MG identifica 247ª vítima de Brumadinho; corpo estava 8 metros sob a lama
A Polícia Civil de Minas Gerais divulgou nesta noite a identidade da 247ª vítima da lama da Vale que inundou a região de Brumadinho (MG) em janeiro: Carlos Roberto Pereira.
O corpo foi retirado quase intacto ontem a 8 metros de profundidade e a cerca de 400 metros de onde outro corpo, o do engenheiro Cristiano Jorge Dias, 42, igualmente em boas condições de conservação, foi localizado em 5 de junho.
A identificação de Pereira foi possível após quase 11 horas de trabalho por meio da comparação da arcada dentária com exames entregues pela família.
Com isso, restam ainda 23 pessoas desaparecidas, vítimas do rompimento da barragem B1 da mina do Córrego do Feijão, em 25 de janeiro. Os bombeiros afirmam que seguirão os trabalhos de busca até localizar todas as vítimas.
Corpo preservado
Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara, o corpo de Pereira estava bastante preservado considerando-se que se passaram 161 dias da tragédia. Foi encontrado durante escavações em uma área onde havia operação rotineira de máquinas pesadas.
Tenente Aihara afirmou que foi observado mais uma vez um fenômeno chamado de saponificação - retardamento da decomposição do corpo devido a condições como pouco oxigênio, alta concentração de minério, baixa temperatura e alta umidade.
Foi o que aconteceu com o corpo de Dias, que também pôde ser identificado pela arcada dentária, quatro horas depois de dar entrada no IML (Instituto Médico-Legal) de Belo Horizonte.
Trabalho de inteligência
Segundo Aihara, o corpo foi encontrado em uma das áreas mapeadas pelos bombeiros com base em informações como os locais onde as pessoas deveriam estar trabalhando no momento do rompimento da barragem e os últimos sinais de celular registrados pelas operadoras.
A área total atingida pela onda de rejeitos de minério da barragem é de 4 milhões de metros quadrados - mais do que o dobro da área do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
"Se fosse feita uma busca sem critério de inteligência, não se conseguiria os resultados obtidos até hoje, de 90% de identificação dos corpos", disse Aihara, em entrevista concedida na tarde de hoje na capital mineira.
Trabalho de identificação
Até agora, os bombeiros localizaram 678 corpos e segmentos de corpos. Praticamente todos os dias os bombeiros localizam esse material, na maioria das vezes pedaços de tecidos moles putrefeitos separados dos ossos. Mais de cem amostras aguardam resultado dos exames de DNA feitos pelo Instituto de Criminalística de MG.
Em recente entrevista ao UOL, o chefe do IML de Belo Horizonte, Ricardo Moreira Araújo, explicou que a grande maioria dos fragmentos de corpos que vêm sendo encontrados nos últimos tempos têm sido de vítimas que já foram identificadas e sepultadas, e que encontrar corpos, como nos casos de Pereira e de Dias, é uma exceção.
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