Instituições nuas, avestruzes: colunistas do UOL comentam ato de 11/8
Realizado hoje, um ato na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), na região central da capital paulista, reuniu juristas, políticos, artistas, empresários e membros da sociedade civil para a leitura de uma carta em defesa da democracia.
O manifesto, que já ultrapassou as 900 mil assinaturas, foi inspirado na "Carta aos Brasileiros" de 1977, elaborada por juristas ligados à USP e considerada um marco no combate à ditadura militar.
Por que a carta foi escrita? A mobilização ocorreu por causa da intensificação dos ataques às urnas eletrônicas, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ao STF (Supremo Tribunal Federal) por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além da carta da USP (que pode ser lida aqui), no ato de hoje também foi feita a leitura de um manifesto organizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e assinado por mais de 100 entidades. O texto (leia aqui na íntegra) também foi em defesa da soberania do voto.
Cartinha? Bolsonaro deu ao menos oito declarações contra os manifestos. Durante convenção partidária do PP, na semana passada, ele chegou a dizer que não precisa de nenhuma "cartinha" para defender a democracia.
Dia cheio. Também nesta quinta, horas antes do ato, a pesquisa Quaest com eleitores do estado de São Paulo apontou empate técnico entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto. Para o colunista Alberto Bombig, o resultado do levantamento indica que o eleitor médio não foi afetado pelos manifestos.
Confira, abaixo, os comentários dos colunistas do UOL sobre o ato:
Na visão dos bolsonaristas, esse resultado indica que a discussão sobre democracia é muito hermética para o eleitor médio e não reverte votos para Lula. Segundo eles, o presidente avalia que nem em São Paulo, epicentro dos manifestos contra o golpismo de Bolsonaro, esse tema afetará sua intenção de voto
ALBERTO BOMBIG
Pode não estar claro para todos (ainda), mas começamos somente agora a colocar a cabeça para fora da terra, igual a avestruz ensimesmado tentando encarar o mundo de frente outra vez. Foram mais de três anos de inépcia e letargia: o gigante prostrado em cama king size, em posição fetal, enrolado em lençóis de algodão egípcio 2.500 fios
CAMILO VANNUCHI
Torna-se evidente a constatação que, exceto pelos bolsonaristas, a estabilidade democrática brasileira, considerando o bom funcionamento das instituições republicanas, o sistema eleitoral com as urnas eletrônicas e todas as garantias das liberdades individuais que compõem o Estado de Direito da República Federativa do Brasil, interessa a todas e todos os brasileiros
CESAR CALEJON
Por todo o Brasil, a sociedade civil se fez ouvir, em vários manifestos contra os ataques à democracia. Espera-se que tantos brados em favor da Constituição tenham chegado aos oficiais do topo das Forças Armadas. Mais: espera-se que tenham sabido interpretá-los
CHICO ALVES
É enganosa a percepção segundo a qual os atos irradiados a partir da Faculdade de Direito da USP são sinais de vitalidade institucional. Se os manifestos e as marchas em defesa da democracia e do Estado de Direito servem para alguma coisa é para demonstrar que as instituições estão nuas no Brasil
JOSIAS DE SOUZA
O ato desta quinta-feira 11 de agosto tem peso porque reúne empresários, políticos, intelectuais, artistas, jornalistas e cidadãos com inclinações políticas diferentes e divergentes, mas com uma concordância: é preciso mudar o rumo que o país seguiu nos últimos anos
KENNEDY ALENCAR
Faz tempo que não se vê tanto homem branco conservador apoiando uma manifestação nesse sentido (...) É relevante porque mostra que outros grupos sociais, alguns deles que apoiaram o impeachment e o Bolsonaro, começam a ficar críticos
LEONARDO SAKAMOTO
Assim como a campanha das Diretas Já foi um divisor de águas entre a ditadura e a democracia para a minha geração, este 11 de Agosto também poderá ser visto no futuro pela geração dos meus netos como o dia em que o Brasil avisou ao capitão e seus generais que este país tem dono, o povo brasileiro, e não será nunca mais uma terra de ninguém, onde impera apenas a lei do mais forte
RICARDO KOTSCHO
Sob este prisma, o aumento de R$ 39 mil para R$ 46 mil do teto do Judiciário no dia anterior da leitura da carta da Democracia é um deboche. A atitude deixa claro que está internalizada a ideia de diferentes classes de cidadãos, o que é incompatível com o ambiente democrático
MADELEINE LACSKO
Neste 11 de agosto, a democracia brasileira ainda está de pé, mas o presidente Bolsonaro dá sinais de querer destruí-la e, pelas suas falas diárias, parece estar em preparação, para o próximo 7 de setembro, um golpe de Estado
WÁLTER MAIEROVITCH
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