Topo

Pagot diz que quer falar à CPI do Cachoeira

Luciana Lima e Marcos Chaga

Da Agência Brasil, em Brasília

08/06/2012 15h42

O ex-diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Luiz Antonio Pagot disse nesta sexta-feira (8) que “está à disposição” da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cachoeira para prestar depoimento.

Existem pelo menos nove requerimentos para a sua convocação que ainda não foram apreciados pelo plenário da CPI. Alguns deputados e senadores querem que esses requerimentos sejam pautados na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para quinta-feira (14).

“Estou no interior, mas ao inteiro dispor da CPI para prestar depoimento”, disse Pagot, em entrevista, por telefone, à Agência Brasil. Ele evitou falar sobre quem tem interesse em impedir seu depoimento. “Não quero falar sobre isso. Só quero mesmo dizer que estou inteiramente à disposição da CPI para prestar esclarecimentos.”

Na opinião do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pagot tem muito a contribuir com a comissão. “Ele teria que falar de imediato, pode dar detalhes sobre as relações que existem nos bastidores entre as empreiteiras e os governos estaduais”, destacou o senador. “Estamos perdendo tanto tempo com quem não quer falar. Por que não ouvir quem quer?”, questionou.

O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns integrantes da comissão após ele ter denunciado o uso de verbas públicas para formação de caixa 2 de campanhas eleitorais em São Paulo. A denúncia foi feita em entrevista à revista "IstoÉ", na qual ele se referiu a um suposto esquema de desvio de verba na obra do Rodoanel para as campanhas de José Serra à Presidência e de Geraldo Alckmin ao governo paulista em 2010.

Pagot também disse, em entrevista à revista "Época", que contrariou interesses do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso em Brasília, e da Construtora Delta quando estava à frente do Dnit.

Denúncias de corrupção

Pagot foi afastado do cargo de diretor-geral do Dnit após uma série de denúncias de corrupção no órgão, que derrubaram ainda o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) e abriram uma crise política entre o PR e a presidente Dilma Rousseff. Alfredo Nascimento reassumiu o cargo de senador depois de deixar a Esplanada dos Ministérios.

O senador Randolfe Rodrigues criticou a posição do relator Odair Cunha (PT-MG) de não pautar os requerimentos de convocação. “Tudo que tem interface com a Delta tem sido sobrestado. Esses pedidos de convocação fazem parte de um conjunto de outros requerimentos que não são colocados para serem apreciados. Não tenho como avaliar de outra forma a não ser a intenção de blindagem da Delta”, disse o senador.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), também é a favor da ida de Pagot à CPI. Ele destacou que, no primeiro dia de trabalho da comissão, apresentou um requerimento de preferência de votação e cobrou do presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a apreciação do texto.

Segundo ele, o presidente se comprometeu a colocar o pedido em análise na próxima reunião. “Não pedi só a vinda do Pagot como testemunha mas também a do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish”, acrescentou Álvaro Dias.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que na próxima segunda-feira (11) a bancada do PT na Câmara se reunirá para deliberar sobre esse assunto e outros relacionados à CPI.

“Se o relator for a favor, eu também serei”, disse Vaccarezza. “A princípio eu acho que não deveríamos chamá-lo, porque fugiria do foco da CPI. Mas, se ele quer comparecer para esclarecer alguma coisa, tem todo direito”, completou.

A Agência Brasil tentou falar, por telefone, com o relator da CPI, deputado Odair Cunha, e com o presidente Vital do Rêgo, no entanto, ainda não obteve retorno.