No 3º dia da ofensiva em Gaza, Israel mobiliza 75 mil reservistas e dá sinais de que pode iniciar invasão terrestre
A ofensiva israelense na Faixa de Gaza completou nesta sexta-feira (16) seu terceiro dia com a morte, até agora, de 29 palestinos e três israelenses, em meio a sinais de uma iminente invasão terrestre, após o governo israelense ter ordenado a mobilização de 75 mil reservistas para a operação Pilar Defensivo
A autorização aconteceu durante a reunião realizada hoje em Tel Aviv pelos nove ministros mais importantes do governo, em conversa por telefone com todos os membros do Conselho de Ministros, informaram as redes de televisão israelenses.
Segundo informações dos veículos de imprensa locais, o governo não emitirá um comunicado com a decisão, e os repórteres e comentaristas das TVs locais informaram que estão impedidos de dar "toda a informação" em seu poder por motivos de censura militar.
A aprovação é um pedido do ministro da Defesa, Ehud Barak, para "ampliar a cota de reservistas além do aprovado ontem", quando era de 30 mil.
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Os 75 mil reservistas são a maior número deste tipo de combatentes mobilizados no país em décadas, muito acima dos incorporadas à guerra com o Hezbollah em 2006 e à ofensiva Chumbo Fundido em Gaza, dois anos depois.
O canal 10 da TV israelense informou que até agora foram mobilizados cerca de 20 mil, mas que é esperada a chegada de milhares de tropas entre esta noite e amanhã.
O comentarista militar do canal 10, Alon Ben David, explicou que "não vê uma situação com 70 mil soldados israelenses dentro de Gaza", número que segundo ele seria necessário em caso de tentativa de derrubar o governo do movimento islamita Hamas, no poder na faixa desde 2007.
Por enquanto, advertiu, "este não é um dos objetivos definidos para a operação".
A possível mudança de postura no governo israelense se deve aos últimos ataques das milícias palestinas contra grandes cidades no coração de Israel, entre elas Tel Aviv e Jerusalém.
Hamas fala em 29 palestinos mortos em ataques israelenses
O exército israelense intensificou nesta sexta-feira (16) os bombardeios na Faixa de Gaza, onde o número de palestinos mortos desde que começou, na última quarta-feira, a ofensiva israelense "Pilar Defensivo", subiu para 29.
A mais recente morte relatada é de um miliciano atingido por um projétil israelense quando andava de moto no centro do enclave palestino, confirmou o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza, Ashraf Al Qedra. Outro miliciano ficou ferido com gravidade no mesmo ataque.
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Segundo Qedra, entre os 29 mortos desde quarta-feira há oito crianças, duas mulheres e dois idosos. O total de palestinos feridos é de 270 desde o início da operação militar israelense, com o assassinato do líder do braço armado do Hamas, Ahmed Jaabari.
Fontes do movimento islamita em Gaza confirmaram aos jornalistas que na noite de ontem a aviação israelense realizou uma série de intensos bombardeios que tiveram como alvo, entre outros, o escritório de Assuntos Civis do Ministério do Interior do Hamas.
O último ataque com vítimas aconteceu horas depois do bombardeio no leste do campo de refugiados de Al Mughazi, que culminou com a morte de quatro pessoas, entre elas Ahmed Abu Jalal, um dos líderes das Brigadas de Izz al Din Al Qassim (braço armado do Hamas), dois de seus irmãos e um vizinho.
Cessar-fogo para visita de premiê egípcio não é respeitada pelas partes
O primeiro-ministro egípcio, Hisham Qandil, chegou nesta sexta-feira (16) em visita oficial a Gaza para mostrar sua solidariedade com o território e, para sábado, é esperada a chegada do ministro de Relações Exteriores da Tunísia, Rafik Abdel Salam.
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Durante a estada de Qandil na faixa, as duas partes deveriam ter mantido um cessar-fogo de três horas, que não foi respeitado por nenhuma delas.
