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Anão, Barbie, Pescador: as suspeitas por trás dos apelidos dos políticos

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Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

17/04/2017 04h00Atualizada em 17/04/2017 20h34

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na corte, determinou a abertura de inquéritos contra 8 ministros do governo do presidente Michel Temer (PMDB), além de 24 senadores e 39 deputados federais --98 políticos, no total. 

Além disso, retirou o sigilo sobre o conteúdo dos documentos entregues pela empreiteira nas delações, inclusive das planilhas que revelam apelidos ou codinomes que os políticos recebiam da Odebrecht para o pagamento de quantias que, segundo os delatores, eram repassadas como caixa dois.

Muitos dos políticos citados nas planilhas não têm foro privilegiado. Por isso, os pedidos de investigação sobre as suspeitas contra eles, feitos pela Procuradoria-Geral da República, não foram analisados pelo STF e ainda serão avaliados por outras instâncias do Poder Judiciário.

Segundo delação do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedito Júnior, conhecido como BJ, os executivos da empresa que tinham contato com os políticos definiam os apelidos.

Ao usar os codinomes, a intenção da cúpula da empresa era evitar que funcionários do “baixo clero” da Odebrecht, que executavam as ordens de pagamentos, identificassem os beneficiários, ainda segundo o delator. Como não havia regra para definição dos apelidos, políticos poderiam ganhar mais de uma alcunha.

Confira a planilha completa entregue por executivos da Odebrecht ou veja a seguir a lista com alguns políticos, seus apelidos, as suspeitas contra eles e a posição de cada um sobre as suspeitas. 

Adão Villaverde - deputado estadual (PT-RS) - Eva

O que dizem os delatores: Aparece em planilha como receptor de R$ 100 mil em doações via caixa 2 para sua campanha à Assembleia do RS em 2010. Ele não é apontado como investigado na lista do Fachin.

O que diz o político: Em contato com o UOL, Villaverde afirma que todas suas doações foram "legais, recebidas de acordo com a contabilização da campanha, com CPF, data, número de recibo e valor, sem caixa 2 ou qualquer irregularidade". Ele diz ter recebido doações que somam o valor de R$ 102 mil, que foram repassados via diretório nacional do PT e comitê estadual do partido. Ele nega ter feito qualquer pedido de doação à Odebrecht. "Não faço e nunca fiz troca de favores", disse.

Aécio Neves - senador (PSDB-MG) - Mineirinho

O que dizem os delatores: Alvo de cinco inquéritos no STF, Aécio é investigado por pagamento de vantagens indevidas em seu favor e em benefício de seus aliados políticos a pretexto de campanha eleitoral, entre outras irregularidades. Aparece como receptor de R$ 5,25 milhões para a campanha do Senado em 2010.

O que diz o político: Por meio de nota, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, diz considerar importante o fim do sigilo sobre o conteúdo das delações e afirma que “assim será possível desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta correção de sua conduta”.

Andrés Sanchez - deputado federal (PT-SP) - Timão

O que dizem os delatores: Aparece em planilha como receptor de R$ 3 milhões em doações via caixa 2 para sua campanha à Câmara em 2014. Ele não é apontado como investigado na lista do Fachin.

O que diz o político: À Folha, negou que tivesse recebido qualquer recurso da Odebrecht para sua campanha em 2014. Segundo o advogado João dos Santos Gomes Filho, "não há qualquer delação direta contra Andrés Navarro Sanchez".

Anthony Garotinho - ex-governador do Rio (PR) - Pescador/Bolinha

O que dizem os delatores: Aparece em planilha como receptor de R$ 13 milhões em doações via caixa 2 em diversas campanhas entre 2008 e 2014. Ele não é apontado como investigado na lista do Fachin.

O que diz o político: Garotinho afirmou que não está respondendo nenhum processo na Lava Jato e disse que irá "exigir que essa pessoa [delator] prove que deu esse dinheiro, porque isso não é verdade". Segundo ele, não houve qualquer dinheiro não contabilizado em campanha. Garotinho também negou qualquer prática de corrupção.

Antônio Anastasia - senador (PSDB-MG) - Dengo

O que dizem os delatores: Investigado por pagamento de vantagens indevidas a pretexto de campanha eleitoral. Narra-se o repasse de R$ 5,475 milhões. 

O que diz o político: O senador diz que nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém.

