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Erundina, Joice, Marília: quem volta por cima (ou por baixo) ao Congresso

As deputadas federais Luiza Erundina (PSOL), Joice Hasselmann (PSL) e Marília Arraes (PT), que voltam ao Congresso após derrota nas eleições   - Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress/Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo/Divulgação
As deputadas federais Luiza Erundina (PSOL), Joice Hasselmann (PSL) e Marília Arraes (PT), que voltam ao Congresso após derrota nas eleições Imagem: Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress/Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo/Divulgação

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

02/12/2020 04h00Atualizada em 02/12/2020 15h33

Mesmo derrotadas nas eleições municipais deste ano, as deputadas Marília Arraes (PT-PE) e Luiza Erundina (PSOL-SP) voltam por cima ao Congresso Nacional, em Brasília. Elas passaram para o segundo turno nas disputas por prefeituras de grandes capitais, ganharam capital político e reforçaram o nome diante das bases eleitorais.

Por outro lado, há quem volte com menos cacife político ao Parlamento, como a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que ficou em sétimo lugar pela disputa à Prefeitura de São Paulo, não tendo atingido nem 2% dos votos.

Marília e Erundina se saem bem

Marília Arraes não é tida como uma parlamentar do alto escalão do Congresso com capacidade de influenciar o rumo de articulações. No entanto, chegou ao segundo turno à Prefeitura de Recife contra o primo, o também deputado federal João Henrique Campos (PSB-PE), e, numa das disputas mais acirradas do pleito, perdeu com diferença de cerca de 12 pontos percentuais.

Ela chegou a figurar em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto durante a campanha do primeiro turno, mas passou para a próxima fase contra Campos tendo apenas 9.780 votos a menos do que ele. Marília então chegou a liderar pesquisas e, na véspera da votação do último domingo, ambos estavam empatados em levantamentos.

A deputada federal Luiza Erundina já tinha trajetória política consolidada, mas voltou a ter destaque no noticiário nacional e na capital paulista ao ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo.

A deputada não foi eleita, mas junto com Boulos foi a única a conseguir mais de 1 milhão de votos, fora a chapa vencedora de Bruno Covas (PSDB), no primeiro turno, alavancando o PSOL entre a classe média progressista.

Maioria sai por baixo

Neste ano, 72 deputados federais e 2 senadores tentaram trocar o Parlamento pelas administrações municipais — prefeito, vice-prefeito e vereador. A minoria conseguiu: somente 12 deputados se elegeram, informou a Câmara.

No levantamento do total de deputados federais candidatos, a Câmara considera todos os nomes de deputados que tenham assumido o mandato, ainda que por um breve período, durante esta legislatura.

Wladimir Garotinho (PSD-RJ) se elegeu prefeito de Campos dos Goytacazes, mas a situação eleitoral de sua chapa está sub judice por ele não ter se desvinculado de um cargo num hospital no prazo determinado pela legislação.

Joice Hasselmann chegou a ser líder do governo no Congresso, mas brigou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ela pretendia se reerguer por meio da eleição municipal em São Paulo, mas teve desempenho de candidatura nanica.

Em 2018, foi eleita deputada federal com pouco mais de 1 milhão de votos, a segunda mais votada atrás de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Agora, ficou na casa dos 98,3 mil votos — 10% do que teve há dois anos.

Outro deputado federal que saiu por baixo do pleito de São Paulo foi Celso Russomanno (Republicanos). Em sua terceira tentativa seguida de comandar a cidade de São Paulo e apoiado por Jair Bolsonaro, ele derreteu nas pesquisas de intenção de voto ao longo da campanha e acabou em quarto lugar com 560 mil votos no primeiro turno, equivalente a 10,50%.

Ainda na capital paulista, os deputados Orlando Silva (PCdoB) e Carlos Zarattini (PT) tiveram passagem apagada. Silva encabeçou a primeira candidatura própria do PCdoB a prefeito da cidade de São Paulo ao menos desde 1985 e levou o equivalente a 0,23% dos votos no primeiro turno.

Zarattini foi o vice na chapa de Jilmar Tatto (PT). Eles conseguiram o equivalente a 8,65% do total de votos, ficando na primeira fase da corrida.

Na cidade do Rio de Janeiro, a deputada Benedita da Silva (PT) ficou em quarto lugar próxima à terceira colocada, Delegada Martha Rocha (PDT). Cada uma conseguiu cerca de 11,30% dos votos no primeiro turno da capital fluminense.

O deputado federal e vice-líder do governo na Câmara, Luiz Lima (PSL), ficou em quinto lugar, com 6,85% dos votos.

O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) passou para o segundo turno na corrida pela Prefeitura de Goiânia, mas foi derrotado por Maguito Vilela (MDB). Seu concorrente está internado em um hospital de São Paulo há mais de um mês devido à covid-19.

O único outro senador a se candidatar a prefeito nestas eleições foi Jean Paul Prates (PT-RN). Ele ficou em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de Natal, mas o vencedor, Álvaro Dias (PSDB), definiu logo a vitória no primeiro turno.