Josmar Jozino

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Briga entre Andinho e Vida Loka em penitenciária federal expõe racha no PCC

Uma briga na Penitenciária Federal de Brasília entre Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, dois presos da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), expõe o racha interno na maior facção criminosa do Brasil.

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) apurou que no final de agosto deste ano Vida Loka e Andinho entraram em luta corporal durante o banho de sol - ambos saíram do combate lesionados.

Andinho sofreu ferimentos no nariz, e Vida Loka, na boca. Segundo o UOL apurou, o preso Roberto Soriano, o Tiriça, considerado o número 2 na hierarquia da organização criminosa, também estava no pátio e acompanhou o confronto.

Câmeras de segurança da penitenciária registraram a briga. Autoridades e outros agentes que investigam as ações do crime organizado no país, especialmente o PCC, souberam do episódio e tiveram acesso às imagens.

Os motivos da desavença ainda não foram formalmente esclarecidos. Porém, há rumores de que a causa da agressão mútua seria uma desconfiança da cúpula do PCC de que Andinho pudesse ser informante de policiais penais federais de Brasília e de São Paulo.

13.abr.2020 - Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ao ser preso em Moçambique
13.abr.2020 - Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ao ser preso em Moçambique Imagem: Arquivo pessoal

O racha interno no PCC se intensificou em fevereiro de 2018, quando Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, da cúpula da facção, foram assassinados a tiros na região metropolitana de Fortaleza (CE), acusados de desviar dinheiro do grupo.

As investigações apontaram que Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, tido como o número 1 do PCC, comandou a matança, mas foi perdoado pelo líder, fato que desagradou Tiriça, Vida Loka e Daniel Vinícius Canônico, o Cego.

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Áudio vazado

A crise na facção ganhou mais força ainda no final de agosto deste ano, quando veio a público um áudio de Marcola conversando com um funcionário de um presídio federal, e chamando Tiriça de psicopata por ter ordenado a morte de agentes penais federais.

O áudio foi usado no júri que em 25 de agosto condenou Tiriça a mais 31 anos de prisão pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A vítima trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi assassinada a tiros na vizinha cidade de Cascavel em maio de 2017.

As autoridades apuraram também que a descoberta de um plano para matar o senador Sérgio Moro (União Brasil), em março deste ano, gerou outra briga na "sintonia restrita" da facção, responsável pela organização de atentados contra autoridades públicas.

Preso pela Polícia Federal sob a acusação de envolvimento no planejamento da empreitada criminosa, Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Patrick Velinton Salomão, o Forjado, em liberdade desde fevereiro de 2022, trocaram acusações mútuas e um culpou o outro pelo fracasso da ação.

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Mortes, expulsões e instabilidade

Segundo fontes do sistema prisional, o desentendimento mais recente na cúpula da facção criminosa envolve o preso Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, preso em abril de 2022 em Pernambuco e recolhido em presídio federal. Ele foi acusado de desviar dinheiro do PCC e já teria sido excluído mesmo sem o aval de Marcola.

A massa carcerária do PCC em São Paulo já estava insatisfeita com seus líderes por causa das mortes de outros integrantes respeitados no mundo do crime. Um deles, Edilson Borges Nogueira, o Biroska, foi assassinado em dezembro de 2017 na P-2 de Venceslau.

Os assassinatos de Nadim Georges Hanna Awad Neto, o Nadim, e Gilberto Flares Lopes Pontes, o Tobé, e as expulsões de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, e Emivaldo Silva Santos, o BH, ajudaram a gerar mais instabilidade no Primeiro Comando da Capital.

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