ACM Neto - prefeito de Salvador (DEM-BA) - Anão

O que dizem os delatores: Aparece em planilha como receptor de R$ 1,8 milhão em doações via caixa 2 para sua campanha à prefeitura em 2012.

O que diz o político: ACM Neto afirmou que a Odebrecht fez doação para sua campanha de 2012 através de seu partido, o Democratas. "Fato que aconteceu dentro da lei, com tudo registrado na Justiça Eleitoral. Portanto, não houve doação de caixa 2 para a nossa campanha", diz.

Antônio Palocci - ex-ministro da Fazenda (PT-SP) - Italiano

O que dizem os delatores: Acusado de ser o intermediário entre o governo Lula e a Odebrecht, recebendo R$ 128 milhões em vantagens indevidas. Ele também teria recebido US$ 650 mil em caixa 2 para a campanha à Câmara Federal em 2006.

O que diz o político: À Folha, o advogado de Palocci disse que o ex-ministro sempre negou ter intermediado pagamentos ilícitos na Odebrecht, e que cumpriu apenas seu papel de interlocução com empresários à frente da pasta da Fazenda.

Beto Mansur - deputado federal (PRB-SP) - BMW/Manso

O que dizem os delatores: Alvo de abertura de inquérito, Mansur aparece como receptor de R$ 450 mil em doações, via caixa 2, em troca de defender projetos de interesse da Odebrecht, em suas campanhas de 2010 e 2014 à Câmara. Ele não é apontado como investigado na lista do Fachin.

O que diz o político: O deputado afirma que as doações feitas por empresas para sua campanha eleitoral "foram efetuadas dentro da legislação vigente à época".

Beto Richa - governador do Paraná (PSDB) - Brigão

O que dizem os delatores: Aparece em planilha como receptor de R$ 3 milhões em doações via caixa 2 em campanhas entre 2008 e 2014.

O que diz o político: Em nota ao Paraná Portal, Richa disse desconhecer o contexto em que teve o nome citado pelos executivos. Ele afirmou que declarou à Justiça Eleitoral a origem de todos os recursos das campanhas. 

Blairo Maggi - ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (PP-MT) - Caldo

O que dizem os delatores: Recebimento de vantagem indevida em 2006 no contexto da campanha eleitoral para governador. O Grupo Odebrecht detinha créditos em relação ao Estado, decorrentes de obras públicas realizadas anteriormente, os quais, embora reconhecidos administrativa ou judicialmente, não eram honrados. O agente público estadual Éder de Moraes Dias teria solicitado o pagamento da vantagem indevida (R$ 12 milhões).

O que diz o político: Maggi disse lamentar ter seu nome "incluído numa lista de pessoas citadas em delações da Construtora Odebrecht, sem que tivesse qualquer possibilidade de acesso ao conteúdo para se defender". Maggi afirma que não recebeu doações da Odebrecht para campanhas eleitorais e que não tem relação com a empresa ou os seus dirigentes. "Tenho minha consciência tranquila de que nada fiz de errado."

Bruno Araújo - ministro das Cidades (PSDB-PE) - Jujuba

O que dizem os delatores: Acusado de receber vários repasses financeiros nos anos de 2010 e 2012, a pretexto de doação eleitoral, no valor total de R$ 600 mil, soma não contabilizada. Os delatores ainda dizem que, quando no exercício do cargo de deputado federal, o parlamentar agiu em defesa dos interesses da empresa no Congresso.

O que diz o político: O ministro admite ter solicitado doações à Odebrecht, mas diz ter seguido a legislação eleitoral para tal. "Atuei de acordo com a minha consciência", destaca ainda o ministro em nota.

Cássio Cunha Lima - senador (PSDB-PB) - Prosador

O que dizem os delatores: Em meados de 2014, o parlamentar teria solicitado e recebido, por meio de um intermediário, o valor de R$ 800 mil. A soma foi repassada ao senador, então candidato ao governo da Paraíba, com a expectativa de receber futura contrapartida e de realizar obra de saneamento naquele Estado. A operação não foi contabilizada.

O que diz o político: Afirma ter recebido uma doação da Braskem, empresa do grupo Odebrecht, na campanha eleitoral de 2014. Mas, segundo ele, essa doação foi "devidamente declarada" em sua prestação de contas. Além disso, Cunha Lima declarou que "a Odebrecht nunca fez obras no tempo em que eu fui prefeito e governador".

