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Feridos em Boston precisam decidir entre manter ou amputar pernas

A dançarina Adrianne Haslet teve o pé esquerdo amputado após o atentado de Boston - Arquivo pessoal
A dançarina Adrianne Haslet teve o pé esquerdo amputado após o atentado de Boston Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

25/04/2013 10h57Atualizada em 25/04/2013 18h48

Dez dias após o atentado na Maratona de Boston que matou três pessoas, médicos ainda trabalham para salvar as pernas de espectadores feridos no ataque, informa o jornal "Boston Globe".

Entre os mais de 200 feridos, 14 pessoas tiveram de amputar ou a perna ou o pé imediatamente após a explosão. No entanto, existe um grupo de pacientes na chamada “zona cinzenta”.

Os médicos conseguiram preservar as pernas dessas pessoas, mas eles ainda correm risco de amputação. Dois pacientes que estavam nesta situação perderam um das pernas durante a semana.

No hospital Boston Medical Center, há dois feridos na “zona cinzenta”. Segundo o médico Peter Burke, os pacientes, obviamente, querem tentar salvar as pernas, mas às vezes a decisão de não amputar causa complicações extras.

Personagens da tragédia

  • Reprodução/The Boston Globe

    Irmãos perdem uma perna cada um

  • Charles Krupa/AP

    Homem que tentou suicídio vira herói

“Não poder andar com aquela perna pode ser ainda pior. Você passa dois anos sofrendo dores e entrando e saindo da sala de cirurgia. Muitas vezes, se vicia em analgésicos. Uma amputação no começo pode trazê-los de volta à vida normal de forma bem mais rápida”, afirmou.

Quando a amputação não é necessária imediatamente após o ferimento, o paciente participa da decisão de manter ou não o membro atingido. Segundo os médicos, trata-se de uma tarefa difícil. Muitas vezes, o cirurgião não concorda com o que o paciente decidiu.

Segundo os médicos, mesmo quando o membro é salvo, a recuperação é longa e complicada e não há garantias de que o paciente voltará a ter uma vida igual à que tinha antes do ferimento.

"Tenho pesadelos"

Leana Wen, 30, que está no último ano do programa de residência do Massachusetts General Hospital, em Boston (EUA), disse que a cada dia revive o horror que passou no setor de emergência do hospital no dia do atentado à Maratona de Boston.

Ela conta que viu muita coisa em oito anos de formação médica --sendo quatro no pronto-socorro--, mas que nada a preparou para o que veria no dia dos ataques. Mais de uma semana depois, Leana ainda tem pesadelos. Cada sinal sonoro de alarme à leva de volta para o dia do atentado. "Eu ainda estou tentando descobrir quais são as lições que esse dia deixou."