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Com cerca de cem mortes, situação de Gaza é "emergência humanitária", segundo ONU

Do UOL, em São Paulo

11/07/2014 11h36Atualizada em 11/07/2014 13h09

As Nações Unidas definiram nesta sexta-feira (11) a situação na faixa de Gaza como "uma emergência humanitária crescente", após vários dias de bombardeios do Exército israelense contra a região, que já causaram a morte de cerca de uma centena de pessoas.

Militantes do Hamas também prosseguem com o lançamento de foguetes contra Israel e fizeram hoje sua primeira vítima: uma pessoa ficou ferida em estado grave após a explosão de um tanque de combustível atingido por um projétil em Ashdod, a 30 km ao norte de Gaza. 

Nesta sexta-feira, duas pessoas morreram em um bombardeio israelense contra um veículo que circulava pelo campo de refugiados palestinos de Al-Bureij, no centro de Gaza, o que eleva para cerca de cem o número de palestinos mortos e para quase 700 o de feridos durante os quatro dias de ofensiva militar israelense, informaram fontes médicas.

Cerca de 190 casas e edifícios foram destruídos em Gaza desde o início da ofensiva militar israelense. A maior parte das construções destruídas são imóveis privados, informou o Ministério do Interior da faixa de Gaza.

A estratégia do exército israelense de atacar imóveis civis sob a justificativa de que alguns de seus moradores estão vinculados ao movimento islâmico Hamas despertou críticas na comunidade internacional e em Israel.
 

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou hoje a escalada do conflito na faixa de Gaza e denunciou que Israel viola a lei internacional quando bombardeia áreas povoadas e especialmente casas.

A destruição das casas deixou milhares sem lar, obrigando-os a procurar refúgio em espaços públicos ou em casas de parentes ou desconhecidos que os acolhem.

O conflito israelo-palestino se agravou nas últimas semanas após o sequestro e morte de três jovens israelenses e de um jovem palestino.

Trégua

Um dia após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter dito ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estar disposto a ajudar a negociar um cessar-fogo, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, pediu que o Conselho de Segurança das Nações Unidas ordenasse uma trégua imediata.

Mas o comandante militar de Israel, general Benny Gantz, disse que suas forças estavam prontas para agir conforme o necessário - uma indicação da prontidão para enviar tanques e outras tropas terrestres, como feito durante duas semanas no começo de 2009.

“Estamos em meio a uma ofensiva e estamos preparados para expandi-la conforme for exigido, para onde quer que seja preciso, com qualquer força que seja requisitada e pelo tempo que for necessário”, disse Gantz .

Israel já convocou 20 mil reservistas para uma possível ação terrestre em Gaza.

Aeroporto ameaçado

Diante dessa ameaça, militantes palestinos alertaram companhias aéreas internacionais de que disparariam foguetes contra o principal aeroporto de Tel Aviv. 

O aeroporto permaneceu em pleno funcionamento desde que Israel deu início à sua ofensiva aérea contra a faixa de Gaza. Companhia aéreas internacionais continuaram a pousar no aeroporto, apesar dos agora diários disparos de foguetes contra Tel Aviv.

"O braço armado do movimento Hamas decidiu responder à agressão israelense e alertar vocês para que não realizem voos ao aeroporto Ben-Gurion, que será um de nossos alvos hoje, por também sediar uma base aérea militar", disse um comunicado do grupo islamita Brigadas Izz el-Deen al-Qassam, braço armado do Hamas.

Um porta-voz da Autoridade Aeroportuária de Israel disse que uma sirene soou no aeroporto Ben-Gurion, interrompendo todas as atividades por cerca de 10 minutos, mas que isso teria sido parte de um alerta geral naquela área de Tel Aviv e não uma ameaça direta ao aeroporto.

Ataques do Líbano

Três foguetes foram disparados do Líbano em direção ao norte de Israel nesta sexta-feira, e o Exército de Israel respondeu com fogo de artilharia, disseram militares libaneses. Não há registro de vítimas.

O sul do Líbano é um reduto do Hezbollah, grupo muçulmano xiita que entrou em combate com Israel sete anos atrás e está envolvido na guerra civil da Síria, em apoio ao ditador Bashar Assad. Também há grupos palestinos atuantes na mesma área. (Com Efe e Reuters)