O STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu nesta quarta-feira (28) a definição das penas para os 25 réus condenados no processo do mensalão e 13 deles irão para a prisão, incluindo o ex-ministro José Dirceu. Penas superiores a oito anos devem ser cumpridas em regime fechado.
Entre quatro e oito anos, as penas são cumpridas em regime semiaberto e o condenado volta para dormir na prisão. Quando forem inferiores a quatro anos, podem ser substituídas por penas alternativas, como pagamento de salário mínimo e perda de direito político. A fase para fixação das punições consumiu dez sessões da Corte. Dos 37 réus da ação penal, 12 acabaram absolvidos.
As penas ainda podem ser revistas pelos ministros até o final do julgamento, que deve ocorrer na semana que vem.
REGIME FECHADO
José Dirceu
Ex-ministro da Casa Civil no governo Lula,
José Dirceu foi condenado a
dez anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Ele terá ainda de pagar
multa de R$ 676 mil. Dirceu começará a cumprir a pena em regime fechado, mas poderá pedir a progressão de regime após 1/6 da pena, ou 1 ano e 9 meses. "Os motivos que o conduziram [Dirceu] a praticar o crime de corrupção ativa são extremamente graves. O crime foi praticado porque o governo federal não tinha a maioria na Câmara dos Deputados e o fez por meio da compra dos votos, por meio da compra dos líderes [dos partidos]", afirmou Joaquim Barbosa à época da fixação da pena.
Repercussão sobre o julgamento
Delúbio Soares
O ex-tesoureiro do PT
Delúbio Soares foi condenado a
oito anos e 11 meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, além de
multa de R$ 300 mil. "[Delúbio era] incumbido de indicar a Marcos Valério quem, quando e quanto deveria ser pago a título de propina, para efeito de corrupção no Legislativo. [Era] Estreitamente ligado a José Dirceu, comandante dessa epopeia", disse o relator.
João Paulo Cunha
O deputado federal
João Paulo Cunha (PT-SP) foi condenado a
nove anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro. Com isso, o réu terá de cumprir a pena em regime fechado, já que a condenação foi maior do que oito anos. Ele também terá de pagar multa de
R$ 360 mil.
Marcos Valério
Acusado de ser o operador do mensalão, o publicitário
Marcos Valério deve ser condenado a
40 anos, um mês e seis dias de prisão pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. Além do tempo de prisão, ele terá de pagar uma multa de
R$ 2,78 milhões. A Suprema Corte ainda precisa proclamar o voto sobre a sua
dosimetria (cálculo das penas).
Ramon Hollerbach
Ex-sócio de Valério,
Ramon Hollerbach foi condenado por evasão de divisas, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A pena total ficou em
29 anos, sete meses e 20 dias e uma
multa total de R$ 2,8 milhões.
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Cristiano Paz
O publicitário
Cristiano Paz, também ex-sócio de Valério, foi condenado a
25 anos, onze meses e 20 dias de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro. Além disso, ele terá de pagar uma multa de aproximadamente
R$ 2,5 milhões. Para o relator, Joaquim Barbosa, Paz participou de "toda uma parafernália, um mecanismo bem azeitado de desvio de recursos públicos".
Simone Vasconcelos
Ex-funcionária de Valério na agência SMP&B,
Simone Vasconcelos foi condenada a
12 anos, sete meses e 20 dias pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas. Ela também foi condenada a um ano e oito meses por formação de quadrilha, mas a pena prescreveu. Ao todo, a ré também foi multada em
R$ 374 mil.
Rogério Tolentino
Advogado de Valério e acusado de receber empréstimos fictícios que abasteceram o mensalão,
Rogério Tolentino foi condenado a
8 anos e 11 meses de prisão, mais multa de
R$ 404 mil, pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa.
Kátia Rabello
Ex-presidente do Banco Rural,
Kátia Rabello teve a sua pena fixada em
16 anos e oito meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, gestão fraudulenta e evasão de divisas, além de multa que passa de
R$ 1,5 milhão. Na época do mensalão, ela dirigia a instituição que, segundo a decisão do Supremo, colaborou para que o grupo de Marcos Valério fizesse pagamentos a parlamentares e pudesse ocultar a origem ilícita do dinheiro público desviado.
José Roberto Salgado
O ex-vice-presidente do Banco Rural
José Roberto Salgado foi condenado a
16 anos e 8 meses de prisão e multa de
R$ 926.400 pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta.
Vinícius Samarane
O terceiro réu do núcleo financeiro condenado no processo do mensalão,
Vinícius Samarane, ex-vice-presidente do Banco Rural, foi condenado a
8 anos, 9 meses e 10 dias de reclusão. Ele também deverá pagar multa no valor de
R$ 552.000 (os valores ainda deverão sofrer correção monetária).
Henrique Pizzolato
O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil
Henrique Pizzolato recebeu uma pena total de
12 anos e 7 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro e também deverá cumprir ao menos parte da pena na cadeia.
Pedro Corrêa
O deputado cassado
Pedro Corrêa (PP-PE) foi condenado a
9 anos e 5 meses de prisão e
multa de R$ 1,08 milhão no julgamento do mensalão. Ele teria recebido, junto a outros parlamentares, R$ 2,9 milhões para votar a favor de matérias do interesse do governo federal durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
REGIME SEMIABERTO
José Genoino
O ex-presidente do PT
José Genoino recebeu pena de
seis anos e 11 meses, mais
R$ 468 mil pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa e poderá cumprir a pena no regime semiaberto, que é aplicado para penas entre quatro e oito anos. Segundo o relator Barbosa, Genoino ?utilizou a estrutura e o poder do partido que presidia para, juntamente com seu tesoureiro Delúbio Soares e o réu Marcos Valério, distribuir recursos em valores extraordinariamente elevados, em espécie, destinados à compra de votos".
