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Roubos e homicídios caem e mortes por ação da polícia crescem em junho no Rio de Janeiro

28.jun.2018 - Policiais da UPP do Morro dos Macacos em operação. Um PM morreu durante a ação - Luis Kawaguti/UOL
28.jun.2018 - Policiais da UPP do Morro dos Macacos em operação. Um PM morreu durante a ação Imagem: Luis Kawaguti/UOL

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

17/07/2018 11h04

O número de ocorrências de roubos e assassinatos em junho de 2018 no Rio de Janeiro caiu 5% em relação a maio, mas os números de mortos em supostos confrontos com as polícias cresceu de 142 no mês anterior para 155 neste mês (alta de 9,2%).

Os dados, divulgados na manhã desta terça-feira (17) pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), também mostram que o número de mortos pela polícia cresceu 51% em relação a fevereiro (102 casos), quando teve início a intervenção federal na segurança do estado.

O total de casos de roubo registrados em junho foi de 19.501 --1.115 casos a menos que em maio. As modalidades que mais caíram foram os roubos a veículos (-8%), roubos a comércios (-16%) e roubos dentro de ônibus (-10%).

Os homicídios caíram de 419 casos em maio para 375 em junho, uma redução de 10%. Em comparação ao início da intervenção federal no Rio em fevereiro, quando foram registrados 441 casos, os assassinatos caíram cerca de 15%.

Porém, a polícia foi mais violenta. As mortes em ações policiais aumentaram 9,2% em junho em relação ao mês anterior. Em 20 de junho, uma operação da polícia no Complexo da Maré, zona norte do Rio, causou grande repercussão ao resultar em sete mortes. Na ocasião, seis suspeitos morreram em confronto com a Polícia Civil, que foi ao local com apoio de blindados das Forças Armadas para tentar cumprir 23 mandados de prisão.

O estudante Marcos Vinícius da Silva, 14, foi atingido por um disparo. Os pais dele atribuíram a morte a policiais e exibiram à imprensa o uniforme escolar do menino manchado de sangue. Ativistas de direitos humanos também criticaram o uso de um helicóptero policial para fazer disparos contra alvos no solo. A ONG Redes da Maré contabilizou mais de cem marcas de tiros em ruas e barracos da favela.

A redução dos índices de crimes contra o patrimônio e aumento da letalidade policial ocorre no momento em que a intervenção federal no Rio de Janeiro tenta reestruturar, treinar e reequipar as polícias civil e militar.

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Roubos de veículos

A modalidade de crime de roubos de veículos caiu de 4.382 casos em maio para 4.014 em junho (-8%). Foi a primeira vez desde outubro de 2016 que o número desse tipo de ocorrências ficou abaixo de 4.100 por mês.

O combate a esse tipo de crime foi uma escolha estratégica do secretário da Segurança Pública, general Richard Nunes. Segundo ele, o roubo de veículos tem que ser coibido, pois os carros roubados podem ser usados pelos criminosos para cometer outros delitos e podem gerar casos de latrocínio (roubo seguido de morte). Em junho foram registrados 11 desses casos, contra 13 no mês anterior.

Segundo o Instituto de Segurança Pública, os roubos de veículos caíram 15% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano. As maiores quedas ocorreram em uma área geográfica que forma um corredor que vai do Méier, na zona norte do Rio, até o município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense --passando pela região da Pavuna e por São João de Meriti. 

Roubos de carga

O número de roubos de carga ficou praticamente estável em junho (755) em relação ao mês anterior (752). A tendência permanece quando a comparação é feita entre junho e fevereiro (742 casos), início da intervenção, período em que houve aumento de 1,7% dos casos.

Isso ocorre apesar dos esforços da intervenção federal em coibir esse tipo de crime. Um dos principais alvos dos interventores foi o complexo de favelas do Lins, conhecido reduto de ladrões de carga na zona norte do Rio, que foi alvo de seguidas operações da polícia e das Forças Armadas desde março.

No dia 28 de junho, as Forças Armadas iniciaram uma operação de grandes proporções nos complexos do Chapadão e da Pedreira (zona norte) e lá instalaram uma base militar temporária. Quadrilhas de roubos de carga ligadas ao Comando Vermelho e ao Terceiro Comando Puro operam na região, capturando caminhões que chegam pela rodovia Presidente Dutra e os descarregando nessas favelas.

A polícia não vinha conseguindo recuperar as cargas porque as duas favelas eram protegidas por barricadas e grupos armados. A aposta das forças de segurança é de que o resultado dessas operações comece a se refletir nas estatísticas de julho.

Porém, o ISP afirmou que houve uma queda nos roubos de carga entre abril (892 casos) e maio (752). Segundo o órgão, como o número se estabilizou em junho (755), a queda não pode ser atribuída à greve nacional dos caminhoneiros, mas sim a ações policiais.

Roubo de celulares

Os roubos a celulares diminuíram de 2.301 casos em maio para 2.255 em junho (queda de 2%). Quando a comparação é com fevereiro (2.154 casos), é possível identificar uma alta de 4,6%.

A pedido do interventor Walter Souza Braga Netto, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) decidiu antecipar a implantação no Rio de um programa nacional de combate a roubo de celulares chamado “Celular Legal”.

Por meio de uma parceria entre operadoras, fabricantes de celulares e a Anatel, telefones que forem roubados e habilitados com outras linhas serão desligados após 75 dias. A ideia é tornar menos lucrativo o crime de roubo de celular.

A entrada do Rio no programa estava marcada para janeiro de 2019 e foi antecipada para setembro. O programa já entrou em vigor no Distrito Federal e em Goiás.