Topo

General culpa imprensa por sensação de insegurança no Rio

23.ago.2018 - O Batalhão de Choque e o Batalhão de Ação com Cães (BAC) da Polícia Militar do Rio de Janeiro realiza uma operação na comunidade da Mangueira, na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ) - Rommel Pinto/Futura Pressa/Estadão Conteúdo
23.ago.2018 - O Batalhão de Choque e o Batalhão de Ação com Cães (BAC) da Polícia Militar do Rio de Janeiro realiza uma operação na comunidade da Mangueira, na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ) Imagem: Rommel Pinto/Futura Pressa/Estadão Conteúdo

Roberta Pennafort

Rio

30/08/2018 16h30

O general do Exército Antonio Barros, responsável pelo Comando Conjunto de operações da intervenção federal do Rio, culpou setores da imprensa pelo fato de a sensação de insegurança no Rio de Janeiro não diminuir na população da cidade.

Barros explicou que algumas estatísticas mostram a queda da criminalidade no Rio de Janeiro, mas que os dados não são devidamente divulgados pelos jornalistas. Conforme os últimos dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública, braço estatístico da Secretaria de Segurança, no mês passado houve redução de 29% dos crimes contra o patrimônio na comparação com julho de 2017, quando não havia intervenção.

Outros índices que tiveram redução no mesmo período foram os roubos de veículos (29%), roubos de carga (19%), roubos de rua (12%) e latrocínios, roubos seguidos de morte, (46%). No entanto, as mortes em ações policiais dobraram em relação ao mesmo mês em 2017, e os homicídios aumentaram 9%.

"Nós temos o desafio de manter as pessoas informadas e todos os senhores (da imprensa) são muito importantes. Os índices estão caindo, se a sensação não melhora, é porque alguém não está fazendo o papel de informar, e temos de questionar", disse Barros.

O militar admitiu que os índices não são os ideais, mas disse que há uma melhora desde o início da intervenção. "Está no patamar que gostaríamos? Claro que não. Queríamos que não tivesse uma vítima, um disparo. Mas temos que ver o todo. Os problemas estão sendo abordados e resolvidos", disse o general a jornalistas que foram ao Comando Militar do Leste (CML) acompanhar visita do presidente Michel Temer (MDB). "Como nós vamos melhorar a sensação de segurança se não falamos o que está dando certo? Será que está tão ruim assim que não tem nenhum resultado positivo? Tivemos 400 carros recuperados, mais de 1000 barreiras removidas (em favelas)", explicou.

Barros lembrou que os problemas no Rio de Janeiro são antigos e que vão demorar para serem solucionados. "Quando você tem um problema de décadas e décadas, não vão ser em três meses que vamos resolver. Por que será que tem apoio da população para a intervenção?", indagou, lembrando que 66% da população apoia a intervenção federal, segundo pesquisa feita pelo Datafolha neste mês.

"O Rio não está numa situação de normalidade. De uma hora para outra, os tiroteios não vão parar. Não existe nenhuma ação que se transforme em milagre. O confronto acontece por causa da irracionalidade desses marginais", continuou. Segundo o general, o confronto no Complexo do Alemão que levou à morte três militares durou seis horas e foram feitos mais de quatro mil disparos de armas de fogo.

Dizendo-se "satisfeitíssimo", o presidente Temer afirmou mais cedo no CML que os números relativos à intervenção federal são "extraordinários", e que a aprovação popular à medida "deve ser comemorada".

Acompanhado de ministros, o presidente veio ao Rio para se encontrar com o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e o interventor, general Walter Braga Netto, e tratar da intervenção, que completou seis meses no último dia 16.

"Em que atividade do serviço público há aprovação de 66%? Deve ser comemorada. Quando ultrapassa 50% já é extremamente favorável. Estamos satisfeitíssimos por termos decretado", afirmou Temer. O presidente apontou ainda que outros estados estão requerendo ação igual.

Ele passou pela sala de monitoramento do Comando Militar do Leste, onde são visualizadas imagens de câmeras de vigilância. Em fim de mandato, Pezão não deu entrevista. A intervenção foi decretada logo depois do Carnaval, com o objetivo de reduzir a violência no estado.