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PMDB reelege Temer presidente, reforça aliança com PT para 2014, mas Rio gera incerteza

Marina Motomura

Do UOL, em Brasília

02/03/2013 15h42Atualizada em 02/03/2013 17h21

O vice-presidente da República Michel Temer foi reeleito para a presidência do PMDB no biênio 2013-2015 em convenção do partido neste sábado (2) em Brasília. Temer era o candidato da chapa Unidade Nacional, a única a disputar os cargos da executiva do partido. Ele comanda o partido desde 2001.

O evento reforçou a aliança do partido com o PT visando à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014.

No entanto, a disputa pelo posto de candidato da coalização ao governo do Rio de Janeiro no ano que vem ainda gera incertezas. Os pré-candidatos são o senador petista Lindbergh Farias e o peemedebista Luiz Fernando Pezão, atual vice-governador fluminense.

No total, foram 545 votos para a chapa, 14 votos contrários e 16 votos em branco.

O atual presidente em exercício do partido, Valdir Raupp (RO), foi mantido no cargo de 1º vice-presidente e continuará no comando de fato da legenda, já que Temer disse que se manterá licenciado.

Além de Temer e Raupp, a Executiva Nacional do PMDB será composta por Íris Araújo (GO) e Romero Jucá (RR) como 2º e 3º vice-presidentes. Como secretário-geral, foi eleito Mauro Lopes (MG), acompanhado de Geddel Vieira Lima (BA) e Leonardo Picciani (RJ) como 1º e 2° secretários. O tesoureiro continuará sendo Eunício Oliveira (CE), com Rodrigo Rocha Loures (PR) como tesoureiro adjunto.

Questionado sobre as eleições de 2014 após ser eleito, Temer foi lacônico. "A chapa se formará no ano que vem. Se ela dissesse mais do que ela disse seria um exagero retórico", disse sobre o discurso de Dilma. "Nós precisamos ir com calma (na campanha)".

No evento, lideranças PMDB e do PT destacaram a importância da aliança entre as siglas. Para Temer, a aliança é "indispensável a inafastável", "para o bem de todo o Brasil".

Em discurso, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, se posicionou no mesmo sentido. "Insatisfações existem, mas não podemos esquecer que o PMDB foi o partido que ensinou ao Brasil que fazendo alianças [se consegue governar]. Essa aliança é o vice-presidente Michel Temer, é a presidente Dilma Rousseff", falou Cabral. "Nós temos que ter aliança. Com respeito à diversidade, mas com um programa comum, sabendo respeitar as características de cada partido."

O senador Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, também defendeu a parceria. "Saio daqui com a certeza que o PMDB vai ajudar o Brasil, vai garantir a governabilidade. O PMDB, em todos os momentos, nas crises ou não, foi o pilar da democracia", disse Renan.

"Em 2014 vamos colher os frutos do nosso trabalho, da nossa competência. Para tornar em 2014 Michel vice-presidente e a presidenta Dilma reeleita", acrescentou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

A presidente Dilma, apesar de não ter falado explicitamente de 2014 em seu discurso, também destacou o papel da aliança e disse que ela terá "vida longa". "Hoje nós estamos dando mais um passo na nossa aliança. O PMDB é protagonista de uma as maiores coalizões formadas para governar o Brasil", declarou Dilma.

A presidente também elogiou o partido de seu vice. "O PMDB nunca faltou ao meu governo", declarou.

Estive presente no evento o presidente do PT, Rui Falcão, que leu uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que relembrou os peemedebistas históricos, como Ulysses Guimarães e Mário Covas.

Segundo o senador Valdir Raupp (RO), atual presidente em exercício da legenda, disse que esta foi uma dos mais "animadas" convenções do PMDB, com mais de mil participantes. O encontro aconteceu no centro de convenções Brasil 21, no Eixo Monumental de Brasília.

Disputa no Rio cria saia justa

Apesar da troca de afagos entre petistas e peemedebistas, a disputa antecipada pelo cargo de candidato a governador do Rio de Janeiro em 2014 criou uma saia justa entre os aliados.

No encontro de hoje, o PMDB aprovou duas moções que devem jogar mais lenha na disputa entre Lindbergh e Pezão. Uma moção, aprovada por unanimidade, define que o PMDB terá "candidatura própria a governador em todo o Brasil". Outra moção, proposta por membros do PMDB do Rio de Janeiro, impede palanque duplo. "Fica a executiva nacional com a responsabilidade de articular alianças locais que garantam palanque único, evitando palanque duplo", diz a moção aprovada.

"Nas eleições passadas, nós tivemos acho 5 Estados brasileiros em que não foi possível um palanque único, teve candidatos do PMDB a governador e também do PT. E vai ser muito difícil na próxima eleição que não aconteça o mesmo. Nós vamos tentar evitar o máximo possível palanque duplo", afirmou Raupp.

Durante a fala da presidente Dilma e em vários momentos da convenção, os militantes gritavam "Dilma, Cabral e Pezão" e "a juventude já declarou, 2014 é Pezão governador". Eles chegaram a puxar a música "Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil", mas pararam no meio.

Os principais líderes do partido não tocaram no assunto, mas o deputado Leonardo Picciani (RJ) declarou que "o Rio de Janeiro não abrirá mão de Luiz Fernando Pezão para governador em 2014". Sua candidatura é inegociável", disse o parlamentar.

"Eu acho que será impossível não ter, em alguns Estados, dois candidatos, um do PMDB disputando o governo e outro do PT. Nesse caso tem que conciliar", completou Raupp ao final da convenção.

Questionado se o Estado do Rio seria um desses casos, Raupp disse que ainda "tem água para rolar". "Rio de Janeiro tem muita água para rolar, tem muito chão pela frente, eu ainda acho possível um entendimento para que a gente possa sair com um palanque único."

Mas o presidente em exercício do partido foi enfático na manutenção da candidatura própria: "Não posso falar sobre outro partido, mas o PMDB terá com certeza absoluta candidatura própria no Rio de Janeiro e em mais 20 Estados brasileiros".

Alteração no estatuto

O PMDB também aprovou na convenção deste sábado algumas alterações em seu estatuto.

Foi dobrado o número de membros da Comissão Executiva Nacional (de 15 para 30) e os ministros e secretários municipais agora se tornaram elegíveis para as comissões executivas, o que era proibido anteriormente.

O partido também criou uma cota de 5% do fundo partidário para a criação e manutenção de programas de inclusão da participação política das mulheres.