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Ação com 3.200 militares em favelas do Rio tem 27 detidos e simulacro de fuzil apreendido

23.fev.2018 - Oficial do Exército tira foto de morador da Vila Kennedy durante operação na favela - Danilo Verpa/Folhapress
23.fev.2018 - Oficial do Exército tira foto de morador da Vila Kennedy durante operação na favela Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Do UOL, no Rio

23/02/2018 19h25

A operação das Forças Armadas nas favelas Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia, na zona oeste do Rio de Janeiro, realizada nesta sexta-feira (23), teve 27 pessoas encaminhadas para a delegacia e a apreensão de duas pistolas e um fuzil.

Também foram encontrados carregadores de arma, munição, oito radiotransmissores e uma quantidade de drogas não especificada, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Rio.

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Dentro da Vila Kennedy, os militares destruíram barricadas do tráfico, revistaram carros e solicitaram documentos de quem entrava e saía da favela.

Segundo apurou a reportagem do UOL, um posto militar foi instalado na Vila Kennedy perto de uma boca de fumo. Ainda não há informações sobre quanto tempo a base permanecerá na comunidade.

No começo da manhã, o Exército estava cadastrando e fotografando as identidades de moradores.

A ação, que contou com cerca de 3.200 militares, ocorre dois dias após criminosos assassinarem o subcomandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy, o segundo tenente Guilherme Lopes da Cruz, 26, enquanto comprava comida em um drive-thru de uma lanchonete. Ele estava envolvido na investigação do assassinato de um sargento do Exército ocorrido na terça-feira (20).

23.fev.2018 - Militares destroem barricadas do tráfico na Vila Kennedy - Luis Kawaguchi/UOL - Luis Kawaguchi/UOL
23.fev.2018 - Militares destroem barricadas do tráfico na Vila Kennedy
Imagem: Luis Kawaguchi/UOL

As Forças Armadas não esclareceram se a operação de hoje está relacionada aos dois assassinatos. Em nota, disse apenas que ela fez parte de uma programação de ações da operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), em vigor desde julho do ano passado --as ações no âmbito da intervenção federal ainda não tiveram início.

A comunidade é dominada pelo Comando Vermelho. Nas vielas às quais o UOL teve acesso na manhã de hoje, diversas pichações fazem alusão à facção, além de pregar a morte de policiais da UPP e do chamado "alemão" (inimigo de facções rivais, na gíria carioca).

Ontem, uma mulher de 63 anos foi encontrada em cativeiro após ser torturada na comunidade Kelson's, na zona norte. Segundo a Polícia Civil, traficantes desconfiaram que a idosa fosse informante dos agentes.

Vila Kennedy viveu guerra do tráfico em 2014

Apesar de contar com uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) desde 2014, a Vila Kennedy é considerada um dos bairros mais perigosos do Rio. Em outubro, o sargento reformado Gilmar Raposo foi assinado a tiros na porta de casa, na travessa Croácia.

Em 2014, uma guerra entre facções deixou vários mortos, levando a operações policiais frequentes.

Localizada na zona oeste, a cerca de 35 km do centro do Rio, a comunidade nasceu a partir de um conjunto habitacional, construído para abrigar moradores desalojados de favelas de várias regiões da cidade.

Seu nome homenageia o presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, que chegou a doar dinheiro para a construção dos primeiros prédios e de uma réplica da estátua da liberdade.