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Tragédia em Brumadinho

Oito funcionários da Vale são presos em investigação sobre Brumadinho

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

15/02/2019 08h50Atualizada em 15/02/2019 20h59

Resumo da notícia

  • Segundo o MP, os 8 presos estavam diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da barragem de Brumadinho
  • Os alvos teriam participação na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo
  • Outros 4 funcionários da empresa alemã Tüv Süd, que prestou serviços para a Vale, foram alvos de busca e apreensão

Oito funcionários da Vale foram presos na manhã de hoje pela Polícia Civil de Minas Gerais em uma operação que investiga o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que pertence a empresa.

De acordo com o MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais), que pediu as prisões, todos os funcionários estavam diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da barragem, que se rompeu em 25 de janeiro. Até o momento, a tragédia deixou 166 mortos e 147 desaparecidos.

Os funcionários ficarão presos temporariamente por 30 dias, de acordo com a decisão do juiz Rodrigo Heleno Chaves, da 2ª Vara da Comarca de Brumadinho.

Por que eles foram presos?

Segundo o MP, as prisões foram determinadas por haver "razões de autoria ou participação dos investigados na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo".

Os funcionários também poderão ser responsabilizados por crimes ambientais e de falsidade ideológica. Todos os presos serão ouvidos pelo MP. 

O engenheiro da Tüv Süd Makoto Namba, preso em janeiro, indicou à PF (Polícia Federal) que foi pressionando por Alexandre Campanha, funcionário da Vale preso nesta sexta, a assinar a declaração de estabilidade da barragem. A Tüv Süd é uma empresa alemã que certificou a segurança da barragem. Segundo Namba, sabia-se da "existência de uma nascente" e que "a água excedente desta nascente corria para dentro da barragem". 

Em depoimento à PF, Campanha negou que tenha pressionando o engenheiro da certificadora.

O que diz a Vale?

Em nota, a Vale informou que considera "as prisões desnecessárias, pois os funcionários já haviam prestado depoimento de forma espontânea e sempre estiveram disponíveis para esclarecimentos às autoridades". A companhia também disse que tem apresentado documentos e informações voluntariamente e que permanecerá contribuindo com as investigações.

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Os nomes dos funcionários presos

Entre os presos, estão:

  • Joaquim Pedro de Toledo, gerente-executivo de geotecnia operacional
  • Renzo Albieri Guimarães Carvalho, integrante da gerência de geotecnia
  • Cristina Heloíza da Silva Malheiros, integrante da gerência de geotecnia
  • Artur Bastos Ribeiro, integrante da gerência de geotecnia
  • Alexandre de Paula Campanha, gerente-executivo de geotecnia corporativa
  • Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo, integrante do GRG (Gestão de Riscos Geotécnicos)
  • Hélio Márcio Lopes da Cerqueira, integrante do GRG (Gestão de Riscos Geotécnicos)
  • Felipe Figueiredo Rocha, integrante do GRG (Gestão de Riscos Geotécnicos)
Segundo a Polícia Civil, também foram apreendidos computadores, celulares e documentos diversos com os alvos da operação.

Empresa que certificou segurança também é alvo

Além das prisões, a Justiça autorizou o cumprimento de mandados de busca de apreensão contra integrantes da empresa alemã Tüv Süd, que certificou a segurança da barragem para a Vale em Brumadinho. Entre eles, estão um diretor, um gerente e dois membros da área técnica da Tüv Süd.

A sede da Vale, no Rio de Janeiro, também foi alvo de busca e apreensão.

Outros presos já foram soltos

Em 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento da barragem, três funcionários da Vale e dois engenheiros da Tüv Süd foram presos. O STJ (Superior Tribunal de Justiça), porém, determinou a soltura dos cinco detidos.

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