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Tragédia em Brumadinho

Militares israelenses deixam Brumadinho (MG) nesta quinta

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

31/01/2019 08h42Atualizada em 31/01/2019 18h57

Após quatro dias de atuação no resgate das vítimas em Brumadinho (MG), onde uma barragem de rejeitos da mineradora Vale se rompeu na sexta-feira, os militares das Forças de Defesa de Israel deixarão o Brasil nesta quinta-feira (31). O Palácio do Planalto já foi informado sobre o retorno deles, que deve acontecer às 15h.

Em nota, a embaixada de Israel no Brasil afirmou que a decisão de deixar a operação de resgate foi tomada em conjunto pelas autoridades brasileiras e o comandante israelense, e destacou que o trabalho da delegação foi elogiado.

"Em coordenação com as autoridades no Brasil e com o comandante da operação de resgate no Brasil, foi decidido que a missão da delegação israelense chegou ao seu fim com sucesso nesta etapa da operação de resgate. Os comandantes brasileiros elogiaram a delegação israelense pela grande e importante contribuição profissional para a operação de resgate. A delegação israelense transferirá a responsabilidade de maneira ordenada para a equipe de resgate brasileira e retornará a Israel."

Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, foi feita na manhã de hoje uma homenagem aos 136 militares israelenses no quartel do 12º batalhão do Exército Brasileiro. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou a sua conta no Twitter para agradecer a atuação de Israel na tragédia. 

A ajuda de Israel no desastre causado pelo rompimento da barragem da Vale foi oferecida pelo premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, ao presidente Jair Bolsonaro. Além da tropa, o exército também trouxe 16 toneladas de equipamentos para ajudar as autoridades brasileiras nas buscas. A tragédia deixou ao menos 99 pessoas mortas, além de 259 desaparecidos.

Depois do primeiro dia de buscas, o tenente-coronel da reserva de Israel Rafael Sadi conversou com o UOL e contou, em português, que ficou chocado com o que viu na cidade mineira.

Eu já vi muitos desastres, terremotos com muitas vítimas. Estive no Haiti, depois do terremoto que teve milhares de vítimas. No México também, depois de outro terremoto. Mas esse desastre aqui é muito complicado para as equipes de resgate", conta ele. "É muito difícil trabalhar na área atingida, é muito difícil de localizar as vítimas. E também é muito desgastante, fisicamente e mentalmente, para quem trabalha nas buscas, independentemente de quanta experiência a pessoa tenha", disse Rafael. A entrevista foi em português --ele fez questão de falar o idioma, apesar das dificuldades para encontrar uma palavra ou outra, para treinar a língua.

O comandante brasileiro das operações de resgate, o tenente-coronel Eduardo Ângelo, chegou a afirmar que os equipamentos trazidos pela missão "não eram efetivos para esse tipo de desastre". O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, rebateu às críticas afirmando que "há ciúmes na atuação do país".

Na segunda-feira, Shelley afirmou que o sonar trazido pelos israelenses foi usado na missão, mas a informação foi rebatida pelo tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, que declarou que as equipes ainda estavam estudando a melhor forma de empregar os equipamentos trazidos por Israel. Segundo Aihara, o material seria mais útil em áreas em que os corpos estivessem em maior profundidade na lama.

Na entrevista coletiva dada nesta quarta-feira, Aihara contou que os equipamentos disponibilizados pelo Exército israelense foram muito importantes na primeira fase dos trabalhos da equipe de resgate, mas que agora, entrando em outra fase, parte deles não precisariam ser utilizados.

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