"PIBinho ridículo e vexatório" marca governo Dilma, diz Aécio ao ser eleito presidente do PSDB
Em clima de campanha, o senador Aécio Neves (MG) assumiu neste sábado (18) a presidência nacional do PSDB e foi recebido por correligionários na convenção nacional do partido, em Brasília, aos gritos de “Brasil, pra frente, Aécio presidente”.
Potencial nome à Presidência em 2014, ele chegou ao evento acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) e do governador de Goiás, Marconi Perillo. A ausência do ex-governador José Serra, que chegou só depois, foi sentida. Aécio enfrenta resistência por parte da seção paulista do PSDB, especialmente do grupo ligado a Serra.
Em seu discurso, Aécio afirmou que o PT “se conforma com a administração diária da pobreza” e disse que, se tivesse que classificar o governo da presidente Dilma Rousseff, ele se resumiria a três marcas: “PIBinho ridículo, irrisório e vexatório, a inflação saindo de controle e as obras inacabadas e estagnadas”.
Irônico, Aécio criticou a quantidade de ministérios no governo Dilma –recentemente, foi criado o 39º, o de Micro e Pequenas Empresas-- e disse que, se continuar nesse ritmo, o Sri Lanka, país do Sudeste Asiático que, segundo ele, tem 53 ministérios, passaria a vice-campeão, atrás do Brasil. “Isso não é respeitoso com a população brasileira.”
Presidente do PSDB, Aécio critica "PIBinho", Dilma e o PT
À frente da sigla, Aécio poderá viajar o país para articular internamente a sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Em uma tentativa de contornar a falta de unidade na legenda e apaziguar os ânimos, Aécio precisou negociar cargos importantes na nova direção nacional da legenda. Assim, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame (SP), ligado a Serra, foi escolhido para a Secretaria-Geral, o braço operacional do partido. E o ex-governador Alberto Goldman, também considerado serrista, deve continuar na vice-presidência.
Antes do início da convenção, Thame evitou falar em falta de unidade no partido. “É cedo para fazer qualquer atitude desagregadora.” Disse ainda que não é possível falar em nomes de candidato ao Planalto. “A definição da candidatura será natural, com a participação de todos.”
Álvaro Dias reconhece que "há ressentimentos" dentro do PSDB
O senador Álvaro Dias (PR) reconheceu que “há mágoas e ressentimentos” dentro do partido, mas que “o que prepondera é o essencial, que é a responsabilidade de oferecer um projeto de nação para o Brasil”. Indagado se o nome para 2014 está fechado, respondeu apenas que a legenda tem “muito mais do que dois nomes". "Temos lideranças expressivas em todo o país, que devem ser respeitadas”, falou.
No palco do evento, o deputado federal Carlos Sampaio (SP) fez ataques ao PT, dizendo que faltava ética aos petistas e, gritando ao microfone, afirmou que ali, na convenção, não havia “mensaleiros”.
Aliados do PSDB, o presidente do PPS, Roberto Freire, e o presidente do DEM, Agripino Maia, fizeram discursos de apoio aos tucanos e dirigiram críticas ao PT.
“Eles são a filial da matriz que deu certo. E eu prefiro ficar com a matriz”, afirmou Maia, referindo-se às políticas petistas, que, segundo Maia, são uma continuação do governo tucano.
Prefeito de Manaus, o ex-senador Arthur Virgílio defendeu que o PSDB volte as suas ações para outras regiões do país e deixe de priorizar apenas o eleitorado de São Paulo e das grandes capitais. Ele criticou ainda a inflação alta e o crescimento tímido da economia do país.
Em um discurso inflamado, Perillo fez ataques diretos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando-o de “canalha”.
“Nunca foi tão difícil ser oposição ao maior canalha deste país. Um dia eu alertei esse canalha que no governo dele havia mesada para comprar deputados e, desde então, fui escolhido ao lado de José Agripino, Arthur Virgílio e Tasso Jereissati como os seus adversários maiores”, disse, acrescentando que está no seu terceiro mandato e, aos 50 anos de idade, não tem que “se preocupar com o que fala”.
"PT não tem projeto para o Brasil", critica José Serra
Em um discurso bastante aplaudido, o ex-governador José Serra disse que o PSDB tem a missão de defender a democracia da “sanha autoritária” do PT, acrescentando que o atual governo tenta submeter o STF (Supremo Tribunal Federal) à maioria governista, fechar o acesso dos novos partidos ao fundo partidário e impedir que o Ministério Público investigue.
Ele também minimizou a falta de unidade dentro da legenda e disse que os que “estão aqui [na convenção], afinal, escolheram um lado”. “Com os olhos em 2014, vou continuar a atuar a favor da unidade.”
Serra desejou sucesso à nova direção do partido e lembrou que a Executiva Nacional tem “a responsabilidade pela construção das novas forças de oposição, de conduzir nosso partido e as oposições à vitória que o povo brasileiro merece no ano que vem”.
O tucano ressaltou que a legenda tem um “projeto de tirar o Brasil da estagnação econômica”. “Após uma década no poder, está ficando cada vez mais claro que o PT se mostrou incapaz de construir uma economia sustentável”, disse, citando problemas como inflação, deficit fiscal e perda de competitividade. “O Brasil é o lanterninha dos chamados Brics, dos países emergentes.”
O governador Geraldo Alckmin também foi na mesma linha e disse que a convenção “é a festa da unidade do PSDB.”
No seu discurso de despedida do cargo de presidente do PSDB, Sérgio Guerra ressaltou a importância de o partido se manter unido. “Essa unidade é mais do que nunca indispensável para que tenhamos chance de avançar, disputar eleições e construir um Brasil melhor.”
Segundo ele, o momento é de a sigla “reunir, somar, construir e verdadeiramente procurar os pontos de convergência”.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez duras críticas ao governo federal e disse que hoje o principal ministério é o da “desinformação e propaganda”. “Hoje existe uma voz só, a do partido, a do governo e a do Estado. Dia e noite vem sendo martelada ideologia de uma visão de um Brasil que não é real.”
O tucano ainda defendeu as privatizações feitas no seu governo e disse que, apesar de terem sido criticadas à época pelos seus adversários políticos, hoje são copiadas pelas gestões petistas. Ele citou a privatização da telefonia e acrescentou que, se não fosse por isso, o país estaria muito atrasado neste setor. “Sabe Deus em que era nós estaríamos hoje? Mas dificilmente teríamos entrado na era da internet.”
Criticou também a aprovação da medida provisória dos portos. “A lei dos portos, a qual se opuseram em 1993, a qual muito nos custou, agora fazem de maneira equivocada, não explicando a todos. Fazem atrasado.” FHC chegou a citar no seu discurso o ex-presidente Lula e, embora tenha dito que não iria “qualificá-lo”, afirmou que ele se equivocou em relação à Petrobras, por exemplo.
“Não vou qualificá-lo, foi presidente do Brasil, lutei com ele em São Bernardo. Nunca importamos tanto petróleo e faz uma política de baixar o preço da gasolina e aumentar o consumo de petróleo em vez dos combustíveis alternativos.”
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