Insurreição e golpe: políticos criticam Trump por incitar atos no Congresso
O que era para ser apenas um evento burocrático de oficialização do novo presidente se transformou em atos violentos com direito à invasão ao Congresso. Uma pessoa morta até o momento, dezenas foram detidas e cinco armas foram confiscadas pelas forças policiais.. Políticos e ex-comandantes de segurança responsabilizam Donald Trump por incitar seus apoiadores nas redes sociais no que foi considerado uma tentativa de golpe à democracia americana.
A sessão de hoje deveria ser a oficialização de Joe Biden e Kamala Harris como os novos presidente e vice-presidente dos EUA em uma sessão conjunta entre Congresso e Senado no Capitólio. O vice-presidente Mike Pence, leria em voz alta todos os votos do Colégio Eleitoral e abriria para ouvir objeções.
Porém, só foi possível certificar 12 dos 538 votos e, quando ocorria uma pausa para discutir uma objeção no Arizona, manifestantes invadiram o prédio do Congresso. Os parlamentares contaram que precisaram se jogar no chão e tiveram de ser evacuados do edifício. Também houve ameaça de bombas depois que vários pacotes suspeitos foram encontrados no local.
Desde ontem Trump vinha incitando seus apoiadores a marcharem para o Congresso. Ele esperava conseguir usar a sessão de hoje para reverter a sua derrota nas urnas. Primeiro apelou ao seu vice, na esperança de ele barrar a oficialização. Porém, Pence não tem poderes constitucionais para isso.
Quando viu que Pence não iria fazer a sua vontade, o presidente pediu para seus apoiadores agirem. "Mike Pence não teve a coragem de fazer o que deveria ter sido feito para proteger nosso país e nossa Constituição, dando aos estados a chance de verificar uma série de fatos verdadeiros, não os fraudulentos e incorretos que pediram a eles que confirmassem. Os EUA demandam a verdade".
A ação provocou críticas tanto de democratas quanto de colegas republicanos. Após a invasão ao Capitólio, o republicano Adam Kinzinger postou: "Isso é uma tentativa de golpe".
"Quando você não conta a verdade às pessoas, acaba fazendo com que acreditem nas conspirações e nas provas falsas e tem tempestades no Capitólio como a de hoje. Isso é absolutamente, totalmente desprezível, e cada líder republicano que grite isso com força tem que ser responsabilizado", disse em entrevista à CNN americana.
Em qualquer lugar do mundo, chamaríamos isso de tentativa de golpe. Acho que é isso."
Adam Kinzinger na CNN.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitt Romney, chamou o ato de "insurreição instigada pelo presidente". "Nós nos reunimos hoje devido ao orgulho ferido de um homem egoísta e à indignação de seus partidários a quem ele deliberadamente desinformou durante os últimos dois meses e que se mobilizou para agir esta manhã."
O que aconteceu aqui hoje foi uma insurreição, instigada pelo Presidente dos Estados Unidos."
Mitt Romney, senador republicano
O ex-chefe de polícia da capital Washington também endossou a narrativa de golpe. "Ele [Trump] os incitou e pôs tudo em movimento. Isso é o mais próximo de uma tentativa de golpe que este país já viu. É para isso que vocês estão olhando, pessoal, é isso que vocês estão olhando e é absolutamente ridículo, absolutamente ridículo, e muitas pessoas são responsáveis
Em seu pronunciamento, o presidente eleito Joe Biden foi na mesma linha de Romney ao chamar os protestos de insurreição e pediu um pronunciamento do presidente. "As palavras de um presidente importam. Não importa o quão bom ou ruim ele seja. No mínimo palavras devem inspirar. No pior dos casos, elas devem incitar".
Isso é insurreição, não um protesto. O mundo está assistindo."
Joe Biden
Até mesmo o republicano Ted Cruz, do Texas, pediu para os manifestantes pararem imediatamente. Cruz é apoiador de Trump e foi um dos senadores que prometeram utilizar recursos legais para barrar a oficialização de hoje.
"Aqueles que estão atacando o Capitólio precisam parar AGORA. A Constituição protege o protesto pacífico, mas a violência — da esquerda ou da direita — é SEMPRE errada. E aqueles que estão envolvidos na violência estão prejudicando a causa que dizem apoiar."
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