Eleitores de 57 cidades voltam às urnas para escolher prefeito em 2º turno
Neste domingo (29), 38 milhões de eleitores, de 57 cidades, são esperados nas urnas para definir quem será o próximo prefeito. A disputa política está pulverizada, com candidatos de 23 partidos. Também está acirrada. Em cinco capitais, os candidatos chegam ao segundo turno empatados, segundo as últimas pesquisas.
O PT é o partido com mais candidatos no segundo turno, em 15 cidades. A principal delas é Recife, onde Marília Arraes concorre com outro candidato do campo da esquerda, João Campos (PSB). Além de Recife, o PT só disputa em mais uma capital: Vitória, no Espírito Santo. Na cidade capixaba, o petista João Coser enfrenta Delegado Pazolini (Republicanos).
A noite de domingo promete deixar os petistas tensos. Primeiro, porque tanto em Recife quanto em Vitória a disputa está empatada -- os quatro candidatos estão com exatos 50%, de acordo com os Ibopes de véspera. Segundo, porque o PT depende do sucesso em uma dessas capitais para dissipar um pouco a imagem de fracasso do primeiro turno.
O partido não elegeu prefeito em nenhuma capital do país, teve sua pior votação da história em São Paulo, e acabou em nono lugar em número de prefeitos eleitos no Brasil.
O PSDB é o segundo partido com mais candidatos no segundo turno, 14 no total. A principal aposta tucana é São Paulo, onde Bruno Covas tenta reeleição contra Guilherme Boulos (PSOL). De acordo com o Datafolha e o Ibope de sábado, o prefeito será reeleito.
No primeiro turno, o tucano foi o candidato mais prejudicado pela abstenção em São Paulo — o que pode ser explicado pela sua liderança entre os idosos, grupo de risco para covid-19.
Além de São Paulo, o PSDB disputa duas capitais. Em Teresina, no Piauí, o tucano Kleber Montezuma rivaliza com Dr. Pessoa (MDB). Em Porto Velho, capital de Rondônia, Hildon Chaves enfrenta Cristiane Lopes (PP).
No primeiro turno, o PSDB elegeu prefeitos em duas capitais: Natal, no Rio Grande do Norte, e Palmas, Tocantins. No saldo do país, o PSDB tem o quarto maior número de prefeitos.
Em seguida, aparece o MDB, com 12 candidatos no segundo turno. Já se forem consideradas apenas as capitais, o partido é o que mais disputa neste domingo: Porto Alegre, Goiânia, Maceió, Teresina, João Pessoa, Cuiabá e Boa Vista.
A principal batalha do MDB é na capital gaúcha, onde Sebastião Melo vai às urnas contra ManuelaD'Ávila (PCdoB). De acordo com o Ibope de sábado, os candidatos estão em empate técnico.
Mas, independentemente do resultado deste domingo, o MDB é o grande vencedor das eleições 2020. É o partido que mais elegeu prefeitos no país, com uma folga tão grande que o resultado do segundo turno não será capaz de mudar.
Além de Vitória, Recife e Porto Alegre, as outras duas capitais que chegam ao segundo turno com empate são Manaus e Cuiabá.
De acordo com o último Ibope na capital amazonense, David Almeida (Avante) tem 52% dos votos válidos, contra 48% de Amazonino Mendes (Podemos). A diferença está dentro da margem de erro.
Já em Cuiabá, Abilio (Podemos) e Emanuel Pinheiro (MDB) aparecem com 50% cada um, no Ibope divulgado na última sexta-feira.
Bolsonaro fraco
Os candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) —que já não foram bem no primeiro turno— chegam a este domingo com pouca expressão.
No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) têm 68% dos votos válidos, contra 32% de Marcelo Crivella (Republicanos), segundo o Ibope e o Datafolha da véspera. Crivella, o atual prefeito, recebeu apoio de Bolsonaro.
Já em Belém, o Ibope sinaliza a vitória de Edmilson Rodrigues (PSOL), com 58% dos votos válidos. Seu oponente, Delegado Eguchi (Patriota) tem 42%. O delegado era o preferido de Bolsonaro. Mas na reta final das eleições Eguchi tentou se afastar do presidente: "Não sou o candidato do Bolsonaro em Belém, sou alinhado às ideias dele".
Em Fortaleza, Capitão Wagner (Pros), apoiado por Bolsonaro, também não decolou. No Ibope feito na semana que antecedeu o segundo turno, o capitão aparece com 39%, contra 61% de Sarto (PDT). Wagner também buscou se desvencilhar de Bolsonaro. Questionado pela Folha sobre o motivo de não mostrar o apoio do presidente na campanha, disse: "não tenho padrinho político".
Em Rio Branco, capital do Acre, um candidato apoiado por Bolsonaro tem boas chances de vencer neste domingo. Tião Bocalom (PP) tem 65% dos votos válidos, de acordo com o último Ibope realizado na cidade. O candidato recebeu apoio do presidente só no segundo turno, quando já liderava com folga nas pesquisas.
Problemas no 1º turno
Além do resultado das urnas, as eleições deste domingo trazem outra expectativa: se os problemas que marcaram o primeiro turno podem ou não se repetir neste domingo.
No último 15 de novembro, eleitores tiveram problemas com o e-título, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) foi alvo de ataques hackers, e um supercomputador comprado para centralizar a apuração não deu conta do recado, atrasando a divulgação dos resultados.
A Justiça Eleitoral garante que tomou providências em todas essas três frentes. Em relação ao e-título, o TSE informou que seria preciso baixar e se cadastrar no aplicativo até às 23h59 de sábado, para garantir o funcionamento no domingo de eleições.
Também no sábado, a Polícia Federal prendeu, em Portugal, um suspeito de ter participado dos ataques hackers. Além disso, cumpriu mandados de busca e apreensão em Minas Gerais e São Paulo. Já quanto ao supercomputador, o TSE afirma que fez testes extras e que espera que o problema não se repita no segundo turno.
No sábado, o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, foi a público para tentar evitar outro resultado considerado negativo no primeiro turno: um recorde de abstenção, de 23% -- o maior percentual de eleitores que não foram às urnas em 20 anos.
"Uma vez mais, venho pedir a todos os eleitores: não deixem de votar. Ajudem a escrever este segundo e último capítulo das eleições de 2020. Além disso, votem conscientes. Vocês estarão decidindo o seu futuro, o futuro dos seus filhos e do seu país. Não entreguem aos outros o seu destino", afirmou Barroso.
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