Atriz do SBT, Maria Gal "vira" Beyoncé em desfile da Vai-Vai sobre racismo
A atriz Maria Gal, sucesso na novela "As Aventuras de Poliana", do SBT, estreará no Anhembi com um figurino à lá Beyoncé. Ela homenageará a cantora no desfile da Vai-Vai, que levará o orgulho negro para a avenida e criticará o racismo estrutural no país.
"Fui convidada a estar no carro que vai falar sobre as barreiras que o negro passa para galgar maiores espaços e vencer na vida. Estarei como uma das pessoas homenageadas representando os negros que ultrapassaram as barreiras do racismo estrutural. O tema 'Quilombo do Futuro' é genial, pois mostra que a escola está muito antenada com os debates sobre o racismo que estão ocorrendo hoje no Brasil", elogia Maria Gal em entrevista ao UOL.
A artista vestirá uma fantasia nude inspirada no vestido usado por Beyoncé no Met Gala 2015. Ela será um dos destaques do carro representando atores e atrizes negros. Ao lado de Gal, desfilarão a empresária Rachel Maia, a escritora e filósofa Djamila Ribeiro, o ex-catador de latinhas e empresário Geraldo Rufino, a executiva de RH Patrícia Santos e o rapper Rincon Sapiência, entre outras personalidades.
"Como diz Djamila Ribeiro, acredito que se brancos e negros não tem as mesmas oportunidades isso significa que direitos foram retirados de alguns para se tornar privilégios de poucos. Trazendo esse tema, com certeza o samba da Vai-Vai irá não apenas impactar mas também sensibilizar as pessoas sobre um assunto tão complexo e que está sendo bastante discutido hoje no parâmetro social, psicológico e econômico", afirma a atriz.
A Vai-Vai será a quarta escola a entrar no Anhembi no segundo dia de desfiles do Carnaval paulistano, no próximo sábado (2). Para Maria Gal, que também comanda uma produtora para artistas negros, mostrar que o racismo está enraizado na história brasileira, em que negros foram escravizados durante mais de 300 anos, ajudará a população a lutar contra o preconceito.
"É racismo quando chegamos em alguns lugares e simplesmente não vemos negros na diretoria de grandes empresas, nos escritórios de advocacia ou na mídia. Citando de novo Djamila Ribeiro, o problema é que no Brasil neutralizou o racismo e essa invisibilidade sequer incomoda muitas pessoas. Vivemos em um país com uma educação de péssima qualidade e sem memória histórica, porém estamos no momento em que, para avançarmos economicamente e socialmente, toda a sociedade precisará se mobilizar e se reeducar sobre esse tema, pela generosidade e pelo amor ou pela dor", argumenta.
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