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Após depoimento, PT pedirá quebra de sigilos de Perillo, diz líder na Câmara

Maurício Savarese <br>Do UOL, em Brasília

12/06/2012 15h14Atualizada em 12/06/2012 16h47

Em meio ao depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), à CPI que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), afirmou nesta terça-feira (12) que pedirá as quebras de sigilo bancário e fiscal do tucano. Contrariando o tom ameno dos questionamentos de petistas durante a sessão, ele afirmou que o oposicionista "falou, falou, falou, mas não disse nada" sobre suas relações com o contraventor. O depoimento começou às 10h30 dessa manhã e já dura mais de seis horas.

Pouco após a declaração de Tatto ao UOL, o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), perguntou ao governador se ele quebraria seu sigilo telefônico, gerando calorosa reação dos parlamentares do PSDB.

"Ele não explicou nada e seria muito importante que tivéssemos acesso aos sigilos fiscal e bancário do governador, não só aquele pedacinho que ele trouxe hoje", disse Tatto, em referência a documentos trazidos por Perillo datados do período em que vendeu uma casa por R$ 1,4 milhão. A dúvida da Polícia Federal e da CPI é se o dinheiro veio do empresário Walter Paulo Santiago ou do próprio Cachoeira, graças a um intermediário. A compra da casa, segundo Perillo, foi feita em três cheques, depositados na conta bancária dele e declarados em seu imposto de renda.

"O governador veio, fez um discurso bonito, mas vamos solicitar a quebra de sigilo. Ele teve seu momento para se explicar. Agora a CPI precisa de outras medidas para comprovar que ele não está dizendo a verdade. Ele diz que veio espontaneamente à comissão. Quero ver se ele abrirá seu sigilo espontaneamente", afirmou o líder petista, que, no entanto, não sugere a mesma medida para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que falará na quarta-feira (13).

"Agnelo não fez negócios com Cachoeira. A quadrilha do Cachoeira que tentou se infiltrar no governo do Distrito Federal e não conseguiu", disse. Durante o depoimento de Perillo, entretanto, o relator Odair Cunha (PT-MG) foi criticado por alguns parlamentares governistas por não ser mais duro com o tucano.
 

Prestígio mantido

Antes mesmo do fim do depoimento de Perillo, o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou que as explicações de seu colega de partido "deixaram com vergonha" os seus críticos e que ele segue "com prestígio" no partido. 

"A verdade é que a montanha pariu um rato. As explicações iniciais do governador convenceram a maioria dos membros da CPI. A maioria do que vinha sendo publicado eram ilações, irresponsabilidades que o governador refutou de maneira convincente nesta manhã", afirmou. "O prestígio dele está mantido."


Perillo negou que Cachoeira e seu braço político, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), influenciassem em decisões de governo. Também reafirmou que vendeu sua casa por R$ 1,4 milhão de forma regular, embora a Polícia Federal suspeite do governador, já que o pagador do imóvel foi um sobrinho do contraventor. 

Na semana passada, já menos combativos do que de costume na CPI, parlamentares tucanos evitaram questionamentos duros ao empresário Walter Paulo Santiago, suspeito de intermediar a venda da casa de Marconi a Cachoeira, o pivô do escândalo de corrupção.