Novo encontro entre Moro e Lula irá coincidir com período eleitoral
O primeiro encontro entre o juiz federal Sergio Moro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a prisão do petista será no segundo semestre, entre os meses de julho e agosto. Ou seja, será praticamente no início do período eleitoral, sendo que as candidaturas precisam ser registradas até 15 de agosto.
O PT, mesmo com Lula preso, garante que irá inscrevê-lo como seu candidato ao Planalto, mesmo ele sendo, hoje, inelegível com base na Lei da Ficha Lima --o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terá até meados de setembro para negar ou permitir a candidatura do ex-presidente.
Moro e Lula ficarão frente a frente em razão de um terceiro interrogatório, desta vez referente ao processo do sítio de Atibaia (SP), no qual o ex-presidente é réu ao lado de 12 pessoas. Segundo a acusação, o petista seria o verdadeiro proprietário do imóvel, uma vantagem ligada a um esquema de corrupção entre empreiteiras e a Petrobras.
Nessa ação, Moro marcou audiências com 125 testemunhas de defesa para o período entre 7 de maio e 29 de junho. Entre elas, estão dois ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 28 de maio, e Dilma Rousseff (PT), em 25 de junho.
Finalizada essa etapa, Moro costuma deixar um intervalo de cerca de um mês até o início dos interrogatórios. Caso não haja pedidos das defesas por novas testemunhas ou outros contratempos, deverão ser realizados entre julho e agosto, de acordo com projeção feita pelo UOL.
No primeiro processo envolvendo Lula, o do tríplex --em que o petista já foi condenado e pelo qual cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde sábado (7)--, a última audiência com testemunhas de defesa foi em 15 de março. Já o primeiro réu foi ouvido em 20 de abril. Lula esteve na frente de Moro no dia 10 de maio do ano passado --a data original era 3 de maio, mas, em função da criação de um esquema de segurança ligado a protestos, ela foi adiada.
O intervalo entre as audiências com testemunhas e as com réus foi menor na segunda ação contra o petista, a que investiga um esquema de corrupção envolvendo um terreno para o Instituto Lula e o pagamento do aluguel do apartamento vizinho ao em que ele vivia antes de ser preso. Nessa, a última testemunha, por motivo de viagem, só pôde ser ouvida no final de agosto, no dia 30. Não fosse isso, a etapa de audiências com testemunhas de defesa teria se encerrado em 21 de julho.
Os réus, na ocasião, só começaram a ser ouvidos em setembro, entre os dias 4 e 13. Lula foi interrogado na última data. Na primeira audiência como Moro, Lula falou por cinco horas. Na última, ele esteve com o juiz por cerca de duas horas. O próximo encontro, porém, será o primeiro em que os dois se encontrarão com Lula na condição de preso.
O processo envolvendo o Instituto e o apartamento já deveria ter sido encerrado, mas o pedido por produção de novas provas e novos interrogatórios --Marcelo Odebrecht, do grupo Odebrecht, réu na ação, foi ouvido novamente na última quarta-feira (11)--, por exemplo, fizeram a ação se arrastar. Para que Moro apresente sua sentença, ainda é necessário passar pela fase de alegações finais. Isso deve acontecer apenas neste segundo trimestre.
Além de Curitiba
O processo do sítio, por enquanto, é o último que Lula terá no Paraná, sob comando de Moro. O ex-presidente, porém, é réu em outros quatros processos: todos na Justiça Federal no Distrito Federal.
Lá, ele aguarda, desde 9 de novembro, a sentença em um processo sobre obstrução à Operação Lava Jato, em que teria envolvimento na compra de silencia de um ex-diretor da Petrobras.
O ex-presidente ainda deverá ser deslocado a Brasília para ser interrogado em um processo da Operação Zelotes, que investiga esquemas de sonegação fiscal. O ex-presidente é acusado dos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo a compra de caças pelo governo brasileiro durante o governo de sua sucessora, Dilma. Lula será ouvido no dia 21 de junho.
Ainda no Distrito Federal, Lula responde a um processo sobre venda de uma MP (Medida Provisória), também no âmbito da Zelotes, que prorrogou os incentivos fiscais para montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em 2009, penúltimo ano de seu governo.
O petista ainda enfrenta uma ação sobre liberação de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) investigada na Operação Janus, que apura se Lula realizou tráfico de influência em favor da empreiteira Odebrecht.
A defesa do ex-presidente nega todas as acusações em todos os processos dizendo que faltam evidências para embasar as denúncias, além de afirmar que seu cliente é alvo de "perseguição política”.
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