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Obama se oferece para mediar cessar-fogo entre Israel e Hamas

Do UOL, em São Paulo

10/07/2014 20h31

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se ofereceu nesta quinta-feira (10) como mediador ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para a obtenção de um cessar-fogo com o grupo islamita Hamas. Obama também pediu "calma" às duas partes diante de confrontos que causaram a morte de 88 pessoas em apenas 72 horas.

Em conversa por telefone, Obama disse a Netanyahu que os Estados Unidos "continuam preparados para facilitar o fim das hostilidades, incluindo um retorno ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012". 

O acordo de 2012, mediado pela então secretária de Estado, Hillary Clinton, e o governo egípcio, acabou na época com oito dias de ataques aéreos israelenses em alvos do Hamas.

Mais de 80 mortes de palestinos foram registradas nos três últimos dias de conflito entre Israel e Palestina, sendo que cerca de 70% delas são de civis, informaram fontes médicas.

Entre as vítimas estão três palestinos que foram atingidos por um míssil israelense enquanto viajavam de carro para Jabalya, no norte da faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde da região, outras 537 pessoas ficaram feridas, 20 delas em estado crítico, em sua maioria mulheres e crianças.

Até o momento, os ataques vindos de Gaza não causaram vítimas israelenses.

Alvos civis

Segundo Ashraf al Qedra, porta-voz de emergências de Gaza, o número de vítimas civis aumentou nas últimas 48 horas de ofensiva com o ataque por ar de Israel a prédios residenciais, assim como grupos de pessoas que se encontram no litoral.

O Ministério do Interior em Gaza disse em comunicado que cerca de 80 casas e edifícios foram destruídos nos últimos três dias.

Caças-bombardeiros da aviação e embarcações de guerra das Forças Armadas israelenses bombardeiam com intensidade há três dias Gaza, enquanto milicianos palestinos lançam continuamente foguetes contra o centro e sul de Israel.

Desde terça-feira (8), Israel calcula que perto de 750 alvos foram alvo de suas operações em Gaza.

Fontes militares israelenses avaliam em aproximadamente 360 o número de foguetes de diferente alcance disparados desde o território palestino, dos quais 255 caíram em Israel e 67 foram interceptados pelas baterias antimísseis do sistema "Cúpula de Ferro".

No último dia 7, Israel lançou a ofensiva "Limite Protetor" contra a faixa de Gaza. O conflito entre Israel e Palestina se agravou nas últimas semanas após o sequestro e morte de três jovens israelenses e um jovem palestino.

Autoridades

O presidente israelense, Shimon Peres, alertou que se a Palestina continuar lançando mísseis, Israel aumentará sua intervenção militar, e a operação terrestre poderia ser inevitável.

Por sua vez, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, definiu a situação como um verdadeiro genocídio. Hoje em Tel Aviv as sirenes de alarme que alertam sobre a chegada de mísseis não param de tocar.

Já as autoridades egípcias reabriram nesta quinta-feira o túnel de Rafah para permitir a evacuação na região do Sinai egípcio de palestinos feridos na faixa de Gaza.

O túnel de Rafah, único na fronteira com Israel que permite acesso à faixa de Gaza, geralmente fica fechado. As autoridades justificam a medida com os perigos representados por jihadistas ativos no território egípcio.

Ruas vazias

A violência esvaziou as ruas de Gaza e Tel Aviv, onde a população, temerosa, pergunta onde cairá o próximo foguete ou míssil.

O calçadão de Tel Aviv, geralmente lotado no verão, também estava completamente vazio.

Nos cafés de Gaza, o panorama é muito mais sombrio. Na madrugada desta quinta-feira, oito pessoas morreram e 15 ficaram feridas em um ataque aéreo contra um café de Khan Yunis, onde os clientes assistiam a semifinal da Copa do Mundo entre Argentina e Holanda.

"À beira do precipício"

"Gaza está à beira do precipício. A deterioração da situação está levando a uma espiral que poderia escapar do controle de todos muito rapidamente", advertiu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, antes da reunião de emergência do Conselho de Segurança programada para hoje.

"O risco de que a violência aumente ainda mais é real. Gaza e a região em seu conjunto não podem permitir-se outra guerra total", disse Ban Ki-moon.

O secretário-geral da ONU conversou com Netanyahu e pediu máxima prudência, mas admitiu que os ataques com foguetes a partir de Gaza são "inaceitáveis e devem parar".(Com agências internacionais)