atentado se diz fã de rap e defende Islã e Tchetchênia
No que tudo indica ser seu perfil no Twitter, o segundo suspeito do atentado a bomba na maratona de Boston dá pistas de sua personalidade e envolvimento na ação. Segundo amigos do adolescente Dzhokhar Tsarnaev, 19, é dele o perfil @j_tsar, onde ele assina como Jahar, a pronúncia de seu nome.
Na segunda-feira (15), dia da explosão na maratona, o adolescente retuitou uma mensagem de outro usuário do Twitter sobre uma das vítimas do atentado. Segundo Dzokhar, a história era "fake" (mentirosa). Ele não disse como sabia que era mentira.
Ainda no dia do atentado, outro tuíte do adolescente postado horas após a explosão tem um tom aparentemente sarcástico: "não há amor no coração da cidade, gente, fiquem seguros". A frase é uma referência ao título de uma música do rapper Jay-Z, "Ain't no love in the heart of the city" ("Não há amor no coração da cidade", no original em inglês). Há mais citações a letras de hip-hop em outras mensagens do adolescente.
Sobre seu envolvimento com o islã, um tuíte de janeiro deste ano parece revelador. "Não discuto com tolos que acham que o Islã é terrorismo (sic) não vale a pena, deixem um idiota continuar idiota." Em abril de 2012, o adolescente postou "orgulho de ser da #Tchechênia", um indicativo de seu nacionalismo.
Saiba mais sobre os russos suspeitos dos ataques em Boston
Os dois suspeitos apontados pelo FBI como responsáveis pelas explosões da Maratona de Boston foram identificados como sendo os irmãos Dzhokhar A. Tsarnaev, 19, e Tamerlan Tsarnaev, 26. Os dois são russos, provenientes de uma região próxima à Tchetchênia, e residentes legais nos Estados Unidos há no mínimo um ano.
Tia desconfia do FBI
Maret Tsarnaeva, tia dos irmãos suspeitos de planejar os atentados a bomba na Maratona de Boston na última segunda-feira (15), disse que não há provas contra seus sobrinhos e que desconfia da conduta do FBI, que matou o mais velho (Tamerlan Tsarnaev, 26) durante uma megaoperação policial e segue em busca do mais novo (Dzhokhar).
“Minha primeira declaração ao FBI foi: eles não poderiam ter feito isso. Estou desconfiada de que tudo isso foi armado. Temos que questionar tudo”, disse ela em uma entrevista coletiva em Toronto, no Canadá, onde mora.
Sobre a ligação dos sobrinhos com o islã, Maret contou à imprensa que o interesse mais forte de Tamerlan pelo islamismo era recente. "Ele se tornou devoto praticante há apenas cerca de dois anos, quando começou a orar cinco vezes por dia”, disse. “Eu não vejo nada de mal nisso."
Em defesa dos sobrinhos, Marte os descreveu como "jovens normais, atléticos e inteligentes" e contou que o mais velho, que era casado, havia se tornado pai recentemente. "Ele estava muito feliz com a filha", disse.
Mais cedo, Ruslan Tsarni, que também é tio dos suspeitos, deu uma entrevista à imprensa e pediu que o sobrinho foragido se entregasse à polícia. "Dzhokhar, se você está vivo, se entregue e peça perdão", disse na TV.
15 horas de "caçada"
A "caçada" aos principais suspeitos já dura mais de 15 horas nos Estados Unidos. A megaoperação policial começou um tiroteio por volta das 22h30 (23h30 horário de Brasília) de quinta-feira (18), no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), onde um policial foi morto dentro do campus universitário da instituição localizado em Cambridge, na região metropolitana de Boston (EUA).
Cidade sitiada
A polícia do Estado de Massachusetts pediu, por meio de sua conta oficial no Twitter, que os moradores de Watertown não saiam de suas residências e só abram a porta de casa para a polícia. As autoridades suspenderam temporariamente o transporte na área metropolitana de Boston e decretaram toque de recolher na cidade de Watertown.
Em um comunicado, a Casa Branca informou que o presidente dos EUA, Barack Obama, está sendo informado sobre a evolução dos acontecimentos e da investigação no caso pela assistente de Segurança Nacional e Antiterrorismo, Lisa Mónaco. Ontem (18), Obama participou de um ato ecumênico em homenagem às vítimas do atentado, na Catedral da Santa Cruz de Boston. "Sim, nós vamos encontrá-lo e vamos fazer justiça! Nós vamos terminar a corrida! Não podemos deixar algo como isso nos parar", disse na ocasião.
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