Celso Russomanno - deputado federal (PRB-SP) - Itacaré

O que dizem os delatores: Acusado de pagamento de vantagens no contexto da campanha à Câmara em 2010, quando houve o repasse de R$ 50 mil, quantia não contabilizada.

O que diz o político: Afirma que as doações recebidas por ele foram "oficiais". "Nunca dei nada em troca", disse.

Cesar Maia - vereador e ex-prefeito do Rio (DEM) - Déspota

O que dizem os delatores: Teria recebido junto com o filho, o deputado Rodrigo Maia, repasses via caixa 2 de R$ 950 mil para campanhas eleitorais.

O que diz o político: Negou irregularidades. "Nunca recebi um tostão da Odebrecht. Ela doava ao partido, e o partido entregava aos candidatos. Após a eleição, a abertura das contas mostrava que o partido ajudou minha campanha. Eu nunca contatei, nem pedi, nem recebi nada deles."

Dimas Fabiano Toledo - deputado federal (PP-MG) - Gordo/Filhinho

O que dizem os delatores: Acusado de receber R$ 3,5 milhões para campanhas de 2010 e 2014 em troca de vantagens para a Odebrecht.

O que diz o político: O deputado afirma que "jamais teve contato com a Odebrecht, não tendo sido destinatário de recursos pela empresa".

Edison Lobão - senador (PMDB-MA) - Esquálido

O que dizem os delatores: Acusado de ter recebido R$ 5,5 milhões em propina pela Odebrecht, com o propósito de rever o resultado do leilão da usina de Jirau para que a empreiteira assumisse o empreendimento.

O que diz o político: Em nota, por meio dos seus advogados, Edison Lobão afirmou que "repudia mais uma vez o reiterado vazamento de informações sigilosas e esclarece que está buscando o devido acesso legítimo e oficial a tais documentos perante o STF", afirmou.

Eduardo Cunha - ex-deputado federal (PMDB-RJ) - Caranguejo 

O que dizem os delatores: Teria recebido R$ 19,7 milhões, de forma ilícita, entre 2011 e 2014. A propina correspondia à parte da Odebrecht, equivalente a 1,5% do total liberado pelo FI-FGTS (Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para as empresas que detinham obras do Porto Maravilha, no Rio. Cunha teria afirmado Odebrecht no meio político que o dinheiro seria usado pelo PMDB para as eleições de 2014.

O que diz o político: A defesa de Cunha afirma que "a delação é falsa e não apresenta provas".

Eduardo Paes - ex-prefeito do Rio (PMDB) - Nervosinho

O que dizem os delatores: Junto com o deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ), teria recebido, via caixa dois, mais de R$ 18,3 milhões nas eleições de 2010, 2012 e 2014.

O que diz o político: Paes disse que "é absurda e mentirosa a acusação de que teria recebido vantagens indevidas por obras relacionadas aos Jogos Olímpicos". Ele negou ter aceito propina para facilitar ou beneficiar os interesses da Odebrecht. Paes também disse que nunca teve contas no exterior e que todos os recursos recebidos em sua campanha de reeleição foram devidamente declarados à Justiça Eleitoral.

Eliseu Padilha - ministro-chefe da Casa Civil (PMDB-RS) - Fodão/Bicuíra

O que dizem os delatores: Investigado por solicitar recursos ilícitos em nome do PMDB e de Michel Temer a pretexto de campanhas eleitorais e de fornecer vantagens indevidas associadas à execução de contrato administrativo que tinha como objeto a construção da linha 1 da Trensurb no Rio Grande do Sul. Padilha seria um dos envolvidos no esquema de cerca de R$ 8,3 milhões

O que diz o político: Em nota, Padilha disse que "confia nas instituições brasileiras, razão pela qual registra que tem certeza de que com a abertura das investigações lhe será garantida a oportunidade para exercer amplamente seu direito de defesa".

Eunício Oliveira - presidente do Senado (PMDB-CE) - Índio

O que dizem os delatores: Odebrecht teria atuado no âmbito do Congresso Nacional com o objetivo de conversão das medidas provisórias em lei. O deputado teria sido um dos beneficiários do total de R$ 164,1 milhões destinados a parlamentares do PMDB

O que diz o político: "A Justiça brasileira tem maturidade e firmeza para apurar e distinguir mentiras e versões alternativas da verdade", declarou o senador peemedebista citado na lista.