Roberto Jefferson
O ex-deputado federal
Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do esquema do mensalão e atual presidente licenciado do PTB, foi condenado a
7 anos e 14 dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mais pagamento de multa no valor de
R$ 688,8 mil. Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram levar em conta a contribuição de Jefferson ao revelar detalhes do escândalo e diminuíram sua pena. Com isso, em vez de regime fechado, o ex-deputado cumprirá pena no semiaberto -- pela lei, penas maiores que oito anos são cumpridas em regime fechado. Ele teve seu mandato de deputado federal cassado, em 2005, pela participação no escândalo.
Valdemar Costa Neto
O deputado
Valdemar Costa Neto (PR-SP) foi condenado a
7 anos e 10 meses de prisão, além de multa de
R$ 1,08 milhão. Para o relator, Costa Neto negociou e vendeu apoio de seu partido e ainda o beneficiou na Câmara. "O réu [Costa Neto] profissionalizou o modo de recebimento da propina". O atual deputado federal era presidente do PL (atual PR) e líder da bancada do partido na Câmara do Deputados. Ele foi absolvido por formação de quadrilha, pelo empate nos votos dos ministros. O deputado teria recebido R$ 8,8 milhões para votar a favor de matérias do interesse do governo federal.
Bispo Rodrigues
Carlos Alberto Rodrigues, conhecido na época do mensalão como Bispo Rodrigues, do PL (atual PR), foi condenado a pena em regime semiaberto foi de
6 anos e 3 meses e
multa de R$ 696 mil. Ele foi acusado de receber R$ 150 mil para votar em reformas de interesse do governo federal, em dezembro de 2003, durante o governo Lula.
Romeu Queiroz
O ex-deputado federal
Romeu Queiroz (PTB-MG) foi condenado a
6 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de multa no valor de
R$ 792 mil. Ele é acusado de ter viabilizado pagamento de R$ 4,5 milhões para o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), delator do mensalão, para que votasse a favor de matérias do interesse do governo Lula. Queiroz teria recebido, em proveito próprio, quantia de R$ 102 mil.
Pedro Henry
O deputado
Pedro Henry (PP-MT) foi condenado a
7 anos e 2 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por conta da sua participação no esquema do mensalão. Ele também foi condenado a pagar
R$ 888 mil em multa. Henry também foi denunciado por formação de quadrilha, mas acabou sendo absolvido deste delito. Segundo entendimento dos magistrados, Henry teria recebido, junto a outros parlamentares, R$ 2,9 milhões para votar a favor de matérias do interesse do governo federal no primeiro mandado de Lula.
Breno Fischberg
Ex-sócio da corretora Bônus-Banval, usada por parlamentares do PP para lavar dinheiro do esquema do mensalão,
Breno Fischberg foi condenado a
5 anos e 10 meses de reclusão pelo crime de lavagem de dinheiro, além de
R$ 528 mil de multa. Ele deve cumprir a pena no regime semiaberto, indo para a cadeia apenas para dormir.
Enivaldo Quadrado
O outro ex-sócio da corretora,
Enivaldo Quadrado, foi condenado por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e a sua pena alcançou
5 anos e 9 meses, mais
multa de R$ 26.400 e ele também poderá cumpri-la no regime semiaberto.
Jacinto Lamas
O ex-tesoureiro do PL (atual PR)
Jacinto Lamas foi condenado por lavagem de dinheiro a
5 anos de prisão, mais
R$ 240 mil de multa, e por corrupção passiva a 1 ano e 6 meses. No entanto, a pena por corrupção já está prescrita.
João Cláudio Genú
Ex-assessor do PP na Câmara,
João Cláudio Genú recebeu a pena de
7 anos e 3 meses, mais 200 dias-multa, equivalente a
R$ 480 mil, por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ele também foi condenado por corrupção passiva, mas, como a pena foi de 1 ano e 6 meses, já está prescrita. Genú teria sido beneficiado pelo esquema entre o Banco Rural e a empresa SMP&B, de Valério. Seria ainda o responsável por intermediar pagamentos a deputados do PP. Junto a eles, teria recebido cerca de R$ 4 milhões de propina.
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PENA RESTRITIVA DE DIREITO
José Borba
O ex-deputado
José Borba foi condenado a
2 anos e 6 meses de prisão pelo crime de corrupção passiva. Como a pena dá direito ao regime aberto, os ministros decidiram substitui-la por uma pena alternativa. Assim, Borba foi agora condenado ao
pagamento de 300 salários mínimos, dinheiro destinado a entidade sem fins lucrativos, e à
perda de direitos políticos -- os ministros determinaram a interdição temporária de direito político pelo prazo da pena privativa de liberdade (2 anos e 6 meses) a que foi condenado o réu, bem como a proibição do exercício de cargo ou atividade pública e perda de mandato eletivo. Como Borba atualmente é prefeito de Jandaia do Sul (PR) pelo PP, os ministros ainda devem decidir se ele perderá o mandato imediatamente ou se apenas após o trânsito em julgado da sentença. O mandato de Borba se encerra em dezembro.
Emerson Palmieri
Após ter a sua pena por corrupção passiva prescrita, o ex-tesoureiro informal do PTB
Emerson Palmieri foi condenado a
quatro anos de prisão por lavagem de dinheiro, mais 190 dias-multa. No entanto, como, pela lei, penas de até quatro anos devem ser cumpridas em regime aberto, os magistrados decidiram substituir a pena dele por duas penas restritivas de direito: a
proibição de ser nomeado para cargos públicos e o
pagamento de 150 salários mínimos para uma instituição sem fins lucrativos.
Entenda o dia a dia do julgamento
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