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Tragédia em Brumadinho

Brumadinho: coordenadora do Ibama cobra da Vale pagamento de multas ambientais

Cadu Rolim - 3.fev.19/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Cadu Rolim - 3.fev.19/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Anne Warth

Em Brasília

14/02/2019 12h36

A coordenadora geral de Emergências Ambientais do Ibama, Fernanda Pirillo, cobrou nesta quinta-feira (14), que a Vale pague as multas aplicadas por órgãos ambientais pela tragédia de Brumadinho (MG). A cobrança foi feita durante audiência pública na Câmara dos Deputados, de que participa o presidente da companhia, Fábio Schvartsman. A tragédia na barragem do Córrego do Feijão no dia 25 de janeiro deixou 166 mortos e 155 desaparecidos, além de deixar um desastre ambiental.

"Aproveito a presença do presidente da Vale para sugerir que a empresa cumpra com suas obrigações e pague as multas aplicadas pelos órgãos ambientais", disse ela. "Relembro a todos que a Samarco (joint venture entre Vale e BHP Billiton) não pagou nenhuma das 26 multas aplicadas pelo Ibama desde 2015", acrescentou a coordenadora, em referência ao acidente de Mariana, em novembro de 2015, que resultou na morte de 19 pessoas.

O Ibama aplicou cinco multas de R$ 50 milhões à Vale pela tragédia de Brumadinho, totalizando R$ 250 milhões, além de uma multa diária pela ausência de ações para salvamento da fauna local. A coordenadora disse que o Ibama atua em Brumadinho desde o dia da tragédia, monitorando impactos no meio ambiente e nas aldeias indígenas da região. Segundo ela, a Vale forneceu, inicialmente, medicamentos vencidos para a população atingida.

Fernanda Pirillo disse que a Vale "perdeu o controle da situação" nos primeiros dias após a tragédia. "As equipes da Vale estavam desamparadas em campo e não tinham comando. Seus colegas de trabalho foram presos ou morreram. Relato aqui que a Vale deixou seus servidores desamparados no primeiro momento e não instalou uma ferramenta de gestão de emergências, como deveria ter sido feito e como foi determinado pelo Ibama no dia 26 de janeiro", afirmou ela.

A coordenadora disse que o relatório do Ibama será feito em conjunto com o ICMBio (Instituto Chico Mendes) e deve ser concluído até fim deste mês, com todos os impactos da tragédia. Segundo Fernanda, a legislação não obriga o Ibama a vistoriar a segurança de barragens de resíduos industriais. Mesmo assim, equipes do órgão vão fiscalizar todas as barragens licenciadas pelo órgão ambiental, em acordo com a ANM (Agência Nacional de Mineração).

"Temos somente 11 empreendimentos licenciados com barragens de rejeitos, e desses, apenas três a montante, no Mato Grosso do Sul e no Pará, que serão obviamente os primeiros a serem vistoriados. As recomendações serão repassadas aos órgãos fiscalizadores de segurança", afirmou.

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