Fábio Faria - deputado federal (PSD-RN) - Garanhão/Bonitão

O que dizem os delatores: Suspeitas envolveriam contribuições eleitorais com pedido de contrapartida de favorecimento em obras no Rio Grande do Norte. O inquérito apura pagamentos ilegais de R$ 100 mil.

O que diz o político: Faria diz que confia nas instituições do nosso país e que prestará "todos os esclarecimentos à Justiça e ao Ministério Público para provar minha inocência em relação às acusações ora apresentadas".

Fernando Collor - senador (PTC-AL) - Roxinho

O que dizem os delatores: Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht teria pago R$ 800 mil para a campanha eleitoral de Collor ao Senado em 2010 em troca de vantagem indevida, notadamente na área de saneamento básico.

O que diz o político: O senador negou haver recebido da Odebrecht “qualquer vantagem indevida não contabilizada na campanha eleitoral de 2010”.

Fernando Pimentel - governador de Minas Gerais (PT) - Do Reino

O que dizem os delatores: Ex-executivos da Odebrecht que dizem ter repassado R$ 13,5 milhões a Pimentel para que ele atendesse interesses da empresa quando era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff.

O que diz o político: Em comunicado à Folha, o governador disse "jamais ter participado de qualquer ato ilícito" e se colocou à disposição "para todo e qualquer esclarecimento, sempre que apresentados os documentos nos quais se fundam as supostas acusações". Ele reafirmou ainda que "jamais recebeu qualquer benefício ou valor ilícito da Odebrecht, nem direta e nem indiretamente, por terceiros".

Frederico Antunes - deputado estadual (PP-RS) - Fodinha

O que dizem os delatores: Aparece em planilha como receptor de R$ 20 mil em doação via caixa 2 para sua campanha à Assembleia do RS em 2010.

O que diz o político: Em nota, o deputado disse estar buscando, "junto aos órgãos competentes, o que de concreto é referido onde meu nome é citado nesse tema". "Para evitar leviandade, assim que eu tiver acesso a esse material onde consta meu nome, irei prestar todas as informações necessárias", disse.

Geraldo Alckmin - governador de SP (PSDB) - Belém

O que dizem os delatores: Alckmin foi citado por três delatores da Odebrecht como receptor de R$ 10,3 milhões do departamento de propinas da Odebrecht. Segundo Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-diretor da Odebrecht, Alckmin era visto como potencial presidenciável e tinha "tratamento próximo" à empresa.

O que diz o político: O tucano nega as acusações e diz que "jamais" pediu recursos irregulares nem autorizou que o fizessem em seu nome. "Sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei", afirmou.

Gilberto Kassab - ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (PSD) - Kibe/Chefe Turco/Projeto

O que dizem os delatores: Kassab é alvo de dois inquéritos. O primeiro afirma que, no período entre os anos de 2008 a 2014, Kassab teria recebido R$ 20 milhões, a “pretexto da obtenção de vantagens pela sua condição de prefeito de São Paulo e, após, de ministro das Cidades, vantagem indevida”. No segundo, os delatores afirmaram que a Odebrecht acertou um pagamento de propina de 5% no valor de obras viárias em São Paulo no ano de 2008, quando Kassab foi reeleito prefeito.

O que diz o político: O ministro Kassab pediu “cautela com depoimentos de colaboradores, que não são provas". Ele também destaca que os atos praticados em sua campanha seguiram a legislação vigente.

Gleisi Hoffmann - senadora (PT-PR) - Amante/Coxa

O que dizem os delatores: Marcelo Odebrecht diz que o marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo, teria pedido repasses via caixa 2 para as três últimas campanhas da senadora. A quantia seria de R$ 2,65 milhões.

O que diz o político: Em nota ao Paraná Portal, a senadora Gleisi Hoffmann informou que não tem conhecimento do teor das delações e só vai se pronunciar quando tiver informações oficiais a respeito. A petista ressaltou que as prestações de contas de todas as campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Paulo Bernardo afirmou que nunca fez qualquer pedido ilícito ou teve conversas com executivos da Odebrecht.

Guido Mantega - ex-ministro da Fazenda (PT) - Pós-Itália

O que dizem os delatores: Segundo Marcelo Odebrecht, Mantega pediu R$ 100 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014. Em troca, o então ministro atuou junto ao governo e também no Congresso para a aprovação de uma medida provisória para beneficiar a Braskem, outra empresa ligada ao Grupo Odebrecht.

