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Tragédia em Brumadinho

Número de mortos em Brumadinho sobe para 99; 259 estão desaparecidos

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

30/01/2019 18h21

O Corpo de Bombeiros confirmou, nesta quarta-feira (30), que pelo menos 99 pessoas morreram em decorrência da queda da barragem I da Mina do Feijão, em Brumadinho.

O número se refere ao número de corpos retirados da lama que vazou da barragem de rejeitos de minério de ferro mantida pela Vale.

As autoridades ainda informaram que outras 259 pessoas estão desaparecidas. O Instituto Médico Legal de Belo Horizonte já identificou 57 vítimas da barragem, conforme dados da Polícia Civil. 

Segundo o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil, os números estão se alterando de forma constante por conta das pessoas que ainda não foram registradas como desaparecidas. "Temos sete pontos de cadastro das pessoas, toda vez que alguém coloca um nome na lista, esse nome é retroalimentado para nossa central", disse. 

Godinho informou ainda que dez corpos foram encontrados no refeitório nas buscas desta quarta. O local ficava a poucos metros da barragem, e muitos trabalhadores almoçavam quando a estrutura despencou. "Cada corpo encontrado nós analisamos a sua posição geográfica para podermos organizar as buscas no próximo dia."

O chefe de comunicação da Polícia Militar de Minas Gerais, Major Santiago, afirmou que os bombeiros terão o reforço do Comaf (Comando de Operações em Áreas de Mananciais e Florestas), órgão vinculado ao Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) . A ideia é que os policiais auxiliem nas buscas em locais de maior dificuldade por conta de suas geografias. 

Santiago reiterou que as autoridades estão abordando as pessoas na região para identificá-las. "Mais de 300 pessoas já foram abordadas e identificadas, e nosso papel é identificar se são moradores para evitar saques", afirmou.

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AFP

Análise de DNA

Por causa do avançado estado de decomposição dos corpos, a partir de agora, o IML (Instituto Médico-Legal) passará a realizar exames da arcada dentária e de DNA para fazer a identificação das vítimas.

A Polícia Civil de Minas pediu que famílias dos desaparecidos, ao serem contatadas pelo IML, compareçam para a coleta de material genético. Também foi pedido a elas que tragam radiografias, principalmente odontológicas, de vítimas para os peritos analisem.

O delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Luiz Carlos Ferreira, pediu para que os familiares que estejam procurando pessoas desaparecidas se comuniquem apenas pelo e-mail do IML. '"A partir de hoje os familiares não devem ir mais ao IML, e sim utilizar o e-mail. Estamos utilizando as redes sociais para mostrar como se coleta o DNA, é simples e indolor", afirmou Ferreira. 

O tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, afirmou que todos os corpos que estavam na superfície da lama já foram recuperados e que o trabalho, agora, requer a realização de escavações, e pera isso é preciso que seja feito um trabalho de preparação e suporte das estruturas.

Aihara contou ainda que os equipamentos disponibilizados pelo Exército israelense foram muito importantes na primeira fase dos trabalhos da equipe de resgate, mas que agora, entrando em outra fase, alguns deles não precisaram ser mais utilizados. Mesmo assim, as tropas continuam a atuar na região, auxiliando os bombeiros. 

"Eles continuam. A previsão é que eles permanecessem até a sexta-feira", afirmou.

Chuva atrapalha buscas

Um temporal fez os bombeiros suspenderem temporariamente na tarde desta quarta-feira (30) as buscas na região do Córrego do Feijão. Nos demais locais, mesmo sob chuva, os agentes do Corpo de Bombeiros continuam em busca das vítimas, de acordo com a corporação. 

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