Ao longo do dia, o estrondo de bombas e os assobios dos foguetes foi constante. Nas ruas da cidade de Gaza, poucos carros circulavam, número que aumentou ao anoitecer.
As milícias dispararam ao redor de 200 foguetes, a metade deles foi interceptada pelo sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro, segundo dados do Exército israelense.
Israel move tropas para fronteira com Gaza e fecha rotas de acesso à região
No campo de batalha, um jornalista da AFP viu nesta sexta (16) blindados de transportes de tropas e tanques se deslocando perto do posto fronteiriço entre Israel e a Faixa de Gaza. Além disso, uma soldado entrevistada pela Efe disse que "bases inteiras ficaram vazias" para deslocar forças à fronteira.
O Exército de Israel também bloqueou, nesta sexta-feira (16) à noite, todas as rotas principais em torno da Faixa de Gaza, anunciando que elas estão em uma zona militar fechada.
Presidente palestino diz que Israel tenta minar esforços de seu país na ONU
O presidente palestino, Mahomoud Abbas, acusou Israel nesta sexta-feira (16) de lançar uma ofensiva na Faixa de Gaza para minar seus esforços de garantir a mudança diplomática do status palestino na ONU (Organização das Nações Unidas).
Abbas, cujas forças foram expulsas de Gaza pelo Hamas em 2007, acusou Israel de instigar um "banho de sangue", dizendo a repórteres que considerava a crescente campanha militar como uma tentativa dos israelenses de minar suas manobras diplomáticas.
"Tudo o que está acontecendo tem o objetivo de bloquear nosso esforço para alcançar as Nações Unidas", disse Abbas a jornalistas.
Apesar da violência, ele disse que continuará com os planos de uma votação na Assembleia Geral da ONU até o fim do mês para dar aos palestinos a condição de "Estado observador" dentro da entidade internacional, ao invés de "entidade observadora".
Preocupado, Obama conversa com premiê turco sobre escalada da violência em Gaza
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para o primeiro-ministro turco, o islamita moderado Recep Tayyip Erdogan, nesta sexta-feira (16), para abordar a "espiral de violência" na Faixa de Gaza e ambos expressaram preocupação pela situação da população civil.
Obama e Erdogan concordaram em que "o contínuo espiral de violência põe em perigo as perspectivas de uma paz duradoura para a região", segundo um comunicado divulgado pela Casa Branca.
Além disso, Obama ressaltou seu compromisso de "avançar em direção à paz no Oriente Médio".
Os líderes compartilharam a preocupação sobre a situação da população civil de ambos os lados e expressaram "o desejo em comum de ver o fim da violência", detalhou a Casa Branca.
Antes de falar com Obama, o primeiro-ministro turco criticou Israel pelos ataques contra a Faixa de Gaza e acusou o governo do país de atuar desta forma visando as eleições.
"Antes das eleições de janeiro, estão disparando contra gente inocente em Gaza por razões inventadas", manifestou Erdogan em entrevista à imprensa em Istambul.
Secretário-geral da ONU afirma que visitará a região em breve
Outra autoridade a manifestar preocupação com a situação na Faixa de Gaza foi Ban Ki-moon, secretário-Geral da ONU.
Segundo Martin Nesirky, porta-voz de Ban, o secretário-geral da ONU faz um apelo urgente aos envolvidos para que façam todo o possível para o fim da "perigosa escalada" da violência e para "restaurar a calma" na região.
Segundo seu porta-voz, a principal preocupação de Ban Ki-moon é com a segurança e bem-estar dos civis. Ele adicionou que "um novo ciclo de derramamento de sangue não fará israelenses nem palestinos mais seguros, mutio menos abrirá portas às negociações para a solução de dois Estados."
Ban Ki-moon pretende visitar a região em breve e continua a falar com líderes regionais e internacionais, buscando um fim da violência em Gaza e Israel. (com agências internacionais)
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