O que diz o político: À Folha, a defesa do ex-ministro disse que só irá se pronunciar quando obtiver acesso à íntegra dos depoimentos dos delatores da Odebrecht.

Heráclito Fortes - deputado federal (PSB-PI) - Boca Mole

O que dizem os delatores: Teria recebido doação para o caixa 2 na campanha para o Senado em 2010.

O que diz o político: O deputado afirma que irá se manifestar quando tiver conhecimento do teor do pedido de investigação.

Humberto Costa - senador (PT-PE) - Drácula

O que dizem os delatores: Teria solicitado vantagem indevida a agentes da Petrobras como contrapartida à adjudicação de contrato administrativo associado ao Plano de Ação de Certificação em Segurança, Meio Ambiente e Saúde. Ele e Delcídio do Amaral teriam pedido 3% do valor do contrato caso a Odebrecht ganhasse a licitação, sendo que foram tomadas medidas para reduzir a competição. Os dois teriam ficado com parte da propina para financiar campanhas eleitorais.

O que diz o político: O senador petista diz que já abriu mão de todos os seus sigilos e está à disposição das autoridades. Humberto Costa aguarda ter acesso aos novos documentos para reunir as informações necessárias à sua defesa. 

Iris Rezende - prefeito de Goiânia (PMDB) - Babão

O que dizem os delatores: Rezende teria recebido R$ 300 mil em caixa 2 em sua campanha ao governo de Goiás em 2010 em troca de "manter uma boa relação" com a empreiteira.

O que diz o político: O UOL procurou a assessoria de imprensa da prefeitura de Goiânia, mas não conseguiu resposta. Ao portal G1, a assessoria de comunicação do prefeito informou que "todos os recursos de suas campanhas eleitorais foram apresentados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e devidamente aprovados" e que "não tem nenhum conhecimento sobre o repasse de qualquer quantia não declarada às suas campanhas eleitorais".

Ivo Cassol - senador (PP-RO) - Massaranduba

O que dizem os delatores: Acusado de receber vantagem indevida quando era governador de Rondônia em decorrência de favorecimento nos procedimentos administrativos relativos à execução das obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.

O que diz o político: "Vejo isso como retaliação por ter sido contra a isenção de impostos nas obras", disse o senador, fazendo referência à construção das usinas de Jirau e Santo Antônio.

Jarbas Vasconcelos - deputado federal (PMDB-PE) - Viagra

O que dizem os delatores: Acusado de ter recebido R$ 2 milhões como caixa 2. O montante foi supostamente repassado pela Odebrecht à campanha de Vasconcelos ao governo do Estado em 2010.

O que diz o político: O deputado Jarbas Vasconcelos negou qualquer recebimento de doação ilegal. “Nunca fui de receber caixa 2 e muito menos propina”, afirmou.

Jorge Viana - senador (PT-AC) - Menino da Floresta

O que dizem os delatores: Teria pedido doação para o caixa 2 da campanha do irmão Tião Viana ao governo do Acre em 2010.

O que diz o político:  "Nada devemos e nada tememos. Confiamos na Justiça", diz o senador petista. Jorge Viana acrescentou ainda que vai provar na Justiça que as campanhas de 2010 foram feitas dentro da lei e com dinheiro limpo.

José Dirceu - ex-ministro-chefe da Casa Civil (PT) - Guerrilheiro

O que dizem os delatores: Teria recebido pagamentos de cerca de R$ 350 mil feitos em espécie pela empreiteira desde 2008.

O que diz o político: Advogado de José Dirceu, Roberto Podval afirmou que só vai se pronunciar após ter conhecimento da denúncia na integra.

José Serra - senador (PT-SP) - Vizinho/Careca

O que dizem os delatores: Delator relata pagamentos irregulares nas campanhas de 2004 (R$ 2 milhões, Prefeitura de SP), 2006 (R$ 4 milhões, governo de SP) e 2010 (R$ 3 milhões, Presidência da República), todas de Serra. Serra também teria recebido R$ 4,6 milhões referentes a obras do metrô de São Paulo

O que diz o político: Em nota, o senador tucano afirma que "não cometeu irregularidades em sua longa vida pública, que sempre foi pautada pela lisura, ética e transparência" e que a abertura do inquérito pelo STF é uma oportunidade de demonstrar que não cometeu nenhuma irregularidade em suas campanhas.

