Embaixada muda tom e alerta brasileiros para trem saindo de Kiev
Em apenas 24 horas após a invasão russa ocorrida na madrugada de quinta-feira (24), a Embaixada do Brasil na Ucrânia mudou o tom nas orientações e intensificou o alerta aos cerca de 500 brasileiros em território ucraniano. O órgão diplomático passou a considerar "instável e imprevisível" a situação no país europeu e organizou a retirada de cidadãos para a Romênia.
Em comunicado divulgado no Facebook e no Telegram pouco antes das 20h no horário local (15h pelo horário de Brasília), a embaixada alertou sobre a partida de um trem que sairá de Kiev, capital ucraniana, às 22h de hoje (17h pelo horário de Brasília) com destino a Chernivtsi, no oeste do país. De lá, os brasileiros seguirão até a fronteira com a Romênia, ainda segundo o comunicado (leia a íntegra aqui).
De acordo com as informações enviadas pela embaixada por volta das 18h (horário de Brasíila), os brasileiros embarcaram no vagão final da plataforma. A entidade solicitou que os cidadãos embarcados enviassem nome completo e número de passaporte em mensagem ao plantão consular.A embaixada não divulgou a quantidade de brasileiros que embarcaram na composição
"Com os dados, a embaixada buscará organizar o transporte e facilitar os procedimentos de migração", informou o órgão do governo.
De acordo com a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, entre 50 e 70 brasileiros deixariam Kiev de trem de rumo à Romênia, mas o número total não foi informado após o embarque na composição. O Brasil avalia enviar dois aviões da FAB para buscá-los.
Antes do embarque, a embaixada avisou que não seria necessária a compra de bilhetes. "A chefia da estação buscará atender os cidadãos brasileiros e latino-americanos", informou. "A situação de segurança e de disponibilidade de transporte na cidade é instável e sujeita a mudanças repentinas, de modo que não é possível garantir a partida ou lugares suficientes. Prioridade deverá ser dada a mulheres, crianças e idosos", disse a embaixada.
O órgão ainda alertou para outros eventuais problemas, como falta de hospedagem, transporte para fronteira e longas filas na imigração após a chegada ao oeste ucraniano.
"Os cidadãos que decidirem escolher essa viagem o farão por conta e risco próprio. A embaixada terá condições mínimas de prestar ajuda durante o trajeto até a fronteira com a Romênia, embora esteja sendo negociada a possibilidade de que o Conselho Regional de Chernivtsi ofereça transporte até a fronteira", comunicou.
"A embaixada do Brasil em Bucareste informará às autoridades romenas os nomes e números de documento de todos aqueles que embarcarem no trem, com vista a assegurar, na medida do possível, que os trâmites para entrada na Romênia sejam expedidos. A embaixada tentará, ainda, contratar ônibus para transladar os cidadãos brasileiros até a capital romena", disse a embaixada.
De 'estável a 'imprevisível'
Em comunicado emitido hoje de manhã, a Embaixada do Brasil na Ucrânia voltou a recomendar às pessoas a "buscar abrigo em local seguro, acompanhar as notícias e aguardar", principalmente aos cidadãos na capital Kiev, onde o temor é ainda maior.
Contudo, passou a se referir ao país com mais de cem mortos no primeiro dia de conflito como "instável e imprevisível em várias regiões".
Embora tenha orientado uma retirada imediata da Ucrânia no comunicado anterior, a embaixada chegou a dizer que a situação de segurança era "relativamente estável" na maior parte das regiões.
Uma das principais mudanças de tom se refere ao alvo dos ataques. Na quinta-feira, a embaixada disse que os alvos eram "militares e estratégicos", reforçando a ideia de uma "estabilidade na maior parte das regiões ucranianas".
Hoje, não tentou minimizar os riscos de mortes de civis. A ONU (Organização das Nações Unidas) disse estar "gravemente preocupada" com os relatos crescentes de mortes de civis.
'Minha casa tremeu com bombas': o drama dos brasileiros
O UOL tem acompanhado os relatos dados por brasileiros na Ucrânia. O bartender Rafael de Sousa Pinto, que começou a registrar vídeos sobre a sua rotina no país após a ocupação russa, cruzou a fronteira com a Polônia em meio ao conflito. O país vizinho recebeu pelo menos 29 mil pessoas vindas da Ucrânia após o começo dos ataques.
O brasileiro Leovitor dos Santos disse ter sentido os primeiros tremores das bombas em meio à invasão russa dentro da própria casa, na capital Kiev. "Minha casa tremeu com as bombas. Depois, ouvi mais umas cinco explosões. Ninguém esperava um ataque por toda a Ucrânia".
Jogadores brasileiros que atuam no Shakhtar Donetsk e no Dínamo de Kiev publicaram um vídeo em suas redes sociais pedindo ajuda ao governo brasileiro para deixarem o país. Cerca de 20 pessoas, entre atletas e familiares, estão em um hotel em Kiev.
Horas após os ataques, milhares de moradores começaram a deixar Kiev. Longas filas de carros foram registradas nesta manhã em estradas, supermercados, postos de gasolina e também em caixas eletrônicos.
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