O que diz a Lava Jato sobre mensagens que tratam do 'PowerPoint do Lula'
Os procuradores da força-tarefa Lava Jato do MPF-PR (Ministério Público Federal) do Paraná comentaram mensagens divulgadas ontem pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a elaboração da apresentação de denúncia contra o ex-presidente.
O gráfico, usado para divulgar as acusações no caso do tríplex do Guarujá, foi alvo de críticas, virou memes e até levou o procurador Deltan Dallagnol a admitir que poderia ter sido feito diferente.
Veja a seguir a íntegra o posicionamento dos procuradores que integraram a Lava Jato do MPF-PR.
"1. Primeiro, é importante reafirmar que os procedimentos e atos da força-tarefa da Lava Jato sempre seguiram a lei e estiveram embasados em fatos e provas. As supostas mensagens são fruto de atividade criminosa e não tiveram sua autenticidade aferida, sendo passíveis de edições e adulterações. Reafirmam os procuradores que não reconhecem as supostas mensagens, que foram editadas ou deturpadas para fazer falsas acusações que não têm base na realidade.
2. Passados quase dois anos da divulgação das supostas mensagens, jamais se constatou, em qualquer caso concreto, uma ilegalidade, o que por si só já mostra a deturpação a que foram submetidas. Toda a atuação oficial dos procuradores se dá nos autos e fica registrada. Cada informação ou prova apresentada o é com a respectiva cadeia de custódia, apontando a origem e o caminho que permitiu chegar à prova, desde as suspeitas iniciais, passando pelas decisões judiciais quando cabíveis, até a obtenção e apresentação à Justiça. Se as alegações de ilegalidades fossem verdadeiras, seriam facilmente constatáveis nos autos.
3. Conforme já explicado em diversas oportunidades, a entrevista coletiva referente à apresentação de denúncia contra o ex-presidente se inseriu no contexto de uma sequência de entrevistas coletivas em que as acusações foram apresentadas com imagens e informações de caráter explicativo. O esquema gráfico produzido para essa denúncia específica tinha por objetivo tornar compreensível aquilo que a doutrina chama de "convergência de indícios", explicando aspectos do esquema criminoso essenciais para a compreensão acerca do papel do ex-presidente nos crimes - e esses aspectos estavam todos descritos na denúncia apresentada, sendo reproduzidos a partir dela. Como resultado da denúncia, o ex-presidente foi condenado pelo crime de corrupção envolvendo dezenas de milhões de reais e pelo crime de lavagem de parte desse dinheiro por meio de apartamento tríplex. A condenação de primeiro grau foi ainda confirmada em duas instâncias independentes."
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