Família chora morte de vítima de Brumadinho depois de se iludir com trote
"Vamos logo acabar com a tortura dessa espera", disse Maria Inês do Carmo na manhã desta quinta-feira (31), antes de a família reconhecer o corpo do cunhado Carlos Eduardo Faria, 45, morto após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG).
Carlos Eduardo era motorista de uma empresa que prestava serviço para a mineradora. E a família procurava por ele desde a sexta-feira, dia em que a barragem se rompeu e espalhou lama e morte por Brumadinho.
O drama se agravou no sábado, quando os parentes de Carlos Eduardo receberam ligações dizendo que o celular dele havia sido rastreado e que ele havia sobrevivido na mata às margens do rio Paraopeba.
Era um trote. O interlocutor dizia que o motorista estava junto com colegas de trabalho e que todos haviam sido levados para um hospital.
Os familiares se encheram de esperança, mas não encontraram nenhuma informação nos postos de atendimento de Brumadinho.
Depois de alguns dias, um dos oito irmãos de Carlos Eduardo foi a Belo Horizonte, onde a Polícia Civil recolhe material genético de parentes dos desaparecidos para tentar identificar pelo DNA os corpos encontrados em Brumadinho.
Na noite de ontem, Jorge recebeu uma ligação do IML pedindo que a família fosse ao órgão reconhecer o corpo do motorista.
"Eu não quis nem ver (o corpo). Minhas irmãs foram porque não queriam acreditar", afirmou Jorge, que diz ter trabalhado para a Vale por mais de 28 anos, primeiro em Brumadinho e, depois, em Congonhas, onde mora atualmente.
Demitido pela empresa no ano passado, o irmão de Carlos Eduardo não esconde a mágoa com a mineradora.
"Faz três anos que aconteceu o desastre de Mariana, por que não tomaram providências? Por que as sirenes não tocaram? Quem estava fazendo a fiscalização (da barragem)?", pergunta Jorge, para quem as medidas adotadas pela Vale para ajudar as famílias das vítimas não remediam a perda.
"Estamos muito chateados", lamenta. "Dinheiro nunca vai trazer ele de volta. Eu queria era ter meu irmão vivo."
O corpo de Carlos Eduardo foi reconhecido a partir de suas digitais e, depois de liberado, levado para o município de Ibirité, onde ele morava com a mãe, de 86 anos. O motorista era divorciado, tinha três filhos e um neto.
No final da tarde desta quinta (31), Carlos Eduardo foi enterrado em Ibirité. "Acabou a agonia. Pelo menos agora sabemos onde ele está", concluiu o irmão.
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