Norte-americanos têm imagem ruim do México, diz pesquisa
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Daniel Becerril/Reuters
Membros da gangue "Los Zetas", ligada ao tráfico de drogas, são apresentados à mídia em Monterrey, no México
Tentou-se quantificar o custo ostensivo da guerra ao narcotráfico no México: número de mortos, gasto governamental, violações aos direitos humanos, evolução de outras formas de violência, atividade econômica nas cidades mais afetadas. Sabe-se que há custos indiretos: turismo, investimento estrangeiro direto (IED) e, de modo abstrato, a imagem internacional do México. Até agora foi difícil quantificar estes últimos, já que não é simples estabelecer uma relação causal entre, por exemplo, o número de mortos, uma imagem ruim do país nos EUA e uma queda absoluta ou relativa do turismo ou do IED. Agora, graças a uma pesquisa realizada em outubro pelas empresas Vianovo/GSD&M (entre 1.000 adultos americanos do painel YouGov), temos uma ideia um pouco mais precisa da imagem atual do México nos EUA.
Insisto, destas cifras não se extraem automaticamente conclusões de outro tipo: são só uma medição do que os americanos pensam sobre o México hoje. Entre 11 países propostos, o que os americanos consideraram em primeiro lugar como muito ou um tanto inseguro foi o México - 72%-, superando a Colômbia, 68%; Arábia Saudita, 66%; El Salvador, 66%; e Brasil, 33%. Ao perguntar como catalogariam esses países entre modernos, em desenvolvimento ou não desenvolvidos, 17% disseram que o México é um país moderno, contra 27% que o consideram não desenvolvido; pelo contrário, 43% disseram que o Brasil é um país moderno, enquanto 7% que é não desenvolvido.
Em pergunta aberta, ao pedir a razão pela qual opinavam assim sobre o México, 72% disseram que por causa da droga, os cartéis, o crime, a violência e a insegurança; em segundo plano, a corrupção, com 21% de menções. Ao se perguntar, também pensando no México, quais eram as três palavras que lhes vinham mais rapidamente à mente, responderam primeiro "droga" 22%, segundo "droga" 17% e terceiro "droga" 6%; as duas palavras seguintes foram "pobreza" - com 4, 6 e 6% respectivamente - e "imigração ilegal" com 5, 7 e 4%. Perguntou-se se o que haviam visto, lido ou escutado recentemente sobre o México dava ao entrevistado uma impressão "mais favorável" ou "menos favorável" sobre o país: 6% disseram mais favorável, contra 66% menos favorável; 28% disseram que não mudavam sua opinião. Depois se pediu que descrevessem em seus próprios termos o que tinham visto, lido ou escutado: 81% mencionaram temas relacionados a problemas de drogas, cartéis e violência pelas drogas; e 42% mencionaram assassinatos, tiros ou decapitações.
Depois passaram para perguntas mais genéricas: "Você pensa que a relação dos EUA com o México se fortaleceu, enfraqueceu ou se manteve igual nos últimos quatro anos?": 8% "se fortaleceu", contra 28% "enfraqueceu" e 43% "se manteve igual". E talvez a pior para a política externa do próximo governo: segundo você, como descreveria a relação atual do México com os EUA? Para 14%, "o México é um bom vizinho e sócio dos EUA", contra 59% "o México é uma fonte de problemas para os EUA".
Por último se pediu aos entrevistados que dissessem seu grau de concordância, entre outros, com duas afirmações: 1) o México está ganhando a guerra contra os narcotraficantes: "forte desacordo" 49%; "um certo desacordo" 23%; "um certo acordo" 7% e "forte acordo" 3%; e 2) "o México é um país perigoso e instável": "forte desacordo" 7%, "um certo desacordo" 16%; "um certo acordo" 33%, "forte acordo" 32%. Quer dizer, 7 em cada 10 pessoas pensam que o México está perdendo a guerra e 6 em cada 10 que é um país perigoso e instável.
Certamente virão mais pesquisas e surgirão matizes. Esta é só uma, mas contribui para dar uma ideia da magnitude do desafio que enfrenta um país onde um importante gerador de emprego é o turismo, com 90% dos turistas vindos dos EUA; com uma das economias mais abertas do mundo, 90% concentrada nos EUA; e urgentemente necessitado de aumentar o investimento estrangeiro, 65% também provenientes dos EUA. É um saldo a mais da guerra do narcotráfico.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes GonçalvesJorge Castañeda
Jorge Castañeda foi chanceler do México e é autor de uma das mais extensivas biografias já publicadas sobre Che Guevara.