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Tragédia em Brumadinho

Corpos vão direto ao cemitério, e famílias fazem velórios simbólicos em MG

Luciana Quierati

Do UOL, em Brumadinho (MG)

30/01/2019 17h30

"Quem vai trazer ela de volta? Ela estudou tanto, e vem a Vale e carrega a minha filha assim? Essa dor nunca vai acabar", disse José Batista no velório simbólico da advogada Sirlei de Brito Ribeiro, 47, uma das 84 pessoas mortas após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG).

A cerimônia, assim como diversas outras organizadas pelos familiares, não teve o corpo da vítima no local. A barragem desabou na sexta-feira (25) e, cinco dias depois, muitos dos corpos resgatados têm de ir do IML (Instituto Médico Legal) para o cemitério.

Familiares organizam cortejos no trajeto e, muitas vezes, velórios sem corpo a ser velado. É o caso da família de Sirlei, que se reuniu na Câmara Municipal de Brumadinho na manhã desta quarta-feira (30).

O carro que transportava o corpo da advogada, em caixão lacrado, parou poucos minutos em frente ao local onde amigos e familiares se reuniam para homenageá-la. 

Também estavam presentes alunos de Sirlei. Ela coordenava o curso de direito em uma faculdade da região e era secretária de Ação Social da prefeitura de Brumadinho.

Havia sete anos, Sirlei morava em frente ao portão da Vale, no distrito de Córrego do Feijão. Por volta das 13h da última sexta-feira, teria sido avisada pelo caseiro de que a lama estava vindo e derrubando árvores, mas voltou para tentar resgatar a cachorrinha.

Sirlei é lembrada pelos amigos também pelos trabalhos sociais. Ela organizava atendimento jurídico, por meio de seus alunos, a pessoas sem condições financeiras.

"Ela trabalhava por todo mundo, por quem conhecia e por não conhecia", diz a ex-colega de escritório Cláudia Helena Belotte, 42.

Na cerimônia, também foram expostos diversos livros da área jurídica. São obras escritas por Sirlei que sobreviverão à catástrofe de que foi vítima.

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