Júlio Lopes, deputado federal (PP-RJ) - Casa de Doido/Pavão/ Bonitinho/Velhos

O que dizem os delatores: Teria recebido cerca de R$ 12,2 milhões da Odebrecht entre propina e caixa 2, de 2010 a 2014.

O que diz o político: Lopes disse ter "total confiança nas instituições e no esclarecimento dos fatos". "Reitero que todas as minhas prestações de contas eleitorais foram aprovadas pela Justiça. Estou à disposição da Justiça para os esclarecimentos necessários."

Kátia Abreu - senadora (PMDB-TO) - Machado

O que dizem os delatores: Teria recebido pagamento de R$ 500 mil não contabilizados, na campanha eleitoral de 2014.

O que diz a senadora: Kátia afirma que, por desconhecer a decisão, não tem elementos suficientes para rebater as acusações. "Mas afirmo categoricamente que, em toda a minha vida pública, nunca participei corrupção e nunca aceitei participar de qualquer movimento de grupos fora da lei."

Lindbergh Farias - senador (PT-RJ) - Lindinho/Feio

O que dizem os delatores: Teria recebido R$ 4,5 milhões, via caixa 2, nas campanhas eleitorais de 2008 e 2010.

O que diz o político: O petista afirma confiar que as investigações irão esclarecer os fatos e que "o arquivamento será o único desfecho possível".

Luiz Fernando Pezão - governador do Rio (PMDB) - Proximus

O que dizem os delatores: Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral teriam recebido R$ 120 milhões em propina e caixa 2 em troca de facilitar a Odebrecht na obtenção das obras do PAC Favelas, no Complexo do Alemão, da Linha 4 do Metrô, ligando a Zona Sul à Barra, da reforma e concessão do Estádio do Maracanã e de outros projetos.

O que diz o político:  Em nota, Pezão afirmou que "nunca recebeu recursos ilícitos e jamais teve conta no exterior". "As doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça eleitoral."

Luiz Inácio Lula da Silva - ex-presidente do Brasil (PT) - Amigo

O que dizem os delatores: Lula foi alvo de várias acusações dos delatores da empreiteira e está em seis petições enviadas pelo STF à Justiça do Paraná. Emílio Odebrecht diz que fazia pedidos diretos, que eram recebidos, ao então presidente em favor da empresa. As acusações tratam de algumas suspeitas já conhecidas, como o recebimento de favores da empreiteira, incluindo a reforma de um sítio que seria de propriedade do ex-presidente. Ele também teria feito lobby no BNDES para beneficiar a Odebrecht em Angola.

O que diz o político: O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, afirma que é “nítido que a Força Tarefa só obteve dos delatores acusações frívolas, pela ausência total de qualquer materialidade”. Segundo ele, o que há no conteúdo das delações “são falas, suposições e ilações - e nenhuma prova” e que “as fantasiosas condutas a ele [Lula] atribuídas não configuram crime”. A nota também volta a afirmar que o ex-presidente é "vítima" de "arbitrariedades" praticadas pela Operação Lava Jato, com o objetivo de "destruir sua trajetória".

Márcio Lacerda - ex-prefeito de Belo Horizonte (PSB) - Poste

O que dizem os delatores: Aparece na planilha da Odebrecht como receptor de R$ 1 mihão, divididos em três doações (duas de R$ 250 mil e uma de R$ 500 mil), via caixa 2, em sua campanha à prefeitura de Belo Horizonte em 2012.

O que diz o político: Ao UOL, a assessoria do ex-prefeito diz que "nos depoimentos da delação não há nenhuma acusação de corrupção" contra Lacerda. "Todos os recursos recebidos pela campanha foram oficialmente declarados e não houve caixa 2. Reiteramos que durante os oito anos de sua gestão, o ex-prefeito Marcio Lacerda realizou uma administração honesta e transparente." 

Marconi Perillo - governador de Goiás (PSDB) - Patati/Padeiro

O que dizem os delatores: Teria recebido doações de caixa dois em 2010 e 2014 que somam cerca de R$ 8 milhões. Segundo o delator Fernando Reis, Perillo havia solicitado uma contribuição de R$ 50 milhões.

