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Pesquisa é início de queda anunciada, diz oposição sobre popularidade de Dilma

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

10/06/2013 16h30Atualizada em 10/06/2013 17h23

A queda de 65% para 57% da popularidade da presidente Dilma Rousseff na pesquisa Datafolha divulgada neste fim de semana é resultado do aumento da inflação e da política econômica administrada pelo governo federal, na avaliação das principais lideranças da oposição ao governo. 

Nos 12 meses finalizados em abril, a inflação acumulou alta de 6,49% e voltou a se aproximar do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 6,5%. O próprio Datafolha avaliou que os números indicam que a deterioração da imagem de Dilma é um reflexo do aumento do pessimismo dos brasileiros com a situação econômica do país e mostram que a população está mais preocupada com a inflação e o desemprego.

“Eu tenho a impressão de que esta pesquisa é o início de uma queda anunciada, o governo não está tomando as providências eficazes para o combate à inflação, como cortes de gastos públicos de má qualidade e investimento maciço”, disse ao UOL o presidente nacional do DEM, o senador Agripino Maia (RN). 

Para o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), “o fato concreto que as pesquisas apontam é a crescente fragilização do governo em razão das várias decisões equivocadas tomadas, em especial na economia", disse, por meio de sua assessoria.

Aécio avalia , no entanto, que  "pesquisas de intenção de voto” longe do período eleitoral “têm pouco significado”. O parlamentar não comentou o seu aumento nas intenções de votos para eleições presidenciais de 2014.

A crítica ao modelo petista de gestão na economia nacional foi um dos temas abordados por Aécio durante propaganda partidária veiculada em rádio e televisão que ajudaram, segundo a pesquisa, a ampliar sua visibilidade perante a sociedade.

O presidente da MD (Mobilização Democrática, criada a partir da fusão do PPS com o PMN), o deputado federal Roberto Freire (SP), argumenta que a pesquisa “chamou” a oposição e o governo “para a realidade”.

“Diferentemente de alguns cientistas políticos e até jornalistas que [as eleições de] 2014 estava resolvido, [a pesquisa] chamou todo mundo para realidade. Analisando a pesquisa fica evidenciado que a crise econômica está instalada no país (...). Desde o Plano Real, a sociedade vem se desacostumando com a inflação”, destacou ao UOL.

Outro lado

Apesar da queda na popularidade, a pesquisa indica que Dilma teria 51% das intenções totais de voto, seguida ex-senadora Marina Silva (ex-PT e ex-PV), fundadora da Rede Sustentabilidade, com 16%. Aécio Neves aparece em terceiro lugar - o tucano foi o único que cresceu, de 10% para 14%, nas intenções de voto, seguido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 6% das intenções de voto.

Campos disse que acha "lamentável que as pessoas, para viabilizar uma candidatura, tenham que torcer para dar errado".

Marina Silva foi procurada, mas não se manifestou sobre a pesquisa.

O vice-presidente do Senado, o petista Jorge Viana (AC), defendeu na tarde desta segunda no Congresso que a queda da popularidade da presidente é “absolutamente normal”. “É absolutamente normal, aliás, alguns estranhavam os recordes de popularidade que a presidente Dilma tinha”, disse o senador durante entrevista no Senado.  “Essa mudança agora é absolutamente sazonal”, completou.

“A oposição pode até comemorar porque a oposição não cresce no Brasil e aí fica torcendo para que o nosso governo não cresça e diminua a sua popularidade. [A oposição] Podia assumir mais o papel de oposição de apontar caminhos, de criticar, mas não ficar apostando no quanto pior, melhor”, destacou o senador. 

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, o vice-presidente nacional da legenda, o senador Humberto Costa (PE) e os líderes da legenda na Câmara e no Senado foram procurados pela reportagem, assim como as lideranças do PMDB, maior partido da base governista, mas ainda não retornaram o contato.