Queiroga diz que Doria faz 'palanque' com vacinas do governo Bolsonaro
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi ao Twitter para criticar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), após o chefe do Executivo paulista organizar um ato para dar início à vacinação de crianças contra a covid-19.
"Está com as vacinas do governo brasileiro e do povo brasileiro em mãos fazendo palanque. Acha que isso vai tirá-lo dos 3%. Desista!", escreveu Queiroga, em referência ao percentual de intenção de votos de Doria em pesquisas sobre as eleições presidenciais de 2022.
Seu marketing não vai mudar a face da sua gestão. Os paulistas merecem alguém melhor. Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, em crítica a João Doria
Durante o ato, que ocorreu no Hospital das Clínicas, na capital paulista, com a presença do governador, foram aplicadas as primeiras vacinas contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos no estado de São Paulo.
O evento teve estrutura semelhante ao ocorrido no início de janeiro do ano passado, quando, também no Hospital das Clínicas e com Doria presente, uma enfermeira se tornou a primeira pessoa no Brasil a ser vacinada contra a covid-19.
Na época, Doria também foi alvo de críticas vindas de Brasília, do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que acusou o governador de ter promovido uma "jogada de marketing" com fins "políticos" e "eleitoreiros".
Doria foi escolhido como pré-candidato do PSDB para as eleições presidenciais de 2022. Em pesquisa Ipespe divulgada hoje, o governador aparece com 2% e 3% das intenções de voto, a depender do cenário.
Caminho da vacinação
O imunizante pediátrico da Pfizer para a faixa etária foi aprovado em 16 de dezembro do ano passado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas só foi incluído no plano de vacinação da Saúde cerca de três semanas depois, em 5 de janeiro.
No período entre o aval e inclusão, Queiroga chegou a dizer que a vacinação de crianças, defendida por especialistas, não era "consensual" e, para justificar a demora, argumentou que a "pressa é inimiga da perfeição".
Ainda entre o aval da Anvisa e o anúncio da Saúde, Queiroga chegou a prever a necessidade de prescrição médica para crianças serem vacinadas e a abrir uma consulta pública sobre o tema, gerando críticas entre cientistas.
Apesar de todas as questões criadas, na manhã de ontem, em cerimônia do Ministério da Saúde para receber as primeiras doses pediátricas, Queiroga defendeu que a "vacina infantil" tem se mostrado "segura".
Mais doses
Na sequência do tuíte com críticas do governador paulista, Queiroga defendeu que as vacinas pediátricas da farmacêutica Pfizer contra a covid-19 "chegaram ao Brasil em tempo recorde".
"Logo após autorização da agência reguladora, a farmacêutica começou a produzir as doses e garantiu que esse era o melhor cronograma possível. O Ministério da Saúde garante que todos os pais que quiserem vacinar terão vacinas!", afirmou.
No total, 1,2 milhão de doses chegaram ao Brasil ontem. Segundo previsão mais atualizada, o Ministério da Saúde conta com a chegada de 30 milhões de doses da vacina pediátrica da Pfizer até o fim de março.
A população brasileira na faixa etária, porém, é de cerca de 20 milhões de crianças — e, como o imunizante pediátrico da Pfizer é de dupla aplicação, é preciso que 40 milhões de doses cheguem para que o Brasil consiga vacinar todo o público-alvo.
Atualmente, a vacina da Pfizer é a única aprovada para a faixa etária. A Anvisa, porém, está apenas aguardando o aval de especialistas para decidir sobre a liberação emergencial — ou não — da CoronaVac para o público entre 3 e 17 anos.
No início de dezembro de 2020, o Instituto Butantan, vinculado ao governo de SP e parceiro do laboratório chinês Sinovac na produção do imunizante, disse ter, em estoque, 12 milhões de doses do imunizante reservadas para a faixa etária.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.