Se Weintraub cair, Bolsonaro minimiza crise com STF e Congresso
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, não quer deixar o governo. Tem festejado reservadamente as manifestações dos filhos do presidente Jair Bolsonaro para permanecer no cargo.
Mas os conselheiros políticos do presidente avaliam que, se o ministro sair, o governo terá mais condições de minimizar seus problemas perante o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional.
Líderes governistas ouvidos ontem pelo UOL disseram reservadamente que a saída de Weintraub seria vista como uma deferência ao Congresso.
Fernando Bezerra (MDB-PE), o líder do governo no Senado, chegou a declarar publicamente que, se fosse presidente, demitiria o ministro, ao saber que Weintraub defendeu a prisão de ministros do STF durante a reunião ministerial do dia 22 de abril.
A possibilidade de saída de Weintraub ganhou força nos bastidores de Brasília nos últimos dias, diante do inquérito em que ele é investigado por racismo e depois que foi chamado pelo ministro Alexandre Moraes a depor no inquérito das fake news.
O Senado já aprovou, inclusive, a convocação do ministro para explicar suas afirmações na reunião ministerial. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tem adiado a marcação da data do depoimento na expectativa da demissão do ministro. Alcolumbre, que é judeu, ressente-se das comparações recorrentes feitas pelo ministro da situação política no Brasil com a perseguição ao povo judaico pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi mais radical. Rompeu relações com Weintraub . "Um homem com essas qualidades não poderia ter sido ministro de pasta nenhuma, muito menos da Educação", chegou a declarar Maia sobre Weintraub.
O centrão, maior grupamento informal de partidos no Congresso, e que está formalizando seu ingresso na base de apoio político ao governo, já está de olho no cargo do ministro.
Weintraub queimou praticamente todas as suas pontes de diálogo com o Parlamento. Além de não acatar sugestões vindas dos congressistas, costuma bater boca com deputados e senadores nas vezes em que comparece ao Congresso.
As bancadas feminina e da educação na Câmara pediram reiteradamente para que adiasse o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em virtude da pandemia do coronavírus, mas, Weintraub bateu o pé de que não mudaria a prova em novembro. Só recuou após temer ser derrotado no plenário da Casa, inclusive com o centrão, novo aliado de Bolsonaro, contra ele.
Explicações ao Supremo
No Supremo, Weintraub é investigado por supostamente ter cometido racismo em uma mensagem sobre a China. Em abril, ele publicou na conta pessoal no Twitter uma capa do gibi da Turma da Mônica em que aparece a bandeira da China e a Muralha, e escreveu, imitando o jeito de falar do personagem Cebolinha, uma mensagem em que troca a letra R pelo L.
"Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PedeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", postou, numa insinuação de que a China poderia ter se beneficiado na crise do coronavírus.
A publicação foi apagada horas depois. Na época, a Embaixada da China no Brasil repudiou a mensagem.
Ontem, Weintraub foi à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre o caso — o que fez por escrito e depois de tentar sem sucesso no STF não ser ouvido. Filho do presidente, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos) escreveu uma mensagem de apoio ao ministro nas redes sociais.
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