"Muita coisa" mudou desde Carandiru, mas sistema penitenciário "é um lixo", diz ex-chefe da Rota
O ex-comandante da Rota Salvador Modesto Madia disse em interrogatório nesta quinta-feira (1º) que, nos mais de 20 anos decorridos do massacre do Carandiru, “tudo na polícia mudou”. “Mas uma coisa não mudou: eu vejo o sistema penitenciário [como] um lixo”. Com cerca de seis horas, o interrogatório de Madia foi o mais longo do segundo júri de policiais militares acusados da morte de presos da antiga Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.
Madia foi o último réu a ser interrogado no júri popular de 25 policiais militares. Eles são acusados de assassinar 73 presos que estavam no terceiro pavimento do pavilhão 9 do Carandiru --pavilhão onde, ao todo, foram mortos 111 detentos durante a incursão da PM. Dos 25 réus, no entanto, 18 permaneceram em silêncio.
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As declarações sobre mudanças na polícia desde o ano do massacre foram dadas pelo tenente-coronel foi à advogada dos réus, Ieda Ribeiro de Souza.
"Depois de 92, tudo na polícia mudou --ela [a corporação] deu condições para os homens trabalharem", definiu, ressalvar: "Uma coisa não mudou: eu vejo o sistema penitenciário um lixo".
Já nas considerações finais, Madia disse estar “extremamente cansado”, pediu desculpas aos jurados pela longa extensão de sua fala e citou seu pai, também policial militar, já morto.
“Estou saindo tranquilo, porque eu fiz tudo o que meu pai me ensinou, e o nome dele [Madia] está preservado”.
A pedido da advogada, o tenente-coronel contou que faltou à formatura de seu filho na noite da última segunda-feira (29), quando teve início o julgamento. “Paguei a festa e não comi o bolo, o mais importante seria abraçá-lo, só espero que ele entenda.”
Sobre a carreira na corporação, na qual está há 31 anos, o policial classificou a farda como sua “segunda pele” e definiu que o trabalho com ela é executado com “um puta de um orgulho e com um puta de um tesão”.
“Eu vim, eu fiz, eu vou lutar e eu vou vencer”, encerrou o réu.
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