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"Vou consolidar os avanços contra o crime e a corrupção", diz Moro ao aceitar ministério

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

01/11/2018 11h25Atualizada em 01/11/2018 13h51

O juiz federal Sergio Moro declarou que aceitou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da Justiça no novo governo para “consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior”.

Moro e Bolsonaro tiveram uma reunião de pouco mais de uma hora e meia na manhã desta quinta-feira (1º) na casa do presidente eleito no Rio. Em nota, o juiz disse que “a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos” levaram-no a tomar a decisão.

No Twitter, Bolsonaro disse que a “agenda anticorrupção" e o "respeito à Constituição” serão o "norte" da sua gestão.

Na sequência, em entrevistas a emissoras de televisão católicas, Bolsonaro disse que Moro terá liberdade na condução do ministério. "Ele vai indicar todos que virão a compor o primeiro escalão do Ministério da Justiça, entre eles o chefe da Polícia Federal", comentou. 

O juiz, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na Justiça Federal no Paraná, já indicou que irá se afastar, a partir de já, das ações que estavam sob seu comando. Ele será substituído provisoriamente pela juíza Gabriela Hardt.

Fontes do UOL apontam que ela tem perfil discreto e firme, semelhante ao de Moro. Alguns chegam a considerá-la até mais “dura” que o magistrado. “Comprometida, estudiosa, sempre atenciosa com as partes. Ao mesmo tempo que é muito séria e, ao meu ver, bastante imparcial nos julgamentos”, disse um advogado que atua em ações da Lava Jato.

A última audiência da qual Moro participou na Lava Jato aconteceu na quarta-feira (31), em que ouviu o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Na sessão, houve discussão entre o juiz e um dos advogados do parlamentar cassado.

Leia a íntegra da nota de Moro

"Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão.

Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite.

Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão.

Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior.

A Operação Lava Jato seguira em Curitiba com os valorosos juízes locais.

De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências.

Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes.

Curitiba, 01 de novembro de 2018.

Sergio Fernando Moro"