Reportagem que liga Perillo à Delta é "infame e desleal", diz governo de Goiás
Em nota oficial divulgada na tarde desta segunda-feira (16), o governo de Goiás diz que a reportagem publicada pela revista "Época" no final de semana contendo acusações contra o governador Marconi Perillo é (PSDB) "infame e desleal".
Segundo a revista, que diz ter tido acesso a um relatório da Polícia Federal, Perillo teria um compromisso" firmado entre ele e a empresa Delta Construções, por intermédio de Carlinhos Cachoeira, assim que assumiu o cargo no ano passado.
O acerto, segundo a revista, incluiria o suposto pagamento de propina a Perillo para liberar créditos da construtora em contratos com o governo goiano.
No esquema, estaria incluída até a compra da casa do governador por Cachoeira, que, segundo a PF, foi paga com recursos da Delta. Em depoimento à CPI no último dia 12 de junho, Perillo negou qualquer envolvimento com Cachoeira ou com a Delta.
Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) planejam protocolar nesta segunda-feira um requerimento pedindo a presença de Perillo na comissão para explicar sobre o suposto "compromisso".
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está preso desde fevereiro sob suspeita de comandar um esquema criminoso que envolveria políticos e empresários. Ele chegou a ser ouvido na CPI, mas preferiu se manter calado. Fernando Cavendish é dono licenciado da construtora Delta, empresa que teria abastecido o caixa dois de partidos e detém contratos milionários com diversos governos estaduais. Juquinha é José Francisco das Neves, ex-presidente da Valec, estatal responsável pela construção de ferrovias no país. Ele chegou a ser preso por suspeita de desvio de dinheiro. Na sua gestão, ele contratou a Delta para obras na ferrovia Leste-Oeste, por R$ 574 milhões.
Leia abaixo a íntegra da nota:
"É infame e desleal a afirmação da revista Época de que houve um acerto para que o atual governo de Goiás pagasse em dia as faturas da empresa Delta. Os pagamentos mencionados pela revista referem-se a um contrato de locação de veículos, firmado pelo governo anterior, e são feitos de forma continuada, por se tratar de serviços regulares e pelo fato, também, de a atual administração cumprir rigorosa e pontualmente seus compromissos com fornecedores e prestadores de serviços.
Em relação à venda da casa, todos os relatos feitos pelos participantes da transação confirmam o que o governador Marconi Perillo afirmou desde a primeira vez que se pronunciou sobre o assunto. Nela não houve participação da Delta ou do sr. Carlos Cachoeira. Se o sr. Wladmir Garcêz tratou do assunto com mais pessoas, isto ocorreu sem o conhecimento e o assentimento do governador.
Quanto a eventuais depósitos feitos por terceiros para cobertura dos cheques dados em pagamento do imóvel, não cabe a ele, como a qualquer outra pessoa que esteja se desfazendo de um bem, investigar a origem dos recursos usados para o pagamento. Cabe, sim, aos emitentes explicá-la.
Se a reportagem fosse isenta teria informado que os pagamentos foram e são feitos com regularidade e continuaram depois da venda da casa, sem qualquer favorecimento à Delta. Época afirma também, levianamente, que a Delta entregou R$ 500 mil a um assessor de Marconi Perillo, embora em todo o processo não exista nenhuma menção a isso. A reportagem se desvia dos fatos e se apega a gravações em que o sr. Wladmir trata de uma suposta entrega de 500 mil reais a alguém no Palácio, algo que a própria Polícia Federal concluiu que não ocorreu.
Quando a revista diz que os srs. Cláudio Abreu e Cachoeira comemoram “as portas abertas” no governo de Goiás, não indica, ao contrário do que seria de esperar, que portas seriam estas nem quais benefícios a empresa teria obtido na atual administração.
Saliente-se ainda que se houvesse a intenção de produzir uma reportagem verdadeiramente isenta, Época teria ouvido em Goiás prestadores de serviços e fornecedores sobre a conduta da atual administração a respeito de contratações e pagamentos. Pelo teor da matéria conclui-se que isenção e seriedade não foram ingredientes desejados pela revista na composição da reportagem.
Em vez de buscar esclarecer em profundidade as relações da Delta com os governos federal, estaduais e municipais, a CPMI e reportagens como esta de Época continuam batendo na mesma tecla da venda da casa do governador, já exaustivamente explicada e bem entendida pelas pessoas de boa fé.
Um grupo dentro da CPMI trata de transformá-la em tribunal de exceção com um só alvo: o governador de Goiás, por ser adversário do PT."
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