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Vazamentos da Lava Jato

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Aliados de Lula celebram decisão do STF; opositores veem êxito da corrupção

Defesa do ex-presidente Lula pretende pedir anulação de sentenças da Lava Jato com base em mensagens vazadas  - Reprodução/Facebook
Defesa do ex-presidente Lula pretende pedir anulação de sentenças da Lava Jato com base em mensagens vazadas Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

09/02/2021 19h33

As forças políticas que se opõem em relação à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela Lava Jato se evidenciaram hoje após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que liberou o compartilhamento da íntegra das mensagens vazadas da força-tarefa de Curitiba com a defesa de Lula.

Os aliados de Lula que fazem oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comemoraram, enquanto opositores do ex-presidente viram na decisão uma vitória da corrupção e da impunidade, já que o acesso às mensagens abre caminho para uma possível anulação, por exemplo, da sentença que manteve Lula preso por mais de um ano e meio.

"STF reconhece legitimidade da defesa de Lula de acessar os áudios das conversas entre Moro e os procuradores da Lava Jato. Dados mostram parcialidade de Moro em conluio com procuradores para condenar Lula. Vitória da defesa e do direito, derrota da chicana lavajatista", escreveu no Twitter a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

Gleisi lembrou que a defesa da Lula questiona a parcialidade do então juiz da Lava Jato Sergio Moro, que depois deixou a magistratura para ser ministro da Justiça de Bolsonaro. Os petistas acreditam que as mensagens podem ser o caminho para a anulação de sentenças da Lava Jato.

"Que fique provado, de uma vez por todas, que o nosso presidente Lula sofreu enorme perseguição durante a Lava Jato", afirmou a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ).

"O Supremo Tribunal Federal, ao dar acesso ao ex-presidente Lula a provas essenciais, prestigia o artigo 5º, inciso LV, da Constituição que garante o contraditório e a ampla defesa. Lula foi condenado em um processo em que não havia juiz, essa é a terrível realidade", afirmou, por sua vez, o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB).

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que já presidiu o Senado, buscou uma comparação com o futebol para elogiar a notícia, citando o ministro do STF Ricardo Lewandowski, que primeiro autorizou a defesa de Lula a acessar as mensagens com uma decisão liminar.

"Dois Lewandowskis brilham pelo mundo. O camisa 9 do Bayern marcou 2 gols e levou o time à final do mundial. Por aqui, o ministro Lewandowski do STF e a 2ª turma dão de goleada na defesa da ordem jurídica e do estado democrático de direito ao iluminar as catacumbas da Lava Jata", escreveu Calheiros.

Opositores questionam STF

Entre os opositores de Lula, o ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro Sallim Mattar lamentou decisão da Segunda Turma do STF, que liberou o acesso às mensagens por 4 votos a 1.

"Infelizmente o STF formou maioria para liberar o acesso ao ex-presidente e condenado Lula às mensagens da Lava Jato. Vitória da impunidade e dos corruptos. Perde o Brasil e os pagadores de impostos", escreveu Mattar. O ex-secretário deixou o governo em agosto do ano passado.

Já o vereador de São Paulo Fernando Holiday (Patriota) enalteceu o trabalho de Moro à frente da Lava Jato.

"Sergio Moro arriscou muito em nome da ética, como consequência acumulou diversos inimigos. Um herói solitário, cumpriu a difícil tarefa de ser justo em um mundo de corruptos", afirmou Holiday.

O vereador paulistano teve sua origem política no MBL (Movimento Brasil Livre), que tem o deputado federal Kim Kataguiri (DEM) como um de seus líderes. Em seu comentário sobre a decisão do STF, Kataguiri associou o resultado da votação na Segunda Turma como consequência da escolha de Bolsonaro por Kassio Marques na sua indicação para ministro da Corte.

"Formou-se maioria para que o STF pavimente o caminho para anulação da sentença de Lula. Nesse momento quem comemora isso são os maiores criminosos do Brasil, tudo isso com a anuência do presidente da República", afirmou o deputado, se referindo ao voto de Kassio Marques a favor do compartilhamento das mensagens.

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