O que diz o político: Em nota, o governador afirmou que só irá se manifestar após conhecimento integral do teor das declarações apresentadas. Perillo também reiterou “que acredita na Justiça e que irá esclarecer qualquer eventual questionamento, mesmo porque, até o presente momento, não há qualquer inquérito autorizado pelo Poder Judiciário em tramitação no STJ, sendo impossível uma manifestação acerca de citação sem a devida contextualização”.

Marta Suplicy - senadora (PT-SP) - Barbie

O que dizem os delatores: Teria recebido R$ 500 mil, via caixa 2, em sua campanha ao Senado em 2010. O intermediário seria seu marido, o empresário Márcio Toledo.

O que diz a senadora: Em nota enviada por meio da assessoria de imprensa, a senadora afirmou que os "fatos mencionados na delação são inteiramente falsos" e que a sua conduta "sempre foi baseada nos princípios éticos que marcam toda sua vida pública".

Moreira Franco - ministro da Secretaria-Geral da Presidência (PMDB) - Primo

O que dizem os delatores: Teria solicitado recursos ilícitos em nome do PMDB e de Michel Temer a pretexto de campanhas eleitorais. Moreira Franco teria pedido R$ 4 milhões à Odebrecht quando era secretário de Aviação Civil - o delator Benedicto Barbosa da Silva Júnior diz ter pago o valor para evitar uma "retaliação na área da aviação caso pedido não fosse atendido".

O que diz o político: O ministro diz que só falará “nos autos do processo”.

Paulinho da Força - deputado federal (SD-SP) - Forte

O que dizem os delatores: Teria recebido R$ 1 milhão e outros valores em propinas da empreiteira. Segundo os delatores, Paulinho, que é da Força Sindical, recebeu dinheiro também para negociar o fim de greves.

O que diz o político: Por meio de nota, Paulinho da Força admite ter recebido R$ 1 milhão para a campanha mas não fala especificamente a respeito da origem dos recursos. "A Odebrecht doou R$ 1 milhão para o partido Solidariedade, que foi distribuído para pagamentos de campanhas entre diversos candidatos aos cargos de deputados federal e estadual. Deste montante, minha campanha ficou com exatos R$ 158.563,00, conforme registro no TSE. É importante ressaltar que minhas contas foram aprovadas pelos órgãos eleitorais responsáveis. Como presidente da Força Sindical, que representa duas mil entidades em todo o Brasil, sempre sou solicitado, por minha liderança e experiência, a ajudar a solucionar conflitos em grandes demandas trabalhistas, como no caso da greve dos portuários ou conflitos na Usina do Rio Madeira", diz o deputado no documento.

Renan Calheiros - senador (PMDB-AL) - Justiça

O que dizem os delatores: Renan é citado em quatro inquéritos no STF, envolvendo aprovação de medidas provisórias que beneficiassem a Odebrecht. O senador também seria um dos beneficiários do total de R$ 164,1 milhões em propina destinados a parlamentares do PMDB.

O que diz o político: Em nota, Renan rebateu as acusações. “A abertura dos inquéritos permitirá que eu conheça o teor das supostas acusações para, enfim, exercer meu direito de defesa sem que seja apenas baseado em vazamentos seletivos de delações. Um homem público sabe que pode ser investigado. Mas isso não significa condenação prévia ou atestado de que alguma irregularidade foi cometida. Acredito que esses inquéritos serão arquivados por falta de provas”, afirmou.

Renato Casagrande - ex-governador do ES (PSB) - Centroavante

O que dizem os delatores: Teria recebido R$ 2,55 milhões em caixa 2 em sua campanha ao governo do Estado em 2010. O delator da Odebrecht Sérgio Neves diz que uma das reuniões ocorreu dentro do Palácio Anchieta, sede do governo capixaba.

O que diz o político: Casagrande admite ter pedido recursos de campanha à Odebrecht, mas nega ter explicitado "um valor específico, muito menos que fosse por via ilegal". Ele também negou ter feito negociação referente a obras no ES, "prova disso é que a empresa não fez nenhum contrato no meu período de governo". Ele ainda afirmou que nunca tratou "de assuntos referentes à campanha eleitoral na sede do Palácio Anchieta com a Odebrecht, nem com nenhuma outra empresa". "As reuniões relatadas pelos delatores sempre abordaram assuntos institucionais e de interesse do Estado."

