Topo

Vai-Vai reúne 60 homens em ala que representa a beleza e a força negra

Ala masculina da Vai-Vai reunirá 60 homens  - Edson Lopes Jr./UOL
Ala masculina da Vai-Vai reunirá 60 homens
Imagem: Edson Lopes Jr./UOL

Mateus Araújo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/01/2019 04h00

Não serão só as musas que embelezarão o Carnaval da Vai-Vai, neste ano. A escola de samba paulistana pretende inovar e chamar a atenção também para a beleza masculina. Sessenta homens negros, altos e fortes comporão a ala Força Alvinegra, no desfile que vai recontar históricas lutas do povo negro por liberdade e justiça (confira a programação dos desfiles do Grupo Especial de São Paulo).

Há três anos na escola de samba, o professor de educação física Luis Antônio F. Jr. é um dos participantes da ala. "Fui convidado para desfilar na Vai-Vai pela primeira vez em 2017 e aceitei", lembra. Morador de Interlagos (zona sul), ele diz que se sente honrado em representar na avenida a escola da Bela Vista, que o levou a tomar gosto e a se apaixonar pelo samba. 

Como ele, 80% da ala são de jovens que chegaram recentemente à Vai-Vai. "Entrei há dois meses", diz o engenheiro mecânico Denis Alves Ferreira. "Vim com uma amiga que é da comunidade ver um ensaio e recebi o convite para participar. Para mim, tem sido como uma família."

Além da tradição da escola alvinegra, Ferreira destaca que o desfile deste ano é especial e importante. "A gente está vivendo um momento de muito preconceito, inclusive contra os negros, e é importante essa discussão do samba", explica, referindo-se ao enredo da Vai-Vai, "Quilombo do Futuro".

Ala masculina da Vai-Vai reunirá 60 homens  - Edson Lopes Jr./UOL - Edson Lopes Jr./UOL
Os homens vão representar a força do povo negro
Imagem: Edson Lopes Jr./UOL

Força

A ala masculina da Vai-Vai fará referência ao período de exploração de pau-brasil, que marcou a história do país na colonização e durante a escravidão. O coreógrafo e instrutor de cabeleireiro Cristiano Oliveira conta que a ideia é mostrar "a expressividade de luta e a vitória, em vários sentidos", do povo negro. "Usamos uma corrente partida na coreografia para se referir a essa liberdade", acrescenta ele, que está na escola há 28 anos.

Essa forma de rever o passado atualizando a narrativa com as conquistas de um povo, destaca o eletricista Washington Alves, "traz o quilombo [símbolo de resistência negra] para o futuro, que somos nós". Na Vai-Vai desde os 7 anos, ele se diz honrado em poder desfilar na escola, que faz parte da tradição de sua família. "Estou aqui desde os 7 anos. Hoje tenho 36. Minha avó desfilava na Vai-Vai e, por isso, esse amor está no sangue."

São Paulo