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Tragédia em Brumadinho

Governo oficializa prazo de 3 anos para extinguir barragens como Brumadinho

Rompimento barragem de Brumadinho - reproducao TV UOL -
Rompimento barragem de Brumadinho - reproducao TV UOL

18/02/2019 08h10

Por recomendação da Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério de Minas e Energia (MME) oficializou o prazo de três anos para que barragens "a montante", como a utilizada pela Vale em Brumadinho (MG), sejam extintas. A resolução está publicada, na seção 1, página 58, no Diário Oficial da União e a medida deve ser cumprida até 15 de agosto de 2021.

"Essa resolução estabelece medidas regulatórias cautelares, objetivando assegurar a estabilidade de barragens de mineração, notadamente aquelas construídas ou alteadas pelo método denominado "a montante" ou por método declarado como desconhecido", diz o texto.

Em três meses, a diretoria colegiada da agência vai avaliar a execução das medidas."A Diretoria Colegiada da ANM, até 1º de maio de 2019, reavaliará as medidas regulatórias cautelares objeto desta resolução e, se for o caso, fará as adequações cabíveis considerando, dentre outras informações e dados, as contribuições e sugestões apresentadas na consulta pública." A decisão já havia sido tomada na última sexta-feira (15)

O que é barragem a montante, a jusante e linha de centro

A resolução detalha as diferenças entre as barragens "a montante" e "a jusante". As denominadas "a montante" consistem na existência de diques de contenção que se apoiam sobre o próprio rejeito ou sedimento previamente lançado e depositado.

O modelo "a jusante" consiste no alteamento para jusante a partir do dique inicial, onde os diques são construídos com material de empréstimo ou com o próprio rejeito.

Há ainda o método "linha de centro", variante do método a jusante, em que os alteamentos sucessivos se dão de tal forma que o eixo da barragem se mantém na posição inicial, ou seja, coincidente com o eixo do dique de partida.

Entenda a medida

  • Pela resolução, as responsáveis pelas barragens têm até 15 de agosto de 2019 para concluir a elaboração de projeto técnico de descomissionamento ou descaracterização da estrutura.
  • As empresas serão obrigadas a reforçar a barragem a jusante ou construir nova estrutura de contenção para eliminar o risco de liquefação
  • Obras de reforço da barragem a jusante ou construção de nova estrutura de contenção a jusante devem ser concluídas até 15 de fevereiro de 2020
  • Barragens a montante serão submetidas a descomissionamento ou a descaracterização até 15 de agosto de 2021

"ISSO NÃO É ACIDENTE, É UMA CHACINA"

UOL Notícias

País tem 84 barragems a montante

Há 84 barragens no modelo denominado a montante em funcionamento no país, das quais 43 são classificadas de "alto dano potencial": quando há risco de rompimento com ameaça a vidas e prejuízos econômicos e ambientais. Porém, no total são 218 barragens classificadas como de "alto dano potencial associado".

Pela resolução, as empresas responsáveis por barragens de mineração estão proibidas de construir ou manter obras nas chamadas Zonas de Autossalvamento (ZAS).

A resolução é publicada menos de um mês depois da tragédia de Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte (MG), na qual 169 pessoas morreram e ainda há 141 desaparecidos com o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão.

Brumadinho e outras tragédias

Na resolução, o MME e a ANM citam um histórico de recentes rompimentos de barragens de mineração, como a barragem B1 da Mina Retiro do Sapecado, em 10 de setembro de 2014, em Itabirito (MG).

Também mencionam a barragem de Fundão da Mina Germano, em 5 de novembro de 2015, localizada em Mariana (MG), e a última da barragem B1, da mina Córrego do Feijão, em 25 de janeiro, em Brumadinho (MG).

"Considerando que todos os episódios recentes de rompimento envolveram barragens de rejeitos construídas e alteadas pelo método construtivo "a montante" cuja eficiência e segurança são controversas", diz o texto da resolução.

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