Rodrigo Maia - presidente da Câmara (DEM-RJ) - Botafogo

O que dizem os delatores: O parlamentar teria solicitado e recebido a soma de R$ 950 mil, a pretexto de auxílio a campanhas eleitorais dele e do pai, César Maia.

O que diz o político: O presidente da Câmara afirmou que "todas as contribuições recebidas em campanha eleitoral foram devidamente oficializadas". "Todas as doações que recebi foram solicitadas dentro da legislação, contabilizadas e declaradas à Justiça, em cumprimento à lei eleitoral. O processo vai comprovar que são falsas as citações dos delatores. Eu confio na Justiça, no Ministério Público e na Polícia Federal, e estou seguro que os fatos serão esclarecidos, e os inquéritos, arquivados", afirma.

Romero Jucá - senador (PMDB-RR) - Caju

O que dizem os delatores: Alvo de cinco inquéritos no STF, Jucá é suspeito de atuar para aprovar medidas provisórias que beneficiassem a Odebrecht. O senador também seria um dos beneficiários do total de R$ 164,1 milhões em propina destinados a parlamentares do PMDB. Em outra acusação, ele teria recebido R$ 10 milhões em troca de defender a Odebrecht de ataques do governo federal.

O que diz o político: Em nota, Jucá afirma que sempre esteve e sempre estará à disposição da Justiça para prestar qualquer informação. “Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas.” Em entrevista à CBN, negou ter recebido propina em troca de apoio no Congresso. "Chegou-se ao cúmulo dizer que eu beneficiei empresas com Mps. Quem fala em compra de MPs não conhece como funciona o governo e o Congresso." Jucá ainda afirmou que "criou-se uma calúnia coletiva" contra a classe política.

Sandro Mabel - ex-deputado federal (PMDB-GO) - Biscoito/Torrada

O que dizem os delatores: Mabel teria participado do grupo parlamentar que teria recebido R$ 50 milhões em troca de atuar em favor de interesses da construtora. Além disso, Mabel recebeu R$ 140 mil via caixa 2 em sua campanha à Câmara em 2010, segundo os delatores. Ele não é apontado como investigado na lista do Fachin.

O que diz o político: O UOL procurou o ex-deputado por meio de seu perfil no Facebook, mas não recebeu resposta. Ao jornal "O Popular", o político disse que "não viu seu nome na lista do Fachin, até porque não teria que estar".

Sérgio Cabral - ex-governador do Rio (PMDB) - Proximus

O que dizem os delatores: Cabral e seu então vice-governador, Luiz Fernando Pezão, teriam recebido R$ 120 milhões em propina e caixa 2 em troca de facilitar a Odebrecht na obtenção das obras do PAC Favelas, no Complexo do Alemão, da Linha 4 do Metrô, ligando a Zona Sul à Barra, da reforma e concessão do Estádio do Maracanã e de outros projetos.

O que diz o político: A defesa de Sérgio Cabral informou que só se manifestará sobre as acusações em juízo. 

Tião Viana - governador do AC (PT) - Menino da Floresta

O que dizem os delatores: Teria recebido R$ 30 mil na campanha de 2010 do grupo Odebrecht por meio de caixa 2.

O que diz o político: O petista disse ter recebido com "surpresa" a notícia de que seu nome estava na lista. "Me delataram dizendo que eu recebi, há sete anos, em 2010, a quantia de 30 mil reais. Não 30 milhões, pessoal, 30 mil, em duas parcelas de R$ 15 mil, para a minha campanha", disse o deputado, que afirmou que vai se "defender com unhas e dentes" do que classificou como uma "tentativa de me enquadrar em uma lei eleitoral de falsidade ideológica".

Yeda Crusius - deputada federal (PSDB-RS) - Balzac

O que dizem os delatores: A Braskem, empresa controlada pelo Grupo Odebrecht, teria feito o pagamento de vantagens na campanha eleitoral da deputada em 2006 e 2010, chegando a R$ 1,5 milhão.Os repasses tinham o objetivo de que a Braskem permanecesse recuperando créditos de ICMS do Rio Grande do Sul.

O que diz a deputada:  A deputada afirmou que “transparência é fundamental” e que espera que a conclusão dos inquéritos separe o joio do trigo. ”Caso contrário, cria-se a imagem de que todos os políticos são iguais. E não somos”