Topo

Região serrana do Rio entra em estado de atenção com previsão de mais chuva

Da Agência Brasil, no Rio

09/04/2012 15h32Atualizada em 09/04/2012 16h04

Teresópolis, na região serrana do Rio, encontra-se em estado de atenção, de acordo com boletim do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), divulgado há pouco. Análises meteorológicas indicam que chuvas moderadas a fortes podem atingir a região serrana ainda hoje, com possibilidade de inundação em algumas localidades. O alerta vale também para as cidades vizinhas de Nova Friburgo e Petrópolis.

Na sexta-feira (6), o município foi atingido por um forte temporal, que provocou a morte de cinco pessoas, ferimentos em 24 e ainda deixou quase mil desabrigados e desalojados. Cerca de 380 casas estão interditadas de forma permanente e há aproximadamente 10 mil moradias em áreas de risco.

A prefeitura estimula a doação de água, alimentos não perecíveis, colchonetes, toalhas de banho e fraldas infantis e geriátricas. Os donativos podem ser entregues no Ginásio Pedrão, no bairro Várzea. A Secretaria Municipal de Educação da cidade informou que dez escolas municipais foram alagadas pelo temporal da Sexta-Feira da Paixão e que duas funcionam como ponto de apoio para alojar as famílias que não podem voltar para casa.

Moradores de Teresópolis reparam danos causados pelas chuvas

Sem sirenes

Área de deslizamentos e desabamentos de casas no temporal de janeiro de 2011, a comunidade de Pimentel, em Teresópolis, na região serrana fluminense, voltou a sofrer com fortes chuvas na última semana, que provocaram deslizamentos e deixaram um morto no local. Neste ano, a situação poderia ter sido evitada, caso as sirenes instaladas pela Defesa Civil tivessem funcionado como planejado.

Mas não foi o que aconteceu. A sirene, que avisa sobre os riscos de chuva forte e deslizamentos de terra, não soou. Por isso, muitos moradores da comunidade permaneceram em suas casas, apesar do temporal e das residências estarem localizadas em área de risco.

“A chuva começou às 16h de sexta-feira. Foi uma chuva muito forte. Deu a primeira pancada, a segunda, depois continuou a chuva. Aí começaram as luzes a apagar e acender. No final, a luz apagou totalmente. O desespero foi grande. Por volta de 22h, nós subimos as ruas gritando para o pessoal descer, porque a nossa sirene deu algum problema. Foi um verdadeiro pânico aqui dentro do bairro Pimentel”, conta o presidente da Associação de Moradores, Marcos Paulo da Silva.

Segundo Silva, algumas pessoas ouviram os chamados e deixaram suas casas, deslocando-se para um ponto de apoio seguro da Defesa Civil, localizado em uma igreja. Mas nem todos. Jason da Cunha Silva resolveu ficar em casa, para desentupir a calha de seu terreno e desviar a água acumulada na parte de trás de sua casa. Foi quando o barranco atrás de sua residência deslizou sobre ele, soterrando-o

Vizinhos, como Rosimere Portela, de 38 anos, ainda tentaram ajudar a desenterrá-lo com vida, sem sucesso. “Eu estava dentro de casa, quando escutei um barulho. Olhei pela janela e vi que havia caído um pedaço do barranco. Cheguei na casa dele e um rapaz falou: 'moça, me empresta uma enxada e uma pá, porque meu filho está soterrado aqui'. Eu vim desesperada, correndo, pedindo a pá ao meu filho e desci com a pá, mas quando fui tirar ele, já tinha morrido”, afirmou Rosimere.

A própria Rosimere permaneceu em casa, com o filho, apesar da forte chuva, porque não ouviu qualquer alerta para sair. Mesma atitude tomou Ilda Pacheco da Silva, de 48 anos, que também ficou em casa porque não foi alertada.

Por pouco, Ilda não foi vítima. Um barranco desabou atrás de sua casa. “Ficamos todos deitados em cima da cama. Aí meu marido levantou e foi ver a janela. Ele disse: 'vem ver o que aconteceu aqui'. Aí eu fui para a janela. Quando eu cheguei lá tinha descido uma barreira atrás da casa. Diante disso, eu peguei meus documentos e fui para a casa da minha mãe do lado. Fiquei lá até a chuva passar. Não ouvimos nenhuma sirene”, disse.

De acordo com a prefeitura de Teresópolis, das 14 sirenes que deveriam soar na cidade, apenas quatro não soaram, entre elas a de Pimentel. Segundo a assessoria de imprensa, o acionamento é feito por SMS. Caso haja falha, núcleos comunitários de Defesa Civil têm agentes treinados para soá-las manualmente.

Não foi dada uma explicação sobre porque a sirene de Pimentel não funcionou. O prefeito Arlei Rosa diz que a Defesa Civil está vistoriando o sistema de sirenes e fará um relatório técnico ao final da vistoria.