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Revista britânica "The Economist" diz que Dilma reluta em exercer liderança

Roberto Stuckert Filho/PR
Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR

Do UOL, em São Paulo

21/03/2014 11h38Atualizada em 21/03/2014 12h11

Um artigo publicado na edição desta sexta-feira (21) da revista britânica “The Economist” criticou a política externa brasileira na América do Sul.

A revista critica a presidente Dilma Rousseff por sua relutância em ter uma posição mais firme em relação aos protestos na Venezuela e às parcerias econômicas dentro do Mercosul e disse que mudanças nesse cenário “provavelmente” só ocorreriam caso a oposição vença as eleições deste ano.

O artigo diz que a relutância do Brasil em ser um líder regional na América do Sul explica porque a política externa brasileira está "em apuros".

“Liderança não é um papel que Dilma Rousseff, presidente do Brasil, está inclinada a desempenhar”, diz a revista.

A publicação descreve a presidente como uma “leal aliada do eleito, mas autocrático governo de Nicolás Maduro [presidente venezuelano]”.

O artigo aponta que, diante do aprofundamento da crise econômica e política na Venezuela, o regime de Maduro tende a continuar repressivo, o que colocaria o governo do PT em uma posição delicada.

“Dado que o Partido dos Trabalhadores alega defender a democracia e os direitos humanos, [a Venezuela] é um estranho aliado”, diz.

A revista prossegue afirmando que parte do empresariado brasileiro está preocupado com a política externa brasileira em relação ao país vizinho. “Tendo feito negócios lucrativos na Venezuela, as companhias brasileira querem repatriar seus lucros e estão preocupadas que o Brasil acabe pendendo a favor de Caracas.”

O artigo diz que, independentemente das discordâncias entre membros do PT e do regime de Maduro, o governo brasileiro se manterá unido a Caracas por “solidariedade de esquerda”.

Lula

O texto pontua ainda que algumas das escolhas feitas pela política externa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocaram o Brasil em uma situação complicada.

“[Lula] declarou que o Brasil iria perseguir uma política externa mais ambiciosa e procurar um papel de liderança na América do Sul”.

Durante o início da crise econômica internacional, em 2008, a escolha parecia ter sido acertada, uma vez que o Brasil havia estreitado laços com os parceiros do Mercosul e China. No entanto, avalia o artigo, o mundo hoje é um lugar “muito mais duro” para o Brasil.

“O relacionamento com a China tem desapontado. A China falhou em dar suporte à candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança [da ONU]; fica feliz em comprar a sua soja, mas não os seus manufaturados”, diz o artigo.

A revista avalia que o Brasil ainda tem bastante “soft power” e que ele estará ainda mais em voga em 2014, por conta da Copa do Mundo, mas ressalta que, atualmente, os principais aliados do Brasil são as "ultra-protecionistas Argentina e Venezuela”.

A “The Economist” sugere que o Brasil faça acordos comerciais com a Aliança do Pacífico (bloco econômico formado por Peru, Chile, Colômbia e México), com a União Europeia e com outros parceiros, além de endurecer a cobrança pela manutenção de valores democráticos nos países vizinhos. Mas avalia que “tais mudanças são prováveis apenas se a oposição vencer [as eleições] em outubro”.