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Forças Armadas fazem primeira grande operação em favelas no interior do Rio

10.ago.2018 - Militares em operação em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense - Arquivo Pessoal
10.ago.2018 - Militares em operação em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense Imagem: Arquivo Pessoal

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

09/08/2018 07h12

As Forças Armadas realizam na manhã desta quinta-feira (9) a primeira grande operação de segurança no interior do estado do Rio de Janeiro desde o início da intervenção federal em fevereiro. Cerca de 650 agentes ocuparam cinco favelas da região leste do município de Campos dos Goytacazes (a 277 km da capital fluminense).

Desde o início da intervenção federal no Rio, as ações das Forças Armadas vinham se focando em áreas dominadas pelo crime organizado na capital e na região metropolitana. A ação desta quinta marca uma possível expansão das operações para pontos do interior do estado.

Com cerca de 490 mil habitantes, Campos dos Goytacazes é uma das mais importantes cidades do norte do Rio. Ela possui favelas dominadas pelas facções criminosas Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos, que controlam a venda de drogas no município.

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Participam da operação 387 militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, 150 policiais militares, 85 policiais civis e 23 agentes da Polícia Rodoviária Federal. Os militares utilizam blindados de transporte de tropas e helicópteros.

Até as 6h30, não haviam sido registrados confrontos entre criminosos e agentes de segurança.

Eles ocupam desde o início da manhã as favelas Parque Eldorado 1 e 2, Parque Santa Rosa, Parque Santa Clara e Parque Prazeres - que abrangem uma área habitada por cerca de 15 mil moradores, segundo o Comando Conjunto da intervenção.

Os agentes estão derrubando barricadas erguidas pelo crime organizado para impedir a entrada de forças policiais nas favelas e revistando pessoas e veículos. Equipes das Forças Armadas auxiliam policiais civis para cumprir mandados de prisão.

Enquanto isso, funcionários da companhia de luz escoltados pelos militares também estão desativando ligações clandestinas de energia elétrica.

As operações ostensivas em favelas são consideradas pelos interventores federais medidas emergenciais para enfraquecer o crime organizado, que por si só não resolvem o problema de segurança pública. Elas ocorrem em paralelo a ações de bastidores para reestruturar e melhorar a gestão das polícias e reequipar e treinar policiais.

As operações ocorrem desde em fevereiro em dezenas de comunidades da capital e da região metropolitana do Rio. Entre as áreas que já foram ocupadas estão Vila Kennedy, Batan, Muquiço, VIla VIntém, Chapadão, Pedreira, Cidade de Deus, Praça Seca e Complexo do Lins, na periferia da capital, e Rocinha, Vidigal, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Babilônia e Chapéu Mangueira, em bairros nobres da zona sul do Rio.

Críticos das ações dizem que elas são ineficientes pois os traficantes voltam a dominar as regiões logo depois que as Forças Armadas se retiram do local. Apoiadores dizem que é necessário fazer operações periódicas em áreas dominadas pelo crime organizado para enfraquecer as facções criminosas e evitar que expandam e consolidem o domínio do território.