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Jurados já estão reunidos para decidir futuro de Gil Rugai

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

22/02/2013 15h08Atualizada em 22/02/2013 16h23

Os sete jurados que vão decidir o futuro do ex-seminarista Gil Rugai, 29, acusado de matar o pai e a madrasta, já estão reunidos para dar o veredicto.

O julgamento foi retomado por volta das 16h desta sexta-feira (22), quinto e último dia do júri, após a pausa de uma hora para almoço.

Resumo do julgamento

Antes, o promotor Rogério Zagallo surpreendeu o plenário ao anunciar que não faria a réplica a que tinha direito durante a fase de debate.

Zagallo não informou os motivos de ter abdicado da medida --que o daria uma hora a mais de discurso para tentar convencer os jurados da culpa do réu.

Os debates entre acusação e defesa começaram na manha desta sexta-feira. Cada uma das partes teve 1 hora e meia para falar diretamente com os jurados.

Após isso, havia há possibilidade de réplica e tréplica de uma hora cada uma, o que foi descartado pela acusação.

Durante a fase de debates, Zagallo descreveu Gil Rugai como uma pessoa agressiva e de personalidade dupla, a ponto de beirar a psicopatia.

Já a defesa tentou dissociar a imagem do réu à da estudante Suzane Von Richthofen. "O caso Richthofen não é o caso do Gil", disse o advogado Thiago Anastácio.

Em 2006, Suzane foi condenada a 39 anos e seis meses de prisão pelo assassinato dos pais, Manfred e Marísia von Richthofen, ocorrido em 31 de outubro de 2002.

Jurados têm de responder oito quesitos

Os jurados terão oito quesitos para analisar em cada um dos dois homicídios antes de manifestar a decisão em plenário. A cada um desses quesitos, terão de responder "sim" ou "não".

O resultado a ser pronunciado perante o júri depende da análise dos quesitos e é proclamado assim que se chegar a um número que equivalha à maioria.

Dessa forma, como são sete jurados, assim que se chegar a um mesmo voto quatro vezes, os demais votos automaticamente não são mais considerados --a maioria foi atingida.

Ao todo, são duas séries iguais com quatro quesitos cada uma --a primeira, referente à vítima Luiz Carlos Rugai, e a segunda, à vítima Alessandra de Fátima Troitino. Pai e madrasta do réu, respectivamente, eles foram assassinados a tiros na noite do dia 28 de março de 2004 em sua residência em Perdizes (zona oeste de SP).

O primeiro quesito indaga sobre a existência do crime e a morte da vítima da série em questão.

O segundo quesito pergunta se foi o estudante quem efetuou os disparos, "acompanhado de terceira pessoa desconhecida".

No terceiro quesito, é indagado se o jurado absolve o acusado. No quarto e último, a indagação é se o crime foi cometido por motivo torpe, "em razão de o réu ter sido afastado da participação dos negócios da vítima, não se conformando com tal situação".

As respostas de cada jurado serão analisadas durante reunião do conselho de sentença com o juiz do caso, Paulo Paukoski Simoni, o promotor Zagallo e os advogados do réu, Marcelo Feller e Anastácio.

Essa análise, no entanto, depende ainda dos debates em plenário de acusação e promotoria, os quais têm duração de uma hora e meia cada, mais uma hora de réplica e uma hora de tréplica, se necessário.

Entenda o caso

O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai e da madrasta. O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos.

Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.