Tudo indica uma possível vitória de Obama nas eleições norte-americanas
As últimas pesquisas permitem prognosticar uma vitória relativamente folgada de Obama em 6 de novembro. Muitas cosias podem mudar daqui até lá, sobretudo pelos debates de outubro. Mas três elementos parecem apontar para a vitória de Obama.
Eleições 2012 nos EUA
Primeiro, graças ao voto adiantado, uma boa porcentagem, talvez 40%, votará antes. Isso já começou em muitos Estados e nesta semana precipitam-se as datas de abertura desse tipo de votação. Isso significa que o universo de eleitores sobre o qual os candidatos ainda podem influir é menor. Não desaparece totalmente, mas a maioria dos especialistas considera que quase a metade dos cidadãos terá votado antes do 6 de novembro.
Em segundo lugar, as eleições se disputam em poucos Estados por causa do peculiar sistema norte-americano do Colégio Eleitoral, uma espécie de segundo turno. Como se recordará, nos EUA não ganha quem obtém mais votos populares, mas sim quem tem mais votos no Colégio Eleitoral, composto pelos 538 eleitores repartidos por cada Estado. Em cada um é tudo ou nada: quem ganha a Califórnia fica com os votos eleitorais da Califórnia; quem ganha Vermont, o menor Estado, leva todos os seus votos no Colégio. Como alguns desses Estados sempre votam igual – como a Califórnia, Nova York, Massachusetts, pelos democratas; Texas, Alabama, Utah, para os republicanos – a eleição no fundo se disputa em certas entidades.
Os chamados Estados “oscilantes” ou “campo de batalha” são poucos: Flórida, Virgínia, Pennsylvania, Ohio, Colorado, Nevada e Wisconsin, talvez Michigan. Na pesquisa do New York Times da semana passada, Obama tinha uma vantagem de 7 a 10 pontos em Ohio, Flórida e Pennsylvania; outras pesquisas lhe dão vantagens menores porém significativas na Virgínia, Colorado e Wisconsin. Se Romney não vencer pelo menos em dois dos três primeiros Estados mencionados, não há como ele ter os 270 votos eleitorais necessários para ganhar. Por este motivo um número crescente de analistas começou a dar por certa a vitória de Obama.
O terceiro elemento reside nos resultados das pesquisas nacionais sobre o desempenho de cada candidato em âmbitos diferentes da gestão presidencial. Obama se aproxima ou passa dos 50% na maioria das pesquisas; o senso comum diz que o candidato acima de 50% um mês antes das eleições não pode perder. Mas além disso, no tema de maior importância, a saber, quem pode conduzir melhor a política econômica, Obama começa a rebaixar Romney, embora sem grande entusiasmo dos eleitores. Se isso se confirmar na próxima semana, será difícil ele perder a eleição.
Permanecem três dúvidas. Os pares norte-americanos dos “zumbis” nos Estados Unidos, a saber, a ultradireita, inventou agora um site na internet (http://unskewedpolls.com/) onde sustentam que as pesquisas publicadas buscam gerar uma sensação de que a vitória de Obama é inevitável, para retirar fundos de Romney. Dizem que se as pesquisas fossem bem feitas, mostrariam uma vantagem do republicano.
Acontece nas melhores famílias. Em segundo lugar, as pessoas mais próximas a Obama, diretamente vinculadas à participação eleitoral, temem o que se chama de “dissuasão eleitoral”: as tentativas republicanas de impedir o voto de negros, latinos e jovens, ao exigir uma identidade oficial com foto para poder votar. Convém lembrar que nos Estados Unidos não existe uma carteira de identidade nacional como na Europa, nem credencial do IFE como no México. Terceira dúvida: até onde a onda obamista pode chegar? O mais provável é que os democratas conservem a maioria no Senado, ganhando uma ou duas cadeiras, e que os republicanos mantenham sua maioria na Câmara dos Representantes. Mas se a vantagem de Obama alcança seis pontos, não é impossível que os democratas reconquistem a maioria que perderam em 2010. Todas essas são notícias magníficas para os Estados Unidos e o México.
Tradutor: Eloise De VylderJorge Castañeda
Jorge Castañeda foi chanceler do México e é autor de uma das mais extensivas biografias já publicadas sobre Che Guevara.